sábado, 16 de março de 2013

Que se pode esperar do Papa Francisco?


Francisco, reconstrói a minha Igreja
José Tolentino Mendonça

José Tolentino Mendonça

É verdade que o nome Francisco tem representantes de altíssimo alcance na tradição (de Francisco de Assis a Francisco Xavier ou a Francisco de Sales), mas porventura ao ouvir a escolha do nome “Francisco”, por parte do novo papa, o pensamento da maioria de nós se tenha virado para a figura dopoverello e para as palavras que lhe dirigiu o Cristo de São Damião: “Francisco, reconstrói a minha Igreja”. A Igreja de que Jorge Mario Bergoglio é agora pastor precisa evidentemente de reconstrução. Os desafios são imensos, quer internamente quer no diálogo com o mundo. Os tempos são de reconfiguração: o que se sente é que as estruturas herdadas de uma determinada época estão exaustas (por exemplo, o estrito modelo da paroquialização) e não servem convenientemente as realidades emergentes no seio da própria Igreja.

Poesia para este tempo

Sugestão de leitura do caderno Economia do EXPRESSO

Eu tinha um velho tormento
Eu tinha um sorriso triste
Eu tinha um pressentimento

Tu tinhas os olhos puros
Os teus olhos rasos de água
Como dois mundos futuros

Entre parada e parada
Havia um cão de permeio
No meio ficava a estrada

Depois tudo se abarcou
Fomos iguais um momento
Esse momento parou

Ainda existe a extensa praia
E a grande casa amarela
Aonde a rua desmaia

Estão ainda a noite e o ar
Da mesma maneira aquela
Com que te viam passar

E os carreiros sem fundo
Azul e branca janela
Onde pusemos o mundo

O cão atesta esta história
Sentado no meio da estrada
Mas de nós não há memória

Dos lados não ficou nada

Mário Cesariny


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Papa quer uma Igreja pobre e para os pobres

O Papa Francisco disse hoje que quer uma «Igreja pobre e para os pobres»

Que grande desafio para todos os católicos. Ficamos à espera de exemplos que venham de cima. Jamais a conversa de «olha para o que eu digo e não para o que eu faço». Disso estamos todos fartos...

E o Governo não estará neste grupo?

Camilo nasceu neste dia

Homenagem a Camilo Castelo Brancos,
nascido neste dia de 1825


Camilo tem lugar de honra nas minhas estantes 


Comédia humana

Literatos! Chorai-me, que eu sou digno
Da vossa gemebunda e velha táctica!
Se acaso tendes crimes em gramática,
Farei que vos perdoe o Deus benigno.

Demais conheço a prosa inflada, enfática,
Com que chorais os mortos; e o maligno
Desafecto aos que vivem… Não me indigno…
Sei o que sois em teoria e em prática.

Quando o avô desta vã literatura
Garret, era levado á sepultura,
Viu-se a imprensa verter prantos sem fim…

Pois seis dos literatos mais magoados,
Saíram, nessa noite embriagados,
Da crapulosa tasca do Penim.


Li este soneto aqui

O Papa é um bispo que tem o primado pastoral

O maior afrodisíaco
Anselmo Borges

Anselmo Borges



Ainda Papa, J. Ratzinger disse o que é decisivo: "Nós somos a Igreja; a Igreja não é uma estrutura; nós, os próprios cristãos juntos, todos nós somos o Corpo vivo da Igreja. Naturalmente, isto é válido no sentido de que o 'nós', o verdadeiro 'nós' dos crentes, juntamente com o 'Eu' de Cristo, é a Igreja."

Mas, de facto e desgraçadamente, quando se pensa e fala e escreve sobre a Igreja, no que se pensa e fala e sobre que se escreve é, em primeiro lugar, a Igreja enquanto instituição e concretamente a organização central - em que se pensa, quando se diz o Vaticano? -, com o Papa, o cortejo de cardeais, arcebispos, bispos, monsenhores da Cúria e o Banco do Vaticano e regras e normas e escândalos e intrigas que se diz aninharem-se por lá e, evidentemente, também o espectáculo nem sempre edificante, e o folclore. Aliás, quem se não quiser enganar, mesmo dentro da Igreja, que se pergunte: o que juntou os mais de 5000 jornalistas estrangeiros em Roma para a eleição do novo Papa? Foi verdadeiramente a Igreja viva, constituída pelos discípulos de Jesus, que procuram real e verdadeiramente segui-lo no amor de Deus e do próximo?

“Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra”

VAI E NÃO TORNES A PECAR
Georgino Rocha

Georgino Rocha

Esta sentença contrasta radicalmente com o preceituado na Lei de Moisés e constitui uma excelente e estimulante orientação de vida. É declarada por Jesus após o julgamento sumário da mulher apanhada em adultério e trazida por zelosos escribas e fariseus. Condensa exemplarmente a atitude de Jesus e reproduz o núcleo do seu ensinamento face a quem se desvia nos comportamentos dignos da condição humana, reflexo da bondade original de Deus.
Os rigorosos fariseus “deliciam-se” com o sucedido. E não era para menos. Não havia escapatória para Jesus. Por justiça legal, ela devia ser morta por apedrejamento. Por condescendência e misericórdia podia ser salva, mas transgredindo abertamente o preceituado tradicional. “E tu que dizes?” – indagam eles, alimentando o sonho discreto de o “porem à prova” com esta armadilha e terem razões para o acusar ou contradizer.