sábado, 2 de agosto de 2014

UM DIA PARA MAIS TARDE RECORDAR

Encontro com alunos de há 50 anos

De joelhos: Vítor Teixeira e Hélder Mateiro; De pé, da esquerda para a direita:
 Cândido Rocha, Fernando Neves, Fernando Batista, Carlos Teixeira,
Lucílio Marçalo, Veríssimo Salvador e Eduardo Neves;
Ao centro, eu próprio


Hoje vivi um dia para evocar memórias, celebrar a amizade e partilhar a camaradagem.  Um grupo de alunos meus de há meio século teve a gentileza de me convidar para um almoço de convívio no restaurante Traineira. Marcaram presença nove antigos alunos da Escola da Chave, exibindo as marcas inevitáveis do tempo. Patente em todos, contudo,  a alegria de viver, a palavra fácil, o sentido da partilha e o prazer do humor espontâneo. Uns aposentados e outros ainda no ativo, porque parar é morrer. 
Para memória futura, aqui ficam os seus nomes:

Carlos Teixeira 
Vítor Teixeira
Cândido Rocha
Hélder Mateiro
Lucílio Marçalo
Veríssimo Salvador
Fernando Neves
Eduardo Neves
Fernando Batista

Sublinho, como nota importante, o esforço feito pelo Veríssimo Salvador, de Manta Rota, Algarve, que não vinha à Gafanha da Nazaré há 15 anos. 

Entretanto, veio a informação dos que já faleceram e cuja evocação sentida foi feita por quem mais de perto os conheceu:

Manuel Carlos Roque
Manuel Carlos Gonçalves
Rogério da Costa Pereira
António Soares
João José Cardoso
Carlos Alberto Ferreira Novo
Carlos Manuel Vidreiro Ramos
Júlio Ribau

Os que não puderam participar no encontro, por endereço desconhecido ou por questões profissionais, também foram recordados:

Ferrer Vidreiro Duarte (Telefonou de França no momento do convívio com palavras amigas que caíram muito bem no meu coração e no grupo)
Celso Alves Pinto (Chega em breve a Portugal para férias, vindo do estrangeiro)
Álvaro Carvalho
José Alice Ferreira
Adérito Carvalho
Carlos Manuel Cravo Alves
João Evangelista Palmela
Manuel de Almeida Ferreira
Vítor (não consegui reter os apelidos)

O almoço, para além dos aperitivos e das sobremesas a gosto, constou de ensopado de garoupa. Para alguns houve garoupa grelhada. O vinho era bom. Alguém disse, a propósito, que há duas qualidades de vinho: o bom e o muito bom. Não faltaram os digestivos para quem os desejou.

Sempre valorizo estes encontros, mormente os que aproximam professores e antigos alunos. Emocionam-me até, como qualquer pai se emociona quando revê os filhos que voltam à casa paterna depois de longa ausência. E se é verdade que muitos antigos alunos se dispersaram pela emigração, por motivos profissionais ou outros, também é verdade que alguns se mantiveram nesta terra que os viu nascer, sem que eu tivesse a oportunidade de com eles conviver. A vida tem destes mistérios. Talvez por isso, houve rostos que tive dificuldade em identificar. 

Ouvi estórias de vida, de alegrias, de vitórias, de ternura, de amizades, com muitos sinais de cultura e de experiências profissionais. A dado momento, houve quem recitasse, naturalmente, quadras de António Aleixo, e quem recordasse festas em que participaram, gostos culinários, viagens com lugar cativo nas suas memórias. 

O encontro foi organizado pelo Carlos Teixeira, que se esmerou na localização dos seus colegas e meus antigos alunos. No final, presentearam-me com uma placa alusiva ao convívio. Gostei obviamente de os rever, de os ouvir e de sentir que todos cultivam a gratidão, o amor à vida e a amizade. 
O convívio terá continuidade, se Deus quiser. 
Muito obrigado a todos.

Fernando Martins


UMA NOVA CONSTITUIÇÃO

Crónica de Anselmo Borges no DN

Sobre o paradoxo da Igreja, o sociólogo Olivier Bobineau tem um texto penetrante e inexcedivelmente límpido. "A Igreja Católica é uma junção paradoxal de dois elementos opostos por natureza: uma convicção - o descentramento segundo o amor - e um chefe supremo dirigindo uma instituição hierárquica e centralizada segundo um direito unificador, o direito canónico. De um lado, a crença no invisível Deus-Amor; do outro, um aparelho político e jurídico à procura de visibilidade. O Deus do descentramento dos corações que caminha ao lado de uma máquina dogmática centralizadora. O discurso que enaltece uma alteridade gratuita coexiste com o controlo social das almas da civilização paroquial - de que a confissão é o arquétipo - colocado sob a autoridade do Papa. Numa palavra, a antropologia católica tenta associar os extremos: a graça abundante e o cálculo estratégico. Isso dá lugar tanto a São Francisco de Assis como a Torquemada."
Será este paradoxo, para não dizer contradição, superável?

DAI-LHE VÓS DE COMER

Uma reflexão semanal de Georgino Rocha

«O ser humano, em todas as suas dimensões, é ameaçado pela fome de pão, de consideração e apreço, de valia pessoal e reconhecimento social, de superação dos limites e de aspiração ao Infinito. Todo o ser humano é um peregrino de Deus que vai encontrando e saboreando nos gestos de fraternidade realizados enquanto é tempo. A mesa comum espera-nos no fim da caminhada, embora esteja posta desde já em forma sacramental na celebração da eucaristia. Daí, a mais-valia da missa dominical.»

