A floresta portuguesa está a desaparecer a um ritmo mais devastador do que a floresta amazónica. Os números assim o provam em 10 anos foram queimados 800 mil dos 2,5 milhões de hectares de floresta pura. No total, e se a contagem abranger os últimos 20 anos e todo o território, contabilizam-se 2,8 milhões de hectares consumidos.
"Estamos a perder a guerra mas continuamos a cultivar heróis e a fechar os olhos à dimensão real do problema", afirmou ao DN Pedro Almeida Vieira, um investigador na área dos incêndios florestais. "Ainda temos floresta, mas com este ritmo não vamos ter por muito mais tempo", acrescenta.
O cenário é desolador, e a prevenção um fracasso este ano, 80% da área ardida situa-se nas zonas já assinaladas como de risco alto e muito alto. A cartografia foi traçada em Maio mas pouco se fez para evitar o pior. O Governo recusa críticas à falta de meios e coordenação e diz que o sistema funciona. Mas 240 mil hectares já foram reduzidos a cinzas, perspectivam-se mais dias trágicos e caminhamos a passos largos para os registos de 2003. Para os especialistas ouvidos pelo DN o balanço é simples: "Correu tudo mal. Como nos últimos anos." E alertam: a floresta não suporta mais dois ou três anos assim.
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