1. Na luta contra o desemprego (ou, pela positiva, a favor do emprego), há várias frentes de acção a ter em conta. Esta reflexão aborda apenas a primeira, que tem como centro a família (ou a pessoa isolada, se for esse o caso).Tal frente pode designar-se por triângulo básico, tendo como “lados” a família, o trabalho e a educação. Há que revalorar a família como centro nuclear e dinamizador do processo educativo e do projecto laboral de cada um dos seus membros.Outrora, a família constituía (além do mais) uma unidade económica de produção, distribuição e consumo, mais ou menos complexa. Hoje aparece, neste aspecto, quase só como unidade de consumo. No entanto, continua a ser muito elevado o número de empresas familiares e de famílias-empresa. Bem vistas as coisas, a grande maioria das famílias vive intensamente esta dimensão económico-laboral, em especial na luta pela subsistência, na procura e melhoria de emprego, na realização de projectos de vida, no esforço educativo...
2. A vertente laboral faz parte integrante do processo educativo, tal como este faz parte do trabalho. O trabalho não é redutível à educação, e esta não é redutível ao trabalho. No entanto, há coincidência parcial entre uma realidade e a outra. E, sobretudo, importa frisar que não existe educação sem trabalho nem trabalho sem educação.É, por isso, recomendável que, desde tenra idade, o trabalho (incluindo, em especial, o trabalho de brincar, de experimentar, de criar actividades lúdicas ou outras, e bem assim as responsabilidades pessoais na família) seja assumido como verdadeira educação e esta como verdadeiro trabalho (embora se trate de realidades diferentes).
3. Na fase escolar, impõe-se que se mantenha uma estreita ligação entre o mundo académico e o laboral análoga à que existe, por exemplo, com o meio ambiente e com a história. É indispensável que a escola vá ao mundo laboral, às empresas (e outras entidades empregadoras) e que o mundo laboral entre na escola.Escola e mundo laboral deveriam complementar-se e cooperar cada vez mais, com a participação das famílias. Nada deveria obstar a que a escola ouvisse depoimentos e “lições” de empresários e trabalhadores, e promovesse exercícios académicos baseados na realidade e problemas dessas empresas. Nalguns casos, a escola até pode con-tribuir para o desenvolvimento das empresas e para a abertura de novos horizontes.Também nada deveria obstar a que os empresários e os trabalhadores se pronunciassem acerca da adequação dos saberes escolares ao mundo laboral. E este poderia receber, da escola, complementos significativos de formação.Família, escola e trabalho podem (e devem) convergir e cooperar, sob pena de se destruírem.