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

ARTE NO SEMINÁRIO DE AVEIRO



Quando passo ou entro no Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, não me canso de apreciar o que de bom e belo o edifício nos reserva. Na fachada e no interior não faltam motivos que nos deixam satisfeitos. Siza Vieira, o arquiteto mais badalado do nosso país e um dos mais conceituados do mundo, com obra feita por todo o lado, considerou o Seminário de Santa Joana Princesa como um belo exemplar e bem representativo de década de 50 do século passado. Isso nos basta para com mais força o visitarmos e apreciarmos. Há tempos registei fotos como esta, situada num corredor de um piso superior, com vista para a igreja daquela casa de formação. Quando puderem, passem por lá. Pode ser que alguém vos possa mostrar o interior do edifício.

A SOCIEDADE DO CANSAÇO

Crónica de José Tolentino Mendonça

«A verdade é que as nossas sociedades ocidentais estão a viver uma silenciosa mudança de paradigma: o excesso (de emoções, de informação, de ofertas, de solicitações…) está a atropelar a pessoa humana e a empurra-la para um estado de fadiga, de onde é cada vez mais difícil retornar. O risco é o aprisionamento permanente nessa armadilha como explicava profeticamente Fernando Pessoa: «Estou cansado, é claro,/ Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado./ De que estou cansado não sei:/ De nada me serviria sabê-lo/ Pois o cansaço fica na mesma». Valia a pena pensar nisto.»


quinta-feira, 31 de julho de 2014

FELIZES

«O mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes.»


Alexandre Dumas, 

1802 - 1870

segunda-feira, 28 de julho de 2014

UM LIVRO PARA ESTAS FÉRIAS

“Os Novos Maias na Costa Nova” de Senos da Fonseca




“Os Novos Maias na Costa Nova” é o mais recente livro de Senos da Fonseca. Se querem um conselho amigo, aproveitem para o ler nestas férias; dirijo-me sobretudo aos veraneantes desta praia de «mil encantos, e recantos…», no dizer expressivo do autor, que não dispensa, durante meio ano, como um dia garantiu, fixar-se por aqui, para se enredar no mar e na ria, deles inspirando a maresia e o linguajar do povo.
A génese deste trabalho situa-se numa notícia publicada no EXPRESSO, a propósito das comemorações dos 125 anos de “Os Maias”. O desafio lançado pelo semanário foi dirigido a autores conhecidos e propunha a escrita de um novo capítulo do célebre livro de Eça de Queiroz, que teria por título “Os Novos Maias”. 
Senos da Fonseca dormiu mal nessa noite. «O desafio começou a atormentar-me», referiu na Justificação do livro. E aceitou o repto, sabendo a priori que «Eça “viu” na Costa-Nova, in loco, outras gentes, ainda sãs». E na referida Justificação afirma que situou as personagens de “Os Novos Maias”, em 1907, afiançando que, «só por coincidência, têm nomes historicamente conhecidos».
Escusado será dizer que apreciei o livro, tanto mais que o autor consegue, com poesia e arte, na minha ótica de não-crítico literário, por ausência de dotes e conhecimentos que não possuo, reportar-me aos princípios do século XX, sabendo, como sei, que Eça por aqui veraneou, desde menino, dando-se ao luxo até de criar uma tal Viscondessa da Gafanha, mulher que, de tantos vícios, jamais poderia ter existido entre nós. O porquê dessa figurinha ligada a uma terra de gente trabalhadora e humilde não o sei. Mas gostava de saber. 
Senos da Fonseca serve-se, e bem, da família Pinto Basto, da alta sociedade da época, «gente de fartos e entrouxados cabedais», para acolher figuras gradas da obra de Eça na Costa Nova do Prado. E fez muito bem. 
O trabalho deste autor ilhavense está cheio de referências a frequentadores da nossa Costa Nova, personalidades de renome na região e no país, na época retratada. E no seu livro, a figura central de “Os Maias”, Carlos da Maia, tem aqui, como no mundo à sua volta, quem goste de o servir e adular, nomeadamente o João da Ega, sempre disponível para satisfazer os seus gostos e caprichos. 
Como não podia deixar de ser, Carlos da Maia apaixona-se pela Joana, filha do arrais Sr. Maaia, que o Ega retratou assim: «um verdadeiro poema de amor: esbelta como Siracusa, alta como um cipreste negro da Grécia...». E não digo mais… Permitam-me, contudo, que refira o jeito poético com que Senos da Fonseca domina os temas amorosos e a beleza sem artifícios, e não só. 
É óbvio que não vou contar a trama romanesca, mesmo resumidamente, encaixada em 10 capítulos, sendo este último preenchido por dez postais com estórias, qual delas a mais saborosa, sobretudo as que saem do linguajar da nossa gente, onde a malícia tem lugar marcado. 
“Os Novos Maias na Costa Nova” é uma edição do autor que também ilustra os postais. A capa é de Sara Bandarra e a revisão foi de Maria Helena Malaquias. A execução gráfica é da Officina Digital.
Boas férias com boas leituras. 

Fernando Martins


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