O grande abraço dos media
Há factos que não vale a pena reter. Outros que convém não deixar fugir sem lhes saborear toda a essência. Refiro-me ao significado da história, mesmo da que fazemos, e se torna, por nossa arte, mestra da vida. Tudo ganha um tom para além das aparências.
Ao celebrar o Dia Mundial das Comunicações Sociais temos presente o cruzeiro planetário que os media proporcionam estreitando o mundo num abraço familiar, dando significado ao enlace de culturas, raças, valores e projectos que são património comum da humanidade. A mega reportagem que o mundo inteiro seguiu sobre a fase final de João Paulo II e eleição de Bento XVI veio de novo centrar o próprio universo secular e laico num fenómeno religioso que é muito mais que uma máquina burocrática de poder. Percebeu-se, nesse todo, a proposta espiritual de uma comunidade unida e dispersa em todo o mundo – a comunidade cristã - que tem algo de decisivo a dizer ao homem de hoje, por vezes marcado por vezes pela angústia de tudo realizar, sem o conseguir, na estreiteza do tempo e na pressa do imediato.
Três documentos eclesiais marcam a celebração deste ano do Dia Mundial das Comunicações Sociais: a mensagem de João Paulo II sobre os Media como ponte cultural do nosso tempo; a Carta Pastoral escrita na mesma data dobre o “Rápido Desenvolvimento” do mundo e dos media, e um terceiro documento já do punho de Bento XVI dirigido as profissionais da comunicação, na primeira grande audiência que o actual Papa concedeu nos primeiros dias do seu Pontificado.
Um elemento une as três reflexões: a importância e a responsabilidade face ao mundo inteiro de quem constrói pontes de comunicação. É mais que uma viagem ocasional entre as margens do rio. É a ligação em rede da humanidade dispersa, marcada por milénios de diferenças, distâncias e incomunicabilidades. Eis o desafio: da dispersão fazer unidade, das diferenças, partilhas de enriquecimento mútuo, da aparente incapacidade de comunicação, a linguagem universal do encontro e conhecimento. Os media, hoje, mais que nunca têm ferramentas para essa construção. As grandes comunicações planetárias a partir de Roma foram disso prova inequívoca. A mensagem mais que proclamada em letra foi demonstrada… em directo.