"O que é que significa dizer que a política é má? No caso actual, é uma combinação de ideologia colada a cuspo; incompetência e ignorância; ideias superfíciais atiradas de forma experimental; indiferença perante o sofrimento alheio; hostilidade à maioria dos portugueses que são pecaminosos do lado do "estado", dos subsídios, do "viver acima das suas posses"; más pessoas e mal escolhidas; falta de ética; propensão para a manipulação e a mentira; muitos aprendizes de feiticeiro e muitos sapateiros a ultrapassarem a sua sandália. Tudo junto, explica tudo."
Li aqui
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sábado, 10 de agosto de 2013
Todos somos animais políticos
Anselmo Borges |
O partido da cadeira vazia
«Tenho escrito aqui permanentemente que considero a actividade política - também no sentido mais estrito da governação - uma actividade nobre, das mais nobres. Quando isso acontece no quadro do trabalho para o bem comum, antepondo o interesse comum aos interesses próprios e dos partidos.
Mas, quando observo a corrida vertiginosa e tão interessada de tantos a candidatos para cargos políticos em disputa, tenho de confessar, sinceramente, que não acredito que a maior parte o faça generosamente, por amor à causa pública, ao serviço do bem comum. Que interesses, que vantagens, que compadrios, que cumplicidades, que privilégios, que benesses, que vaidades os movem?»
Anselmo Borges
HAVANESA muda de rumo
Uma novidade na Figueira da Foz
Desde que me habituei a passar uns dias na Figueira da Foz, já lá vão 13 anos, a visita à Livraria Havanesa era obrigatória. Os livros sempre me atraíram e ali encontrava uma gerente e funcionárias acolhedoras, sobretudo a primeira, que sabia sugerir leituras interessantes e até importantes, tanto da literatura como sobre a Figueira da Foz. Pude confirmar que por ali passava a elite intelectual da terra e não só. Os visitantes, de passagem ou de férias, conversavam com ela de vivências de anos passados e notava-se, com facilidade, uma natural cumplicidade cultural. Eu não passava de mero observador e na Havanesa identifiquei personalidades da vida literária e não só.
Já não ia à Figueira há uns tempos e das últimas vezes, por dificuldades de locomoção, que as pernas não gostam muito de subidas e descidas, não passei pela Havanesa, pelo que ontem fiquei surpreendido. A Havanesa tinha mudado de gerência e deixou de ser aquele ponto de encontro de amigos de livros, que se encostavam ao balcão para uma troca de impressões sobre a Figueira e literaturas. A surpresa, contudo, foi agradável. Se a venda de livros se democratizou, se as livrarias clássicas perderam na competição comercial com as grandes superfícies e com os grandes grupos económicos que tudo dominam com as suas campanhas de promoções desenfreadas, então os responsáveis pela Havanesa deram um salto qualificativo, transformando-a em restaurante, café e bar, mantendo livros como aperitivos. Ontem estava na hora de regresso à Gafanha da Nazaré, mas prometo voltar, para comprar livros, meu prazer de há muito, mas ainda para saborear uns petiscos, de que sou um apreciador certo, mas comedido.
Oração da Paz
S. Francisco de Assis é sempre inspirador
Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Da Liturgia das Horas de hoje
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Da Liturgia das Horas de hoje
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Lita e Fernando - 48 anos de casados
Celebramos hoje, 7 de agosto, o nosso casamento. Foi há 48 anos, na igreja matriz do Bunheiro, Murtosa, em cerimónia presidida pelo nosso comum amigo padre Manuel Ribau Lopes Lé, de saudosa memória, estando presentes muitos familiares e algumas pessoas que nos eram mais próximas.
Ao recordar esta saborosa efeméride, que preservamos como riqueza que nos alimenta dia a dia, retrocedemos no tempo para tornar mais presente momentos inesquecíveis, como os nascimentos dos filhos (Fernando, Pedro, Paulo e Aida) e dos netos (Filipa, Ricardo e Dinis), afinal, os que perpetuam, com o nosso espírito e o nosso ADN, a nossa presença no mundo.
Muitos dos que estiveram connosco naquela hora, em que nos aceitámos para toda a vida, já nos deixaram, mas as suas boas lembranças, os seus exemplos de vida, os seus testemunhos de fé e de perseverança, esses estão inculcados na nossa alma. Recordamo-los com muita saudade e imensa gratidão.
E porque a vida continua, com projetos, sonhos e anseios, vamos ficar atentos aos que nos rodeiam, familiares e amigos, apostando em convivências fraternas, partilhas solidárias e amizades duradoiras, na convicção de que o mundo, apesar de tudo, vai ser melhor para todos.
