terça-feira, 16 de agosto de 2005

Um artigo de Sarsfield Cabral, no DN

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Sharon, "pai dos colonatos judaicos" em terra palestiniana, prometeu na campanha eleitoral de 2001 não retirar de Gaza. No entanto, está agora a fazê-lo, enfrentando violentos protestos à sua direita. "Não podemos governar milhões de palestinianos, cuja população duplica de geração em geração", explicou Sharon há um ano. Ao invés da retirada do Sinai em 1982, esta é uma iniciativa unilateral de Israel, desligada de qualquer processo de paz. Nem ajudará a criar um Estado palestiniano viável, que Sharon nunca verdadeiramente aceitou.
Sharon vê vantagens em retirar do pequeno território de Gaza 9 mil colonos, vivendo sob forte - e cara - protecção militar no meio de 1,4 milhões de palestinianos pobres e hostis. Espera assim reforçar a presença de 250 mil colonos na Cisjordânia, outro e bem maior território ocupado desde 1967.
Aliás, por razões de segurança, Sharon reserva-se expressamente o direito de mandar o exército israelita de novo para Gaza, se a Autoridade Palestiniana não for capaz de ali impor a lei e a ordem. Apesar dos esforços de Abu Mazen, é quase certa essa incapacidade. O Hamas, que tem quartel-general em Gaza, já disse que não renunciava à violência terrorista. A Sharon não desagradará o falhanço de Abu Mazen. Ou seja, a guerra continua. Ela nunca parou desde que em 1948 surgiu o Estado israelita. Para regressarem a Israel após 2 mil anos, os judeus tiveram de expulsar os palestinianos que lá viviam, não desdenhando usar então o terrorismo. O sionismo começou por ser laico e Israel é uma democracia, mas o fundamentalismo religioso acentuou-se ali, aumentando a convicção de muitos judeus de que aquela terra é sua por direito divino. Do outro lado, os radicais islâmicos pensam o mesmo e não aceitam a existência de Israel. Um conflito sem fim à vista.

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