domingo, 15 de maio de 2005

"Mário Soares: os poemas da minha vida"

Mário Soares Com o "PÚBLICO" de sábado, foi distribuído um livro que se lê com muito agrado. Trata-se de "Mário Soares: os poemas da minha vida", o primeiro de uma colecção dedicada à poesia. A ideia foi sensibilizar os leitores do "PÚBLICO" para a leitura de poemas, através de escolhas feitas por diversas personalidades da vida pública portuguesa. Para começar, tivemos o ex-Presidente Mário Soares e depois virão Freitas do Amaral, Marcelo Rebelo de Sousa, Urbano Tavares Rodrigues, Maria Barroso e Vasco da Graça Moura, entre outros. Cada um fará a selecção dos melhores poemas que leu na vida, mostrando, dessa maneira, a sua sensibilidade ou os seus gostos. Estou em crer que muitos comprarão os livros só pela curiosidade de ficar a conhecer as preferências poéticas das personalidades convidadas a entrar num "jogo" de sedução, para levar os eventuais leitores a olharem um pouco mais para a poesia. Diz Mário Soares, no prefácio, que a poesia é "o veio mais rico, original e fecundo da literatura portuguesa. Críticos e historiadores de literatura, portugueses e estrangeiros, são unânimes nesta opinião. Realmente, desde as Cantigas de Amigo, de Amor, de Escárnio e Maldizer (...), até à novíssima poesia, publicada já no nosso actual século XXI, esse veio poético, de alta qualidade e beleza, tem estado sempre presente, na abundância dos seus diferentes géneros. É por isso, seguramente, que a língua portuguesa tem sido tão marcada pela poesia, no seu desenvolvimento sempre em expansão". Em minha opinião, esta colecção é para ser feita e para ser lida, na certeza de que haverá alguns poemas repetidos. Tão belos são eles. Para além dos poemas escolhidos, o leitor pode contar com notas breves sobre os autores seleccionados. E agora um poema BUCÓLICA A vida é feita de nadas De grandes serras paradas À espera de movimento; De searas onduladas Pelo vento; De casas de moradia Caídas e com sinais De ninhos que outrora havia Nos beirais; De poeira; De sombras de uma figueira; De ver esta maravilha: Meu Pai erguer uma videira Como uma mãe que faz a trança à filha. Miguel Torga

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