sábado, 28 de maio de 2005

CHOQUE

Posted by Hello
Há gente avisada que nunca é ouvida Esta semana, os portugueses sofreram um choque com o anúncio da subida de impostos para se tentar diminuir o défice das finanças públicas, que pode atingir os 6,83 por cento do PIB (Produto Interno Bruto), até ao fim deste ano, se nada se fizer para o reduzir, segundo revelou uma comissão presida pelo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio. No fundo, esse anúncio não foi uma surpresa, porque toda a gente já sabia que Portugal está numa situação difícil, mas a verdade é que ninguém gosta de acreditar no pior, mesmo quando a realidade está à vista de todos. Este problema do défice público não é de agora, muito menos dos últimos Governos. Já vem detrás, mesmo dos Governos de Cavaco Silva, sobretudo quando o Estado começou a aumentar, desmedidamente, os encargos com a administração pública e com outras despesas correntes. E também quando iniciou uma política de regalias sociais aos seus servidores, aos políticos e ex-políticos, quando fez obras incompatíveis com a nossa dimensão e capacidades, quando, enfim, começou a gastar, no dia-a-dia, mais do que recebia dos impostos dos portugueses. Há muito que os mais avisados têm vindo a chamar a atenção para a necessidade de se reduzirem as despesas correntes, como única forma de equilibrar as finanças públicas, já que os rendimentos são curtos e os hábitos de muitos portugueses estão marcados pelo princípio de que é correcto enganar o Estado, fugindo ao fisco. É sabido, por exemplo, que a grande maioria das empresas portuguesas apresenta prejuízos no fim do ano, boa forma de não pagar impostos. E no entanto, essas empresas continuam a laborar, como se tudo estivesse bem, sem que haja, por parte dos Governos, quem vá saber o que se passa. O pior, porém, veio agora, com o primeiro-ministro a dizer que tem mesmo de subir os impostos, para tentar debelar a crise. Ninguém gostou, claro, porque se vai mexer no bolso de cada um, sobretudo dos trabalhadores que nunca puderam escapar às malhas do fisco. Os mais frágeis, afinal. No entanto, há analistas que alertam para outras soluções, sem que aparentemente ninguém os ouça. Medina Carreira é um deles. Diz ele, por exemplo: Para quê tantos deputados? Metade não bastaria para discutir as nossas leis? E para quê tantos Ministérios? Doze não seriam capazes de coordenar as políticas governamentais? E porquê um sem-número de assessores dos ministros e de autarcas, a todos níveis? E para quê o TGV e um novo aeroporto, quando há cidades, vilas e aldeias sem acessos mínimos? E para quê tantos estádios de futebol para o Euro 2004, se alguns estão sempre às moscas? E para quê os submarinos, se os nossos militares estão mais vocacionados para colaborar na manutenção da paz? E porquê o escândalo de alguns políticos ficarem com subvenções vitalícias, ao fim de 12 anos de trabalho? E porquê as reformas milionárias, num país pobre? Responda quem souber. Fernando Martins

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