sábado, 29 de julho de 2017

Álvaro Garrido: Venham ao museu e tragam um amigo também

Faina Maior
Embarcações lagunares

O bacalhau que comemos

Aquário dos bacalhaus
O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) aguarda a nossa visita em qualquer dia do ano. Jovens e menos jovens são sempre bem recebidos e desejados, porque um museu tem de ser permanentemente uma casa aberta, com a predisposição para acolher quem chega, ou não tivesse nascido para exibir um recheio multifacetado e devidamente organizado, direcionado para as pessoas. 

Álvaro Garrido 
Um dia destes lá fomos cumprir um ritual integrado nas férias anuais que teimamos em manter. À chegada, tivemos a dita de encontrar o consultor do MMI, Álvaro Garrido, que fizemos questão de cumprimentar, a quem lançámos uma questão: Dê-nos uma boa razão para visitar o Museu de Ílhavo durante as férias! E com toda a naturalidade, Álvaro Garrido sugeriu que o ideal seria participar na festa comemorativa dos 80 anos do museu, que decorre de 5 a 8 de agosto, sublinhando, como pontos altos, «a inauguração de uma exposição extraordinária intitulada História Trágico Marítima, que vai incluir muitas obras valiosas que não é comum verem-se em exposições». 
Referiu que há um concerto celebrativo no dia 6, à noite, no largo do museu, «precisamente baseado numa obra inédita de Fernando Lopes Graça — História Trágico Marítima, cuja letra foi escrita por Miguel Torga». E acrescentou: «É um espetáculo muito singular, inédito», tratando-se de uma obra musical que foi descoberta e que estava esquecida», obra essa «que tem sido trabalhada pelo maestro Vassalo Lourenço».
Álvaro Garrido lembrou, entretanto, que, de 5 a 8 de agosto, há continuamente atividades, visitas especiais e a possibilidade de «fazer coisas diferentes no museu, para vários públicos, dos 8 aos 80 anos». 
Questionado sobre o enquadramento do MMI no contexto europeu e a nível internacional, Álvaro Garrido adiantou que «o nosso museu é cada vez mais conhecido.» E esclareceu: «Os museus marítimos são muitos, mas têm identidades muitos diversas; há os museus marítimos de comunidade e museus navais», sendo certo que «os museus marítimos, à escala internacional, estão numa espécie de encruzilhada, hesitantes entre os caminhos a seguir». 
Disse que o MMI tem conquistado públicos, «talvez por efeito do fluxo de turismo que ocorre em Aveiro e que tem algum impacto no município de Ílhavo». «É um público mais aberto, do país inteiro, e o número de estrangeiros também está a aumentar, sobretudo espanhóis, franceses, e não só, e ainda ilhavenses que estão na diáspora; no verão é muito comum as pessoas virem ao MMI, quase como um ritual». E finalizou a nossa curta conversa com um apelo: «Venham ao museu e tragam um amigo também.» 

Fernando Martins

OBSERVADOR — Espanhóis ajudam nos fogos em Portugal


«A Autoridade Nacional de Proteção Civil solicitou a presença de meios terrestres espanhóis no início da semana, face ao agravamento dos fogos nesta zona. O Governo acionou o Protocolo Bilateral Luso-Espanhol em matéria de Proteção Civil e Espanha enviou novamente os operacionais da Unidade Militar de Emergências.
Patrícia Gaspar, adjunta de operações da Proteção Civil, explicou ao Observador que se aplicam os princípios da solidariedade europeia em matéria de Proteção Civil: a ajuda é enviada a título gratuito, ficando o país de acolhimento responsável pelos custos de manutenção das equipas, nomeadamente a alimentação e o alojamento.»

(...)

“A voz do fogo é complicada. Eu também não a conhecia. Uma coisa medonha, parece um filme de terror. Faz correntes de ar e sucções estranhas”, descreveu a autarca, crente na capacidade dos espanhóis para revigorarem os 500 homens que estavam no terreno: “Os nossos homens estão exaustos. Não comem. Temos de refrescar as equipas no terreno. Um combatente cansado é um guerreiro inútil.”

(...)

“Às vezes as pessoas saúdam-nos quando passamos, mas aqui tem sido impressionante”, admitiu um deles. Ficou também bastante surpreendido quando viu o Presidente da República no quartel de Mação: não só por ter ido ali, e por ter também agradecido aos espanhóis, mas por o ter visto puxar de um tabuleiro para tomar a mesma refeição que eles: “Em Espanha não vemos o [primeiro-ministro, Mariano] Rajoy fazer isso.”

