sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Um poema de José Craveirinha

Posted by Picasa José Craveirinha (1922 - 2003)
Grito Negro Eu sou carvão! E tu arrancas-me brutalmente do chão e fazes-me tua mina, patrão. Eu sou carvão! E tu acendes-me, patrão, para te servir eternamente como força motriz mas eternamente não, patrão. Eu sou carvão e tenho que arder sim; queimar tudo com a força da minha combustão. Eu sou carvão; tenho que arder na exploração arder até às cinzas da maldição arder vivo como alcatrão, meu irmão, até não ser mais a tua mina, patrão. Eu sou carvão. Tenho que arder Queimar tudo com o fogo da minha combustão. Sim! Eu sou o teu carvão, patrão.
NOTA: José Craveirinha nasceu em Maputo, em 1922, filho de pai português, branco, e de mãe negra, tendo falecido em 2003. Segundo alguns críticos, foi o maior poeta africano de expressão portuguesa.

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