sábado, 4 de junho de 2022

Linguajar dos gafanhões de outros tempos

Numa das minhas passagens pelos meus blogues, 
encontrei este texto de Maria Donzília Almeida. 
Resolvi republicá-lo para não se perder com a passagem dos anos


PARA SORRIR... 

Em tempos que já lá vão, apresentaram-se duas comadres para baptizar uma criança, juntamente com a mãe, da mesma. O abade inquiriu: Então como se vai chamar a criança?
A 1.ª comadre respondeu: — Botelhana, Sr Prior! Botelhana!
A 2.ª comadre retorquiu: — Prantelhana, Sr Prior, Prantelhana!
Por fim, a mãe da criança também se pronunciou e anuiu: — Eu Cudcana.
Depois de ter ouvido as três versões, o padre ficou confuso e levou algum tempo até descobrir. Afinal, isto traduzia a maneira de falar das gentes da Gafanha, nos princípios do século passado e todas queriam dizer o mesmo.
Já naquela altura, como sempre, se aplicava à linguagem oral, a lei do menor esforço, pelo que, o povo despende a menor energia possível, para pronunciar as palavras (acto de fonação). Assim, o que as comadres queriam, realmente, dizer era o seguinte:
1.ª Comadre: — Bote-lhe Ana, Sr Prior! (botar – pôr, colocar)
2.ª Comadre — Prante-lhe Ana, Sr prior! (prantar – pôr, colocar)
Mãe — Eu cuido que Ana, Sr Prior! (cuidar – pensar, achar)

M.ª Donzília Almeida

Babel, Pentecostes e uma ética global

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

A revolução a caminho é a dos pobres e humilhados, que nada têm a perder.

1. Fazemo-nos e construímo-nos uns aos outros; desfazemo-nos e destruímo-nos uns aos outros. Lá está o mito da Torre de Babel, um mito que transporta uma verdade fundamental e dá que pensar, como escreveu o filósofo Paul Ricoeur. Um dia - está escrito no Génesis - os homens disseram: Construamos uma cidade e uma Torre cujo ápice penetre nos céus. A Bíblia vê neste projecto uma iniciativa de arrogância e orgulho insensatos, aquela hybris - desmesura -, que os gregos também condenavam, porque arrastava consigo a maldição e a catástrofe. No meio da arrogância e da desmesura, os seres humanos, em vez de se compreenderem, guerreiam-se e matam-se na barbárie.
A tragédia repete-se constantemente. Quando, por exemplo, um ditador brutal, ignorando o Direito Internacional e as Nações Unidas, invade um país independente com uma guerra de terror, aí está uma Babel, num mundo perigoso, com horrores e catástrofes à vista.

Ver o mar afugenta o stresse

Praia da Vagueira

Ver o mar afugenta o stresse. Não será novidade para ninguém. E este casal da fotografia, publicada no meu blogue há bons anos, resolveu escolher o mar da Vagueira para retemperar o espírito. Passei por lá ontem, mas a chuva miudinha não me aconselhou sair do carro. Fica para um dia destes.
No fundo, diz-me a experiência que toda a natureza, seja ela marítima ou serrana, mais campestre que citadina, inspira-nos vida nova, saudável e tranquila.
Bom fim de semana para todos, estejam onde estiverem.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Águeda e a chuva de hoje

Águeda - Guarda-chuvas

 A chuva de hoje fez-me lembrar Águeda, a cidade linda, com os seus guarda-chuvas. Até chegar ao carro, tive de aceitar e recordar que a chuva é fundamental à vida. Com as nossas pressas e comodidades, vamos interiorizando que só o Sol é que é amigo, mas que seria do mundo sem a chuva que rega os campos e enriquece as barragens, rios e lagos?

Abri o coração e recebei o Espírito Santo

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo de Pentecostes

O Espírito Santo é dado a todos, mas é recebido conforme a medida de cada um. Vale a pena dar-lhe o espaço todo da nossa consciência e relação com os outros, do nosso amor e empenho na sociedade, na família e comunidade eclesial


O Espírito Santo é oferecido aos discípulos por Jesus, o enviado de Deus Pai, após a ressurreição. Esta oferta constitui um acontecimento de excepcional importância e, segundo a narrativa de São João, reveste características especiais que ajudam a captar a sua novidade. Ocorre no primeiro dia da semana, ao anoitecer, quando os discípulos estão fechados em casa e cheios de medo. Que escolha contrastante!
Jesus manifesta-se no meio deles, deseja-lhes a paz e mostra-lhes os sinais da paixão. Eles exultam de alegria por verem o Senhor. E neste ambiente cordial e nesta relação pacífica, Jesus faz o seu envio em missão, após lhes ter recordado que é Deus Pai, a fonte do envio missionário. E, enquanto sopra sobre eles, afirma: “Recebei o Espírito Santo” para o perdão dos pecados. Abri o coração ao sopro do Senhor. Jo 20, 19-23.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Praia da Barra - Painel cerâmico de Zé Augusto

 

Nas festas celebrativas dos dois séculos da abertura da Barra, a efeméride foi assinalada com um painel cerâmico de Zé Augusto. Aconteceu isto em 3 de Abril de 2008. Na abertura da época balnear, ocorreu-me recomendar aos veraneantes ou visitantes que apreciem este trabalho. Depois, saboreiem umas férias retemperadoras.

RIA DE AVEIRO vista por Ribeiro Couto


RIA DE AVEIRO

Na ria de Aveiro
Quero um pequenino
Barco moliceiro.
Também sou menino.

Na ria de Aveiro
Podeis vir comigo,
Barco moliceiro
Nunca tem perigo.

Nunca se naufraga
Na ria inocente:
Da crista da vaga
Vêm braços à gente.

Quer vão ao moliço,
Quer soltem as redes,
O mar é submisso
Aos barcos que vedes.

Brancas, amarelas,
Na ria de Aveiro
Se espalham as velas:
Brinquedo ligeiro.

Também sou menino,
Ó moças de Aveiro!
Dai-me um pequenino
Barco moliceiro.


RIBEIRO COUTO
1944


Ribeiro Couto (1898-1963) 
terá passado por Aveiro em 1944 
- pelo menos é essa a data do seu poema -, 
onde se deixou cativar pela graça 
quase alada dos barcos moliceiros. 
Caso Curioso, 
na mesma época estabeleceria 
relações de índole literária 
com Mário Sacramento.

"Aveiro e o seu Distrito", 
n.º 20, Dezembro de 1975