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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Paulo Rocha — Turismo, rotundas e esplanadas



«Portugal tem, no entanto, que oferecer mais do que rotundas e esplanadas. Quem nos visita e se encanta pelo sol e pela alimentação deve levar na bagagem motivos para regressar, não só pelo acolhimento que acontece e as saudades dos petiscos, mas também, e sobretudo, pela capacidade de oferta cultural, de entretenimento e de humanismo que cidadãos e instituições forem capazes de fazer. Assim, depois de criar todos os circuitos por cidades e aldeias, de construir os vários abrigos e montar todas as esplanadas, é necessário criar ofertas qualificadas para cada turista no âmbito no âmbito da cultura, do lazer, do mar, dos rios, das barragens, dos parques naturais, das matas qualificadas, dos monumentos património mundial e de tantos outros recantos que permanecem escondidos de quem visita Portugal e podem ser um fator decisivo para que voltem pela segunda, terceira ou quarta vez…»

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Anselmo Borges — Trabalho e férias


1. O Homem "define-se" por muitas características. O trabalho - homo laborans - é uma dessas dimensões constitutivas do humano. E, quando falamos do trabalho, não pensamos apenas na necessidade que o Homem tem de se esforçar para poder sobreviver - ele há esta palavra tremenda: "trabalhar para ganhar a sua vida", que há dias o L"Osservatore Romano, órgão oficioso do Vaticano, disse que também se deve aplicar aos padres. De facto, por outro lado, o trabalho significa o esforço comum da Humanidade para transformar o mundo, pois é transformando o mundo que o Homem verdadeiramente se realiza e toma consciência de si enquanto humano, como bem viu Hegel, concretamente na sua famosa dialéctica do senhor e do escravo, no que constitui a primeira grande reflexão filosófica sobre o trabalho, na Fenomenologia do Espírito. O escravo, pelo trabalho e transformando o mundo, não ganha apenas para o seu sustento, pois, para lá disso e sobretudo, vem a si mesmo na consciência de Homem, de tal modo que supera o senhor para quem trabalha: afinal, o senhor apenas consome o que o escravo produz.
Quando se olha à volta ou se viaja pelo mundo, por toda a parte, de um modo ou outro, o que vamos encontrando tem que ver com este esforço histórico-colectivo gigantesco de transformar o mundo e torná-lo humano. Instrumentos de trabalho, aldeias, cidades, meios de transporte - dos mais simples aos mais complexos -, monumentos, fábricas, escolas, universidades, laboratórios, bibliotecas, museus...
Assim, o trabalho tem sempre esta dupla face: por um lado, o esforço, e, por outro, a obra. O esforço está bem presente na própria palavra trabalho: deriva de tripalium, que era um instrumento de tortura. Na Bíblia, no Génesis, é dito por Deus ao Homem: "Comerás o pão com o suor do teu rosto." A outra face é a obra: o Homem, mediante o trabalho, realiza obras que o enaltecem. É construindo o mundo de múltiplos modos que a Humanidade ergue a sua História de fazer-se. A sua obra é essa.

2. Frequentemente, quando se fala de trabalho, é sobretudo em emprego que se pensa e no desespero que o desemprego representa. Neste sentido e tomando em conta, por um lado, a globalização e, por outro, a influência, por exemplo, da robotização e o que ela significará nestes domínios, penso que este é um dos temas que vai exigir uma governança global. Não vou meter--me nesta problemática gigantesca do trabalho enquanto bem escasso que é preciso saber distribuir e partilhar, com todas as consequências. Também não pretendo argumentar, como já uma vez escrevi aqui, com o matemático e filósofo Bertrand Russell, Prémio Nobel da Literatura, que há muito tempo escreveu que bastaria trabalhar quatro horas por dia, ou com o físico de renome mundial, Hans Peter Dürr, que também disse que precisaríamos apenas de um terço do nosso tempo de trabalho para produzirmos o que é realmente importante... O outro tempo seria para a criatividade e sua fruição na beleza, na música, na contemplação, na filosofia...

