sábado, 18 de julho de 2009
Matrimónios nulos

Casamentos que a Igreja anulou
"Não separe o homem o que Deus uniu." É esta a frase que remata o rito do casamento católico. Apesar de não reconhecer o divórcio, por considerar que, à luz da fé, a união entre marido e mulher é indissolúvel, a Igreja Católica admite que alguns casamentos não são válidos. Porque algo falhou: a vontade, a capacidade para cumprir os seus requisitos ou os propósitos da união. Para conferir nulidade a um casamento, o caso é analisado num tribunal eclesiástico, é moroso, sigiloso. E delicado, pois envolve a intimidade do casal. O DN foi conhecer três vidas assim. Uma das pessoas já voltou a casar e tem família. Porque, diz a Igreja, o seu primeiro casamento nunca aconteceu
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A Igreja e o social (1)
"O desenvolvimento humano integral
na caridade e na verdade"
Não terá sido mera coincidência a terceira encíclica de Bento XVI sobre "o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade" no contexto da presente crise económica mundial, Caritas in Veritate (A caridade na verdade), ter sido publicada pelo Vaticano na véspera da cimeira do G8 e dois dias antes do encontro de Obama com o Papa. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Franco Frattini, veio sublinhar o facto na RAI, televisão pública do país, declarando que a encíclica papal "guiou"os trabalhos do G8.
A chamada "Doutrina Social da Igreja" é constituída fundamentalmente por uma série de encíclicas de Papas, a primeira das quais foi a Rerum Novarum, de Leão XIII, seguindo-se a Quadragesimo Anno, de Pio XI, a Pacem in Terris, de João XXIII, a Populorum Progressio, de Paulo VI, a Laborem Exercens, a Sollicitudo Rei Socialis e a Centesimus Annus, de João Paulo II. A mais de 40 anos da publicação da Populorum Progressio, Bento XVI quer, com esta nova encíclica, homenagear o seu autor, Paulo VI, retomando os seus ensinamentos, mas actualizando-os, para que iluminem o caminho da Humanidade em vias de unificação.
Caritas in Veritate foi recebida com indiscutível interesse. O debate público à sua volta revela a grande autoridade do Papa não só no mundo católico, mas também entre políticos e organismos internacionais. Vários media mundiais de referência consagraram-lhe o editorial, sublinhando a sua importância e até a sua inesperada orientação à esquerda.
Defende o mercado e a liberdade individual, mas denuncia o capitalismo selvagem; apela para os valores éticos que devem guiar a economia e a política - "para o seu correcto funcionamento, a economia tem necessidade da ética, e uma ética amiga da pessoa"; pronuncia-se pela necessidade de o Estado recuperar um papel activo, destinado inclusive a crescer, sobretudo por causa da regulação do mercado; declara a urgência da reforma das Nações Unidas e da arquitectura financeira global, acentuando a necessidade de uma "Autoridade política mundial" reconhecida por todos, que, actuando segundo os princípios da solidariedade e da subsidiariedade, goze de poder efectivo.
O que conta é o Homem, e o desenvolvimento só é verdadeiro, se for integral, isto é, do Homem todo e de todos os homens. Reclama, pois, uma globalização que tenha em conta a dignidade pessoal de todos. Assim, "a crise obriga-nos a rever o nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, a apoiar-nos nas experiências positivas e a rejeitar as negativas". "Devemos ser protagonistas e não vítimas da globalização".
Neste domínio, "a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer" e também não pretende "de modo nenhum meter- -se na política dos Estados". Mas, estando ao serviço de Deus, tem uma missão a cumprir a favor de uma sociedade à medida do Homem e da sua dignidade. "A fidelidade ao Homem exige a fidelidade à verdade, que é a única garantia de liberdade e de possibilidade de um desenvolvimento humano integral".
Precisamente "caridade" e "verdade" não são apenas as palavras que dão o nome à encíclica. São o seu fundamento. Porque Deus "é ao mesmo tempo Agapé e Lógos: Caridade e Verdade, Amor e Razão". Assim, o amor é o caminho real da doutrina social da Igreja. Mas a verdade é luz que dá sentido e valor ao amor. Sem verdade, o amor cai em sentimentalismos. "Sem verdade, sem confiança e amor pelo verdadeiro, não há consciência e responsabilidade social, e a actuação social fica à mercê de interesses privados e lógicas de poder".
A caridade na verdade é "o princípio sobre o qual gira a doutrina social da Igreja", que actua nos dois critérios fundamentais orientadores da acção moral: a justiça e o bem comum. Quem ama é justo e até supera a justiça, com relações de gratuidade. O bem comum é exigência da justiça e do amor. "Trabalhar pelo bem comum é cuidar e utilizar o conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que se configura assim como pólis, como cidade", cada vez mais cosmopólis.
Anselmo Borges
In DN
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Um livro de Vasco Pulido Valente: É sempre bom revisitar a nossa História

