terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Portugueses deprimidos É ponto assente que nas conversas de rua, e mesmo em privado, a ideia geral é de que os portugueses se transformaram num povo deprimido e desmoralizado. Não confia em melhores dias, não vê saída para as crises, passa a vida a lamentar-se de tudo e de todos e não consegue admitir que melhores dias virão. Um jornalista da Reuters, Ian Simpson, fez um inquérito de rua, em Lisboa, e concluiu que Portugal é um país "maldisposto e amargo", conforme divulgou hoje a comunicação social. Os inquiridos não conseguiram descortinar boas notícias nesta fase em que nos encontramos, antes das eleições legislativas. Considerando que Portugal é "o país mais pobre da Europa", o correspondente da Reuters registou que se teme pelo futuro numa EU em expansão. Ian Simpson sublinha que é difícil encontrar quem acredite numa reviravolta política, nas próximas eleições, capaz de trazer melhorias aos portugueses, enquanto lembra que nos últimos três anos vamos ter quatro Governos. Um entrevistado classificou mesmo a realidade portuguesa como "miserável", acrescentando que está "pior do que o Brasil". A propósito do actual momento político português, os nossos Bispos publicaram um documento que nos alerta para a necessidade do envolvimento de todos na procura de soluções políticas que respondam aos problemas sociais que nos afligem. E dizem: "o primeiro dever dos cristãos é a participação responsável. Que ninguém se esconda por detrás de desculpas habituais: 'estamos cansados dos políticos', 'isto não tem solução', 'para quê votar se é sempre a mesma coisa', etc. Não esqueçamos que só tem direito de criticar e denunciar quem se empenha generosamente na busca de soluções. Na campanha eleitoral que se aproxima temos todos o dever de nos esclarecermos criteriosamente, passando para além do discurso eleitoralista e apreciando as soluções objectivas que nos são propostas para o Governo da Nação. Para tal, importa avaliar da sua justiça, da sua viabilidade, da sua consonância com os princípios da dignidade humana, do respeito pela vida, da dimensão social que todas as políticas devem ter. Para os cristãos, o critério de avaliação é o Evangelho e a doutrina social da Igreja. A democracia é o quadro político da liberdade, mas também da responsabilidade. E esta só se exprimirá na busca generosa do bem comum. Não deixemos o futuro do nosso País só nas mãos dos 'políticos profissionais'. Ajudemo-los com a nossa consciência crítica e com a nossa escolha responsável. A nossa convivência democrática aprofundar-se-á qualitativamente se votarmos em propostas, mais do que em partidos, motivados pela esperança objectiva que essas propostas suscitam e não tanto pela nossa tradicional simpatia partidária. Forcemos os partidos a porem o acento da sua intervenção na qualidade das propostas que nos fazem, na competência e dignidade das pessoas e não apenas nos discursos que o ambiente de campanha habitualmente inflama." No fundo, e porque defendemos comportamentos pela positiva, acreditamos que temos de cultivar a alegria, o optimismo e a força de vontade para vencermos as vicissitudes da vida, com as nossas opções conscientes. F.M. Posted by Hello

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