3. E assim entro nas férias. De facto, o Homem não se define apenas pelo trabalho. A sua relação com o mundo e com os outros é também de gáudio, de gratidão, de criação e contemplação. O Homem não se esgota na produção e destrói-se quando vive apenas para sobreviver. Pelo contrário, sobrevive para viver e nesse viver estão o trabalho e também a festa, o gratuito, a alegria genuína de ser si mesmo com os outros, o inútil do ponto de vista da produção - "o fascinante esplendor do inútil", escreveu George Steiner, que também escreveu sobre a música, inseparável do sentimento religioso e que nos torna vizinhos do transcendente: "Ela foi durante muito tempo, continua a ser hoje, a teologia não escrita dos que não têm ou recusam qualquer crença formal."
Isto diz-se na palavra férias, quando se considera o seu étimo: a palavra latina feria, no plural feriae, tinha o sentido de "descanso, repouso, paz, dias de festa". A Bíblia também tem o mandamento de Deus de um dia de descanso semanal e de festa, dia santo sem trabalho, para que o Homem fizesse a experiência de que não é besta de carga, mas um ser festivo. Tem de trabalhar - e duro -, mas não é uma besta de carga.
Se se pensar bem, as férias, como aliás um dia feriado, não têm como finalidade última um intervalo no trabalho em ordem a repor as forças, para poder voltar a trabalhar e mais. As férias e um dia feriado têm a sua finalidade em si mesmos: a experiência, repito, de que o ser humano é um ser festivo. É preciso voltar às alegrias simples: a alegria do estar juntos em família e com os amigos e também a alegria de estar só para saber de si no milagre da existência, contemplar uma gota de água numa folha de erva, acolher o perfume de uma rosa, que dá perfume sem porquê, como escreveu o místico Angelus Silesius. Ler poesia e escutá-la. Ler a grande literatura, que diz as nossas possibilidades. Ouvir música, a música que é o divino no mundo e nos remete para origens imemoriais e para a transcendência, lá, para lá, onde nunca propriamente estivemos, mas é para lá que queremos ir morar para sempre... Exaltar-se com o mistério de qualquer rosto humano no seu olhar, o olhar que é alguém vir e mostrar-se à janela de si mesmo. Apanhar sol na praia, no campo, na montanha e ver nascer o Sol e pôr-se (ah, e se ele nunca mais voltasse?!) e contemplar o alfobre das estrelas (o que na cidade não se vê). E ter tempo para ouvir o silêncio e descer ao mais fundo de si, lá onde verdadeiramente somos nós. E perceber que é possível e necessário emendar tanta coisa e ir mais longe, sempre mais longe na honra e na dignidade. E, se se for fora, encontrar-se na autenticidade com culturas outras e diferentes modos de também se ser humano. E vir mais rico em humanidade e horizontes novos. Boas férias!

Anselmo Borges no DN de hoje

Georgino Rocha — Fazer opções sábias. E a tempo



Jesus quer mostrar a urgência de fazer opções sábias e a tempo. Recorre, segundo a versão de Mateus, a três parábolas, acessíveis aos discípulos: a do tesouro escondido no campo; a da pérola preciosa; e a da escolha do peixe apanhado na pesca. Depois de as narrar, pergunta-lhes: “Entendestes tudo isto?” “Entendemos”, respondem, sem hesitar. A comunicação havia resultado em cheio. Que alegria para todos. Nem os discípulos pedem mais explicações, nem Jesus sente necessidade de as dar. Mas acrescenta: “Todo o escriba instruído sobre ”.

O comentário esclarecedor de Jesus valoriza a sabedoria do pai de família que conserva “o novo e o velho” do seu património, a liberdade de dispor dos bens guardados e o horizonte aberto a que os destina à luz dos critérios provindos do reino dos Céus, do Evangelho que ia sendo anunciado. É a sabedoria que brilha na oração de Salomão, após a sua coroação de rei, sendo ainda jovem. Um sonho descreve esta atitude primeira. “Dai, Senhor, ao vosso servo um coração inteligente, para governar o vosso povo, para saber distinguir o bem do mal”. E a oração do jovem rei agradou ao Senhor que lhe concede o que havia pedido e ainda mais. Que encanto de oração para o nosso tempo tão necessitado da sabedoria que sabe discernir a fim de tomar decisões acertadas e a tempo. Que realismo de compreensão do que está em causa: o bem do povo e a necessidade de bem servir. Que abertura a Deus que sempre quer o melhor para todos, em todos os tempos; sempre “concorre em tudo para o bem daqueles que O amam” como garante Paulo na carta aos cristãos de Roma, hoje proclamada na celebração.