“Pouco depois do «5 de Outubro», António José de Almeida perguntou, melodramaticamente, se 300 000 republicanos chegavam para manter em respeito 5 milhões de portugueses. A pergunta era boa. Sobretudo porque, na melhor das hipóteses, os republicanos não passavam de 100 000. Em 1910 o PRP [Partido Republicano Português] não tinha qualquer organização na maioria dos concelhos do país e onde a tinha no papel quase sempre não a tinha na realidade: comissões e agremiações com nomes heróicos, que na prática se reduziam à mesma meia dúzia de amigos, associados sob diversos nomes e pretextos.”
Vasco Pulido Valente,
In Portugal – Ensaios de História e de Política
Papa já deixou o hospital e regressou à casa de férias
Seis horas depois de ter entrado no hospital, o Papa regressou à sua casa de férias nos Alpes italianos. Bispos de Itália saúdam Bento XVI
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O Papa deixou o hospital de Aosta em automóvel, regressando à estância de Les Combes, onde está a passar férias.
Bento XVI trazia o pulso engessado, na sequência da operação a que foi submetido. O Sumo Pontífice, muito sereno, saudou com o braço esquerdo e com um sorriso os jornalistas que o esperavam à saída.
A intervenção, que durou 25 minutos, consistiu no realinhamento dos fragmentos do osso, com vista à redução da fractura.
O cirurgião ortopédico que realizou a operação, Amedeo Mancini, afirmou que o acidente não trará consequências, e que quando o pulso estiver curado, o Papa poderá voltar a escrever e a tocar piano.
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Mais um gafanhão na alta-roda do atletismo: Ricardo Freitas

UM CAMPEÃO NA FORJA?
Encontrei-me, ontem, com o treinador de atletismo Júlio Cirino e com um seu discípulo, o jovem Ricardo Freitas, de 15 anos, que, entre os dias 20 e 25 de Julho, vai participar nas Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia, a realizar em Tempere – Finlândia. Com ele seguem mais cinco lançadores. Júlio Cirino acompanhará os atletas, como responsável.
O Ricardo, de que falarei em breve, está a treinar Peso e Disco, sendo um atleta promissor, já com alguns recordes no seu currículo. Aliás, tem a quem sair, já que é sobrinho e afilhado da campeã Teresa Machado.
A representação portuguesa, ao nível do atletismo (masculina e feminina), conta com 33 presenças nas diferentes especialidades: corridas, saltos e lançamentos.
Nesta jornada, participam rapazes e raparigas de outras modalidades, como o Judo e Natação, entre outras, em jeito de preparação dos jovens portugueses, tendo em vista a participação nos Jogos Olímpicos de 2016.
Dos subúrbios de Paris
Abertura à pluralidade da cultura?
1. A celebração do dia nacional de França, 14 de Julho deste ano teve envolvências dignas de registo. O dia nacional tem, como se sabe, raízes na designada Tomada da Bastilha (ano de 1789) e marca um dos factos mais importantes do início da Revolução Francesa. Nas imagens da televisão viam-se o presidente francês e o chefe de estado indiano, a que se junta o facto do exército da Índia desfilar em Paris, nos Campos Ilísios. Ao ver as imagens dos dois responsáveis políticos poder-se-ia pensar numa visão de abertura intercultural da França, de uma noção de República (palavra tão nacional… francesa!) aberta às pluralidades das culturas, etnias, raças, grupos, filosofias, religiões, diversidades humanas, no fundo a superação de uma racionalismo de estado nacional, agora que as fronteiras estão esbatidas e que tudo é transnacional. Nem tanto assim era esse o motivo…
2. A comemoração de uma parceria estratégica entre a França e a Índia foi o argumento para o primeiro desfile militar externo da Índia ocorrer na avenida simbólica francesa, esta habitualmente um espaço circunscrito à visão nacional francesa. Se no ano passado Sarkozy foi o convidado de honra do desfile militar da festa republicana indiana em Nova Delhi, desta vez a retribuição trouxe à Europa o exército indiano. Bom seria que fossem outras as mobilidades humanas! Há partilhas culturais bem mais interessantes e dignificantes que a paisagem de poderio militar, mas é assim que ainda vai o mundo! O discurso do presidente francês não deixa margem para dúvidas: a França quer afirmar-se no poder das armas e quer (continuar a) vendê-las à Índia. Está tudo visto e dito…
3. “Decorria” este acontecimento político-diplomático e os subúrbios de Paris, já do tempo da véspera(s), estava aos solavancos, a arder… Carros ateados, locais assaltados, insegurança máxima. Estes subúrbios onde nasceram tantos factos marcantes continuam a ser a gestação humana de novas revoluções, enquanto o desfile das armas entretém a razão política…
Alexandre Cruz
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