sábado, 10 de outubro de 2020

FRATELLI TUTTI. 1

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Bom Samaritano, 1849, Eugène Delacroix

Há sombras negras que pairam no horizonte, 
obrigando a pensar e a exigir que se mude de rumo

1. “FRATELLI TUTTI” (irmãos todos) é o título da nova encíclica do Papa Francisco, abrindo horizontes novos para a Humanidade mergulhada numa profundíssima crise global. Cita Francisco de Assis escrevendo aos seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida segundo o Evangelho, convidando-os a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço: feliz quem ama o outro, “o seu irmão que está longe ou que está perto”. Inspira-se, pois, em Francisco de Assis: não é acidental que, publicada com a data de 4 de Outubro, a tenha ido assinar na véspera sobre o seu túmulo, em Assis. Não é a única fonte de inspiração: estão também presentes outros líderes espirituais e políticos, como Charles de Foucauld, Martin Luther King, Desmond Tutu, Mahatma Gandhi... 
O subtítulo da carta: “Sobre a fraternidade e a amizade social”, explicitado nestes termos: “Entrego esta encíclica social como humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas actuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras.” Embora partindo das suas convicções cristãs, quer dirigir-se a todas as pessoas de boa vontade, num diálogo sincero e plural, para a realização de um sonho comum de dignificação de todos. “Sonhemos como uma única Humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma Terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos.” 

GAFANHA - Água abençoada



À Gafanha, a Verdemilho, a São Bernardo e à Presa eram os passeios que eu mais preferia nas minhas férias de professor de Coimbra.
Quem me levava sobretudo à Gafanha era a água que, taumaturga por excelência, com o seu contacto, com o seu murmúrio, com as suas frescas exalações, me aquietavam brandamente os nervos, mais ou menos fora do ritmo pela continuidade das excitações académicas; e para tal ela não precisava mais do que duma sessão: à primeira vez era logo.»

D. João Evangelista

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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

D. António Marcelino faleceu há 7 anos

Evocando um bispo dinâmico e interventivo

Na tarde de 9 de Outubro de 2013, faleceu no Hospital Infante D. Pedro D. António Baltasar Marcelino, que foi Bispo de Aveiro. Foi um bispo que muito me marcou. Ordenou-me diácono permanente e convidou-me para tarefas ligadas à informação: coordenador do secretariado diocesano das comunicações  sociais e diretor do semanário "Correio do Vouga". Apreciava nele o dinamismo interventivo e contagiante, a rapidez na forma de agir, a capacidade de decisão e a frontalidade corajosa. 
Talvez por me ter envolvido na comunicação social, tarefas a que me dediquei com entusiasmo, até ao limite das minhas capacidades, partilho hoje, neste meu blogue, um artigo que escrevi sobre a sua ação nesta área, que foi publicado na revista "Praxis"

FELIZES OS CONVIDADOS PARA A CEIA DO SENHOR

Reflexão de Georgino  Rocha 
para o Domingo XXVIII


“Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade” 

Papa Francisco 

A sala enche-se de convidados para a festa nupcial, como narra Mateus na parábola do rei que pretendia celebrar as bodas de casamento do seu filho. (Mt 22, 1-14). Esteve em risco de ficar vazia, contrariando todas as expectativas. Salva a situação, a insistência paciente do pai do noivo que resulta em pleno. O amor desdobra-se em convites, face às recusas recebidas. A lista convencional tem de ser profundamente alterada. Quem, segundo a praxe, estava em primeiro lugar, dá preferência a outros interesses e não quer participar, sobrepõe as preocupações reais ou fingidas, liberta-se de incómodos, dá largas a velhos ressentimentos, exercendo violência e eliminando os portadores do convite. 
Antes da aceitação do convite, havia uma praxe rigorosa. O convidado procurava informar-se, cuidadosamente, sobre os possíveis participantes. A escala social é padrão de referência e introduz níveis de oscilação no apreço e na consideração de cada um. Entre os comensais e entre estes e quem organiza a festa. 
“Os que se negam a ir à boda são gente de alta posição social e de muito dinheiro. Têm «terras» e «negócios», anota José Maria Castillo, Os que entram na boda são gente que não tem nada, os vagabundos dos caminhos. Como rezamos no Pai nosso: «venha o teu Reino». Quer dizer, pedimos-Lhe: Senhor, que esta vida seja um banquete para todos. Como é lógico, os que já estão satisfeitos … querem seguir com os seus privilégios, distinções e distâncias…”. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

