Será que alguém duvida da esperteza das aves marinhas? Elas sabem que a traineira leva peixe e do bom. E como a fome aperta...
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Museu de Ílhavo no PÚBLICO de hoje


Na pesca do bacalhau
Inaugurado em 1937, o museu situa-se desde 2001 em novas e modernas instalações, desenhadas pelos arquitectos Nuno e José Mateus. Dedica boa parte do seu espaço à relação dos habitantes locais com a água. Duas exposições permanentes evocam dois dos eixos centrais desse tema: a pesca do bacalhau nas águas da Terra Nova (em lugres à vela, de madeira, servindo de base a flotilhas de dóris a remos, tripulados por um só homem) e a faina da ria de Aveiro (pesca e apanha do moliço). Um pólo exterior do museu acolhe o antigo arrastão Santo André, lançado à água em 1948 e que correspondeu à fase seguinte da pesca ao bacalhau, já mecanizada. Este navio-museu inaugurado em Janeiro de 2007 vale bem uma visita: podem ver-se a casa das máquinas, a cozinha e refeitório, os camarotes e até o grande porão do bacalhau.
Inaugurado em 1937, o museu situa-se desde 2001 em novas e modernas instalações, desenhadas pelos arquitectos Nuno e José Mateus. Dedica boa parte do seu espaço à relação dos habitantes locais com a água. Duas exposições permanentes evocam dois dos eixos centrais desse tema: a pesca do bacalhau nas águas da Terra Nova (em lugres à vela, de madeira, servindo de base a flotilhas de dóris a remos, tripulados por um só homem) e a faina da ria de Aveiro (pesca e apanha do moliço). Um pólo exterior do museu acolhe o antigo arrastão Santo André, lançado à água em 1948 e que correspondeu à fase seguinte da pesca ao bacalhau, já mecanizada. Este navio-museu inaugurado em Janeiro de 2007 vale bem uma visita: podem ver-se a casa das máquinas, a cozinha e refeitório, os camarotes e até o grande porão do bacalhau.
Museu Marítimo de Ílhavo, Av. Dr. Rocha Madail, Tel. 234 329990
:
Fonte: PÚBLICO de hoje
GUILHERME D’OLIVEIRA MARTINS

Guilherme d’Oliveira Martins é uma personalidade polivalente e multifacetada. É socialista, escritor, foi ministro dos Governos de António Guterres e deputado, é docente universitário, confe-rencista, militante católico, presidente da Centro Nacional de Cultura e Presidenta do Tribunal de Contas.
Fala sobre literatura, história, direito, filosofia, política, arte e religião, entre outros assuntos, sempre com elevação. Já Eduardo Prado Coelho, que o admirava, sublinhava a sua cultura global. Quando foi nomeado para o Tribunal de Contas, logo surgiram vozes de protesto pelo facto de ele ser socialista. Que iria pactuar com o Governo, era o mínimo que dele se esperava. Mas esses arautos da desgraça, que vêem nos outros aquilo que são, enganaram-se.
Guilherme d’Oliveira Martins, como pessoa honesta, não perdeu tempo com esses críticos. E uma vez no Tribunal, começou a exercer as suas funções com a independência que o caracteriza. Na sequência de outras decisões, em que reprovou contas do Governo de José Sócrates, também o Tribunal a que preside não deu luz verde a um empréstimo que a Câmara Municipal de Lisboa queria contrair para pagar dívidas. Choveram os protestos. Mas Guilherme d’Oliveira Martins já respondeu que se limitava a cumprir a lei. E disse mais: se não concordam com ela, os legisladores que a alterem.
FM
Fiquei tranquilo no mar
Deixei a floresta de cimento
que me incomodava
e fugi para o mar
que ali perto bramia
e me desafiava
com seu rugido
cadenciado
que me incomodava
e fugi para o mar
que ali perto bramia
e me desafiava
com seu rugido
cadenciado
Senti que o frio do cimento se foi
paulatinamente
paulatinamente
Veio então o calor das águas revoltas
que batiam forte
contra as pedras sofredoras
E com o bater do mar e o sofrer das pedras
fiquei tranquilo
e feliz
a ver passar o tempo
Fernando Martins
SOMOS LIVRES? DETERMINISMO E LIBERDADE