A liberdade de tomar decisões e dispor dos bens está clara nas parábolas do tesouro e da pérola preciosa. Com efeito, quem as encontra quer possuí-las, ainda que para isso tenha de vender tudo quanto tem. Atitude corajosa. Mas quem deseja sinceramente arrisca. E o protagonista das parábolas foi ousado e confiante. A opção pelo bem maior “falava” mais alto. Não se pôs a fazer conjecturas, nem se deixou alarmar por infundadas suposições. Do género: E se o dono do campo não o quer vender ou o da pérola não pretende aliená-la? Ou, se entretanto, sou assaltado ou mudam “as regras do jogo”?... Confiante, ousa e alcança. Que belo exemplo para tempos, como os nossos, em que a liberdade de tomar decisões sábias parece estar francamente ausente em muitos âmbitos onde a vida humana corre perigo, e a saúde e a educação estão raquíticas e enviesadas.

O horizonte aberto ao uso dos bens é iluminado pelo reino dos Céus, pelo Evangelho de Jesus, pelo magistério da Igreja e pelo pensamento social de homens e mulheres, amigos da humanidade. O Papa Francisco tem-se feito intérprete fiel dos critérios que surgem nestas correntes da história, não apenas do ocidente, mas universal; não somente da Europa, mas de outros continentes. A arca dos bens é património da humanidade e não apenas de quem teve acesso ao desenvolvimento material que a revolução industrial despoletou e fez avançar, muitas vezes à custa de medidas desumanas, de exploração e fraude. Tendo a situação mundial como horizonte e olhando com amor compassivo a legião de famintos e o bem estar de minorias afortunadas, como não reclamar por uma nova economia, uma outra cultura, uma nova ordem internacional, já proclamada por Paulo VI na sua encíclica sobre “O Desenvolvimento dos Povos”, em 1967? Ao ver o ritmo do avançar na história, facilmente se reconhece s sua lentidão para a maioria e a obstrução deliberada para quem se apoderou do que é comum.

O tesouro e a pérola, diz José M. Castillo, expressam “o que mais enche os humanos” e exemplifica: “um âmbito e um ambiente humano de respeito, tolerância, estima, carinho e segurança, em que damos e recebemos felicidade, com a convicção de que isso é ( e será) para sempre. Só isso pode significar o que, tal como somos humanos, Jesus oferece e afirma”.

A sabedoria toma o rosto do pescador que, tendo a rede cheia de peixes, a puxa para terra, se senta e escolhe pacientemente os bons dos maus. Imagem persuasiva e bela que nos lança um desafio constante: Sei parar para discernir o que está na rede da minha vida? Advirto na qualidade do que ando a fazer com as minhas atitudes? Estou a construir um futuro promissor, ancorado nos valores do Reino, ou a satisfazer necessidades efémeras, ainda que legítimas? Um dia brilhará o alcance das minhas escolhas. Sem qualquer dúvida.

O Papa Francisco ao comentar a passagem do evangelho de hoje, afirma: “Quem encontra o Reino de Deus não tem dúvidas, sente que é isso mesmo que buscava, que esperava, que responde às suas aspirações mais autênticas. E é verdadeiramente assim: quem conhece Jesus, quem o encontra pessoalmente, fica fascinado, atraído por tanta bondade, tanta verdade, tanta beleza, e tudo numa grande humildade e simplicidade. Buscar Jesus, encontrar Jesus: este é o grande tesouro”.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

MaDonA — O avô Manel


«O avô Manel é o último sobrevivente do clã familiar. Fui visitá-lo, um dia destes, e ia rever uma pessoa que me é tão grata. O que estou a escrever será uma homenagem, a minha homenagem, em vida. É em vida que se apreciam os afagos, os mimos, o carinho. Depois...restam apenas as flores... 
Qual não foi a felicidade do avozinho, ao receber a visita de entes queridos, que lhe atenuam a solidão dos dias. Com idade avançada, prestes a completar 95 anos, as forças do avô foram minguando, trazendo consigo as maleitas próprias desta faixa etária. A força nas pernas diminuiu, e depois de várias quedas, o destino foi o recurso a uma cadeira de rodas. Foi uma inevitabilidade! A única e a possível.»

“A gratidão é a memória do coração.” 