LICÍNIO CARDOSO - Ordenado presbítero há 31 anos

Sé de Aveiro 
8 de outubro de 1989

Licínio Cardoso nasceu a 15 de novembro de 1963 na freguesia da Gafanha da Encarnação e foi ordenado presbítero por D. António Baltasar Marcelino a 08 de outubro de 1989, na Sé de Aveiro. Faz hoje, precisamente, 31 anos, razão mais do que suficiente para o saudar de forma especial, estendendo as minhas felicitações aos seus pais e restante família. 
Conheço o Pe. Licínio desde a sua juventude e sempre apreciei as suas capacidades e ações alimentadas pela fé que o anima desde o berço. Habituei-me a sentir quanto e como se envolvia nos projetos abertos às várias faixas etárias pelas quais foi passando, estendendo a sua atenção aos que mais necessitavam da sua ajuda. E também tenho apreciado, sobremaneira, a sua simplicidade, cultura e dedicação à Igreja. 
Esta efeméride leva-me a evocar umas férias que passei com minha esposa em Vilamoura, Algarve, por gentileza de um amigo que já faleceu. A dado passo, ocorreu-me que o Pe. Licínio se encontrava por lá e telefonei-lhe. Tanto bastou para que viesse ao nosso encontro, de bicicleta, para uma simples cavaqueira, que entretanto passou disso. 
De carro, andou a mostrar-nos, de forma até minuciosa, a Quarteira, paróquia da qual fazia parte Vilamoura. E percebemos, nesse deambular, quanto se empenhava nos trabalhos paroquiais, colaborando afincadamente em tarefas da comunidade, nomeadamente, na juventude, na catequese e noutros serviços. Recebidos pelo pároco, compreendemos quanto era estimado e apreciada a sua envolvência, cheia de dinamismo. Nas visitas de reconhecimento, pudemos confirmar que, sem ele, eu e minha esposa ficaríamos a leste da realidade concreta daquela zona turística. 
Nas celebrações da sua ordenação presbiteral, quero felicitá-lo, ao mesmo tempo que elevarei as minhas preces ao SENHOR da vida para que lhe conceda as maiores bênçãos, carregadas de paz e de amor,  que se estendam a quem mais precisa. 

Fernando Martins 

Rei do silêncio

 

"É melhor ser rei do teu silêncio do que escravo das tuas palavras" 

Shakespeare

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

AVEIRO - Duas maneiras de ver


Aveiro, 24 de Maio de 1958 

«Gosto desta terra. Não por se parecer com outras lá de fora com que se não parece, aliás, mas por ser a realidade portuguesa que é — uma originalíssima expressão urbana, ao mesmo tempo firme e movediça, dentro do corpo da pátria, cais de embarque e terreiro de discussão, doce e salgada no sabor, e perpetuamente arejada por uma fresca brisa de maresia e revolta.» (…) 

Miguel Torga 


«(...) Aveiro (…) que te aconteceu entretanto? 
(…) Eras uma vilazinha apenas, perdida nas brumas do passado (…) Como eu, cresces desajeitada e errabunda (…) pões moderno onde devia ser antigo e antigo onde devia ser moderno (...) cintas os novos edifícios escolares de casario que os abafam, coqueteias com um arquitecto francês a perda do teu carácter, ergues altos fornos nas costas da tua sentinela cívica (…) Deliras, ó púbere!» 

Mário Sacramento 


Em “PARA A IMAGEM ANTIGA DE AVEIRO — O POSTAL ILUSTRADO”, Catálogo da Exposição 10-24 de Março de 1984 - ADERAVE

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