Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que a forma de estar e de ser de muitos políticos portugueses muda de um dia para o outro. Ao lado de alguns que sabem dialogar e discutir com dignidade, que respeitam os adversários não os tratando como inimigos a abater, que defendem as suas opções e projectos com determinação, recusando os golpes baixos da calúnia e do boato infame, há outros que são o contrário de tudo isto. Felizmente.
A campanha eleitoral, que devia ser uma explanação de ideias e de propostas capazes de mudar Portugal e a vida dos portugueses, muito decepcionados com a política e com os políticos, não passa por vezes de um jogo de palavras sem sentido ou com sentido ínvio e de mau gosto, que nada traz à construção de uma sociedade nova. É pena.
Aqui, neste meu diário partilhado, quero, porém, alimentar a esperança de que, do meio da bagunça em que se está a tornar a campanha eleitoral, saibamos ter calma, para assim descortinarmos os menos maus, os que podem oferecer-nos algo de positivo, rumo a um país mais próspero e muito mais fraterno.
É fundamental que apreciemos, com serenidade, os programas eleitorais de todos os partidos, que saibamos descortinar, em cada um deles, onde está o possível de executar e o demagógico, onde está o mais importante para uma sociedade justa e o caça-votos dirigido a alguns. Mas também onde está o respeito pela vida e pelos valores que enformaram e enformam a nossa nação e a defesa de princípios que nada nos dizem.
A comunicação social tem promovido debates, com políticos e com técnicos, tem feito entrevistas a gente idónea, tem auscultado o povo que fala das suas dificuldades e dos seus sonhos. É preciso ouvir com atenção, para depois se optar com consciência. Portugal precisa de estabilidade e de políticos competentes. Os nossos erros ou a nossa indiferença podem adiar Portugal, comprometendo o futuro dos nossos filhos.
Fernando Martins