Enterrado o morto, não falta, logo a seguir, enquanto houver quem ouça, alguém que aponte defeitos, faça críticas, mostre contradições, avance profecias. Muitas vezes trata-se de desabafar ressentimentos ou marcar rumo novo para coisas que não foram tão consideradas como se desejava. Um papa, quando morre, não foge a este clima e, por isso, não é de estranhar que tal aconteça em relação a João Paulo II.Ninguém esteve na praça pública das sete partidas do mundo, como este homem. Os tempos facilitaram a publicidade à sua pessoa, não apenas pelo favor das novas tecnologias, dos transportes à comunicação social, mas, sobretudo, pelo que ele disse, escreveu, lutou e mostrou ao vivo, num mundo ansioso de luz, de verdade, de segurança, de paz, de respeito pelos direitos das pessoas, de amor verdadeiro, de reconhecimento, de uma presença que anime e de bem que toque o coração. Não foi a curiosidade que moveu as multidões que foram ao seu encontro, nem o turismo que levou a Roma milhões de cidadãos do mundo. Há fenómenos sociais que se explicam mais por moções interiores irresistíveis, expressões não caladas de gratidão ou de esperança, dinamismos misteriosos que dão estímulo à decisão de viver, mesmo que outras forças soprem em sentido adverso.
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