Coisas interessantes
"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."
Carlos Drummond de Andrade (1902 // 1987)
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Carlos Drummond de Andrade (1902 // 1987)
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terça-feira, 6 de agosto de 2013
O MARNOTO GAFANHÃO — 2
Texto de Ângelo Ribau Teixeira
A época da marinha
começava por alturas da Páscoa
A época da marinha começava normalmente por alturas da Páscoa.
Era pelo abrir da bomba de tubo que tudo começava. Ia-se escoando a água da marinha, ao mesmo tempo que se ia apanhando algum moliço que existisse, começando pelos algibés, a parte mais alta e que primeiro secava. Depois reforçavam-se as barachas com a lama existente junto das mesmas, que era anafada enquanto se encontrava ainda mole, para facilitar o serviço. Este era repetido à medida que as diversas partes da marinha iam ficando secas:
— Algibés;
— Caldeiros;
— Talhos;
— Sobrecabeceiras;
— Cabeceiras;
— Marinha Nova (parte de cima);
— Marinha Nova (parte de baixo);
— Marinha Velha (parte de cima) e
— Marinha Velha (parte de baixo).
Todas as lamas eram arrastadas andaina a andaina (parte de cima + parte de baixo) até serem depositadas no intervalo, onde eram deixadas a endurecer. Endurecida, era baldeada à pá para a malhada, onde ficava a secar. Seca, era novamente baldeada agora para o malhadal para aumentar a sua altura e evitar que as marés vivas entrassem nas marinhas, servindo também para aumentar a altura das eiras do sal e protegendo-o das águas das marés vivas.
A baldeação das lamas para o malhadal era normalmente feita quando havia chuva que não permitisse o trabalho na marinha. Assim, quando nós víamos tempo de chuva, logo pensávamos: “Hoje vou dormir um bocado na tarimba”. Puro engano. Logo vinha a ordem para os moços: “Não está tempo de trabalhar na marinha. Peguem nas pás e vão baldear mais um bocado de malhada até o tempo estiar…”
Quando a lama era muita — o Inverno tinha sido muito pesado — e não era possível arrastá-la até ao intervalo, por as almajarras (pás com cerca de dois metros de largura, que tinham de ser manejadas pelo menos por dois homens) se tornarem muito pesadas, esta era deixada a secar nas partes de cima da marinha. Depois de seca era tirada, em canastras, para o malhadal.
Se os marnotos tinham posses, era falado a pessoal extra que vinha ajudar a transportar essas lamas.
Depois de tiradas as lamas, a marinha estava “limpa” e iniciava-se o tratamento das praias das partes de baixo, que eram secas até que ficassem duras, tarefa que levava o seu tempo, dependendo do vento, da temperatura e do sol que fizesse.
Com a praia com a dureza necessária (e isso dependia do marnoto, um verdadeiro técnico), era pisada com um círcio (objeto feito de um toro de pinheiro, com uns quarenta centímetros de diâmetro e cerca de um metro de comprimento, pesado e que tinha de cada lado um eixo, onde se aplicavam as “maueiras” que serviam para o puxar e empurrar) que ia e vinha do tabuleiro do meio até ao tabuleiro do sal em movimento contínuo.
Era meio-dia a passear para baixo e para cima, até que todos os meios estivessem circiados. Só as partes de baixo, onde iria ser colhido o sal, levavam este tratamento, dado com a praia quente, para evitar que a lama se colasse ao círcio. A praia tinha de ficar lisa e nivelada para que a moira ficasse com a mesma altura em todos os lados do “meio”, o que aumentava a produção de sal.
Para que cada meio ficasse devidamente nivelado, era “arriada” (passada) a água que se encontrava nas partes de cima para as partes de baixo. Essa água servia de nível.
Onde se encontrasse um cabeço era rapado com um rasoilo (rasoila pequena com cerca de vinte centímetros) e essa lama era retirada para o malhadal. Era um serviço moroso e de paciência, para que ficasse bem feito. E sempre vigiado pelo marnoto…!
Findo este serviço a água, que tinha estado nas partes de baixo e foi apurando o grau de salinidade era aproveitada, sendo ugalhada (atirada com um ugalho) para a parte de cima, onde continuava a apurar.
Nas partes de baixo continuava o serviço de preparação do terreno dos meios. Seriam essas superfícies onde se colheria o sal, pelo que teriam de estar bem niveladas e limpas.
Continua...
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