Esta é a pergunta decisiva. De facto, se não somos livres, o que se chama dignidade humana pode ser uma convenção, mas não tem fundamento real.
Mas quem nunca foi assaltado pela pergunta: a minha vida teria podido ser diferente? Para sabê-lo cientificamente, seria preciso o que não é possível: repetir a vida exactamente nas mesmas circunstâncias. Só assim se verificaria se as "escolhas" se repetiam nos mesmos termos ou não.
Não há dúvida de que a liberdade humana é condicionada. Mas ela existe ou é uma ilusão? Não vêm agora neurocientistas dizer que, mediante dados da tomografia de emissão de positrões e da ressonância magnética nuclear funcional, se mostra que afinal as nossas decisões são dirigidas por processos neuronais inconscientes?
De qualquer modo, em 2004, destacados neurocientistas também tornaram público um "Manifesto sobre o presente e o futuro da investigação do cérebro" - cito Hans Küng, no seu Der Anfang aller Dinge (O princípio de todas as coisas) -, revelando-se prudentes no que toca às "grandes perguntas": "Como surgem a consciência e a vivência do eu?
Como se entrelaçam a acção racional e a acção emocional? Que valor se deve conceder à ideia de 'livre arbítrio'? Colocar já hoje as grandes perguntas das neurociências é legítimo, mas pensar que terão resposta nos próximos dez anos é muito pouco realista." É preciso continuar as investigações, no sentido de perceber o nexo entre a mente e o cérebro. "Mas nenhum progresso terminará num triunfo do reducionismo neuronal. Mesmo que alguma vez chegássemos a explicar a totalidade dos processos neuronais subjacentes à simpatia que o ser humano pode sentir pelos seus congéneres, ao seu enamoramento e à sua responsabilidade moral, a autonomia da 'perspectiva interna' permaneceria intacta. Pois também uma fuga de Bach não perde nada do seu fascínio, quando se compreende com exactidão como está construída."
A liberdade não é desvinculável da experiência subjectiva, da "perspectiva interna". Essa experiência é transcendental, no sentido de que se afirma até na sua negação. De facto, se tudo se movesse no quadro do determinismo total, como surgiria o debate sobre a liberdade?
Essa experiência coloca-se concretamente no campo da moral e da responsabilidade. Neste contexto, há um célebre exercício mental de Kant na Crítica da Razão Prática, que é elucidativo e obriga a pensar. Suponhamos que alguém, sob pena de morte imediata, se vê confrontado com a ordem de levantar um falso testemunho contra uma pessoa que sabe ser inocente. Nessas circunstâncias e por muito grande que seja o seu amor à vida, pensará que é possível resistir. "Talvez não se atreva a assegurar que assim faria, no caso de isso realmente acontecer; mas não terá outro remédio senão aceitar sem hesitações que tem essa possibilidade." Existem as duas possibilidades: resistir ou não. "Julga, portanto, que é capaz de fazer algo, pois é consciente de que deve moralmente fazê-lo e, desse modo, descobre em si a liberdade que, sem a lei moral, lhe teria passado despercebida."
O que confunde frequentemente o debate é a falta de esclarecimento quanto ao que é realmente a liberdade. Ela é a não submissão à necessidade coactiva, externa e interna, mas não pode, por outro lado, ser confundida com a arbitrariedade e a pura espontaneidade - não implica a espontaneidade a necessidade?
A liberdade radica na experiência originária do Homem como dom para si mesmo.
Paradoxalmente, é na abertura a tudo, portanto, no horizonte da totalidade do ser, que ele vem a si mesmo como eu único e senhor de si. Então, agir livremente é a capacidade de erguer-se acima dos próprios interesses, para pôr-se no lugar do outro e agir racionalmente.
É preciso distinguir entre causas e razões. Quando se age sob uma causalidade constringente, não há liberdade. Ser livre é propor-se ideais, deliberar e agir segundo razões e argumentos, impondo limites aos impulsos, inclinações e desejos, o que mostra que o Homem pode ser senhor dos seus actos e, assim, responsável, isto é, responder por eles.
Anselmo Borges
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Descontentamento social
Os escândalos recentes, provocados pela crise do BCP, os altos salários de alguns gestores, privados e estatais, a corrupção, as reformas promovidas pelo Governo sem explicações credíveis e claras para que o povo as entenda, a arrogância de alguns ministros que falam do alto da sua cátedra sem ouvirem quem quer que seja, as cumplicidades e os negócios entre dirigentes partidários e a alta finança, bem como a última entrevista do primeiro-ministro, José Sócrates, em que mostrou desconhecer o país real, tudo isto tem gerado grandes perplexidades na sociedade portuguesa. Sente-se, claramente, que o povo está descontente. Tanto o que trabalha como o que se encontra na situação de aposentação ou reforma.
É indiscutível a tristeza que tolda os olhares de quem tem de viver a contar os míseros euros que tem no bolso, para conseguir chegar ao fim do mês sem grandes dívidas, quando se sabe que uma minoria (sempre a crescer, diga-se de passagem) tem muitos milhares ou milhões à discrição.
Sem aumentos salariais de acordo com a inflação, os trabalhadores e aposentados confrontam-se, no dia-a-dia, com a subida incontrolável dos preços. Desemprego e precariedade no trabalho assustadores. A vida do cidadão comum degrada-se a olhos vistos. Medicamentos e alimentação caríssimos e dívidas à banca com juros e encargos sempre em alta são razões constantes de inquietação, neste país em que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
O 25 de Abril veio para que houvesse mais democracia e mais justiça social. Mas a injustiça social, afinal, continua a conspurcar a nossa democracia. Há um milhão de portugueses com fome. Outros tantos em pobreza extrema.
A SEDES veio hoje com um conjunto de denúncias (ver texto mais abaixo) muito pertinentes. Quem as assina são especialistas na matéria. Oxalá os nossos políticos as analisem e passem à acção, para se evitarem conflitos sociais de contornos imprevisíveis. Há dias houve quem sugerisse um Movimento de Indignação, fundamentalmente para o povo mostrar o seu estado de descontentamento e revolta. Agora veio a SEDES. O que virá a seguir?
FM
Subscrever:
Comentários (Atom)