domingo, 10 de abril de 2005

Poema de Daniel Faria

 
Daniel Faria (1971 - 1999) 

Homens que são como lugares mal situados 
Homens que são como casas saqueadas 
Que são como sítios fora dos mapas 
Como pedras fora do chão 
Como crianças órfãs 
Homens sem fuso horário 
Homens agitados sem bússola onde repousem 
Homens que são como fronteiras invadidas 
Que são como caminhos barricados 
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados 
Homens sulfatados por todos os destinos 
Desempregados das suas vidas 
Homens que são como a negação das estratégias 
Que são como os esconderijos dos contrabandistas 
Homens encarcerados abrindo-se com facas 
Homens que são como danos irreparáveis 
Homens que são sobreviventes vivos 
Homens que são como sítios desviados 
Do lugar 

In "Homens que são como lugares mal situados", 
Fundação Manuel Leão, 2ª edição, 2002 

Daniel Faria nasceu a 10 de Abril de 1971, em Baltar, Paredes, tendo-se licenciado em Teologia na Universidade Católica Portuguesa. Depois, obteve a licenciatura em Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras do Porto. 
Recebeu vários prémios literários relativos a inéditos de poesia e conto. 
De entre os seus escritos dispersos incluem-se "Oxálida", "A Casa dos Ceifeiros", "Explicação das árvores e de outros animais", "Homens que são como lugares mal situados" e "Dos Líquidos", publicado depois da sua morte. 
Colaborou nas revistas "Atrium", "Humanística e Teologia", "Via Spiritus" e "Limiar". 
Quando faleceu, a 9 de Junho de 1999, era noviço no Mosteiro de Singeverga.

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