sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Descontentamento social

Os escândalos recentes, provocados pela crise do BCP, os altos salários de alguns gestores, privados e estatais, a corrupção, as reformas promovidas pelo Governo sem explicações credíveis e claras para que o povo as entenda, a arrogância de alguns ministros que falam do alto da sua cátedra sem ouvirem quem quer que seja, as cumplicidades e os negócios entre dirigentes partidários e a alta finança, bem como a última entrevista do primeiro-ministro, José Sócrates, em que mostrou desconhecer o país real, tudo isto tem gerado grandes perplexidades na sociedade portuguesa. Sente-se, claramente, que o povo está descontente. Tanto o que trabalha como o que se encontra na situação de aposentação ou reforma. É indiscutível a tristeza que tolda os olhares de quem tem de viver a contar os míseros euros que tem no bolso, para conseguir chegar ao fim do mês sem grandes dívidas, quando se sabe que uma minoria (sempre a crescer, diga-se de passagem) tem muitos milhares ou milhões à discrição. Sem aumentos salariais de acordo com a inflação, os trabalhadores e aposentados confrontam-se, no dia-a-dia, com a subida incontrolável dos preços. Desemprego e precariedade no trabalho assustadores. A vida do cidadão comum degrada-se a olhos vistos. Medicamentos e alimentação caríssimos e dívidas à banca com juros e encargos sempre em alta são razões constantes de inquietação, neste país em que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. O 25 de Abril veio para que houvesse mais democracia e mais justiça social. Mas a injustiça social, afinal, continua a conspurcar a nossa democracia. Há um milhão de portugueses com fome. Outros tantos em pobreza extrema. A SEDES veio hoje com um conjunto de denúncias (ver texto mais abaixo) muito pertinentes. Quem as assina são especialistas na matéria. Oxalá os nossos políticos as analisem e passem à acção, para se evitarem conflitos sociais de contornos imprevisíveis. Há dias houve quem sugerisse um Movimento de Indignação, fundamentalmente para o povo mostrar o seu estado de descontentamento e revolta. Agora veio a SEDES. O que virá a seguir? FM

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