Antístenes

O avô Manel é o último sobrevivente do clã familiar. Fui visitá-lo, um dia destes, e ia rever uma pessoa que me é tão grata. O que estou a escrever será uma homenagem, a minha homenagem, em vida. É em vida que se apreciam os afagos, os mimos, o carinho. Depois...restam apenas as flores... 
Qual não foi a felicidade do avozinho, ao receber a visita de entes queridos, que lhe atenuam a solidão dos dias. Com idade avançada, prestes a completar 95 anos, as forças do avô foram minguando, trazendo consigo as maleitas próprias desta faixa etária. A força nas pernas diminuiu, e depois de várias quedas, o destino foi o recurso a uma cadeira de rodas. Foi uma inevitabilidade! A única e a possível. 
Foi o prenúncio de um fim anunciado, já que a mobilidade é uma força que nos prende à vida e nos faz lutar por ela. O avô Manel ficava privado da sua deslocação ao jardim, onde poderia enxergar as flores que outrora cultivara, e as uvas americanas que pendiam em latada, nos longos passeios pelo quintal. 
Um véu de tristeza escurecera o seu semblante, que gradualmente se foi dissipando com a nossa presença. Foi um raio de luz a iluminar-lhe o rosto e trazer ao seu olhar, o brilho de tempos antigos. De vez em quando, os seus olhos ficavam marejados de lágrimas, quando, à memória, vinham recordações antigas, dos seus tempos de pujança. Em frente àquele rosto, agora encanecido, passou na minha tela mental, o filme do Avô Manel, em que foi o protagonista de uma grande epopeia. 
Após a sua retirada do mundo do trabalho, o avô dedicou-se, de alma e coração, à sua horta biológica, uma atração para os domingueiros que apreciavam o kitchen-garden do Sr Manuel. Aí, sentia-se nas suas sete quintas! 
“Vou semear um rego, dois regos...de ervilhas, favas, tomateiros, pimentos, cebolas, etc, etc” era uma expressão recorrente, no linguajar simples do avô Manel, com marcado acento tripeiro. 
E assim, nasciam os canteiros, rigorosamente talhados a régua e esquadro, dada a perfeição com que os desenhava. Reminiscência dos seus tempos de marceneiro em que projetava e fabricava móveis, com a perícia de um mestre. A bordejar esses canteiros de hortaliças, havia sempre renques de dálias, gladíolos, cravinas. No meio desse jardim, da casa até à linha do comboio, no fundo do quintal, estendia-se um largo passeio em cimento, ladeado por videiras. Em dossel, uma ramada de uvas americanas, que no verão nos ofereciam a sua sombrinha refrescante. Depois de maduras e vindimadas, davam o vinho americano, que antes de fermentado era aquele vinho doce tão apreciado. Era o autêntico, genuíno sumo de uva que distribuía pela família e amigos. Ainda tenho guardada, na minha retina e no olfato, a imagem das ervilhas de cheiro, que trepavam à volta dos esteios em ferro, da ramada, libertando para a atmosfera, a sua fragrância adocicada e fresca. 
Dava gosto ver o sentido estético que ele punha em tudo que fazia. Espantoso! E os produtos vegetais que saiam das suas mãos, arrancados à terra preta, fecunda, do Porto, eram de alta qualidade, hoje designados por produtos gourmet. 
Por tudo isto e outras coisas que, involuntariamente, possa ter omitido, tenho um profundo sentimento de gratidão, pelo avô Manel. 
Bem-haja, por tudo o que fez pela sua prole. 

Mª Donzília Almeida 

26 de julho de 2017 

ADIG visita obras da bacia de contenção de lixiviados e ETAR


O presidente, Humberto Rocha, e mais quatro  elementos da direção da ADIG - Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha foram recebidos, no dia 24 de julho, pelos engenheiros da Administração do Porto de Aveiro (APA) e da Cimpor, para apreciarem, no terreno, as obras da Bacia de Contenção de Lixiviados e a Estação de Tratamento. E dessa visita, aquela associação pôde concluir que «as águas contaminadas são bombeadas para dois grandes tanques assentes no solo do Porto Comercial», seguindo um processo de «decantação das águas lixiviantes», após o que as águas filtradas serão devolvidas à natureza. 
A visita da ADIG insere-se na luta levada a cabo pela associação, no sentido de resolver problemas criados pelo manuseamento de lixiviados e Petcoke, o que afetava seriamente as populações da freguesia da Gafanha da Nazaré e não só. Foi, garante a ADIG, um processo que chegou a bom porto, mas acrescente que «agora é suficiente continuar a manter os métodos de carga e descarga já em curso». 
Dando-se por satisfeita, a ADIG sublinha a importância do diálogo que leva, «naturalmente, a resultados frutíferos, para bem das pessoas e da natureza». E louva «o trabalho da nossa associação, dos habitantes e o contributo da APA e da Cimpor». 
De nossa parte, sentimos ser obrigação de os gafanhões felicitarem a ADIG e todos os que se empenharam na procura de soluções para a resolução de um problema que afetava seriamente a qualidade de vida das comunidades locais.

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