segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O que é um «moliceiro»?



"Variam as suas dimensões conforme as zonas de navegação. Um moliceiro mede em média, 15 metros de comprimento, com 7,50 metros entre as cavernas de água. Para facilitar a apanha e o carregamento do moliço, apresenta costados muito baixos medindo de boca 2,50 metros e de pontal cerca de 1 metro. O fundo é plano e de pequeno calado adaptável à pouca profundidade existente em alguns pontos da Ria, este facto permite-lhe navegar por onde os barcos de quilha não passariam. Além disso, facilita a arrumação do moliço e os trabalhos de descarga."

Nota: 
1- Texto de Portos de Portugal;
2 - Painel de uma habitação na Gafanha da Nazaré.

Farol com estacas

 

Proteção do Farol com estacas e tabuado de eucalipto - 1947

sábado, 19 de outubro de 2024

O Homem: questão para si mesmo. 11

Máquinas com consciência?

O que diz alguém, quando diz “eu”? Afirma-se a si mesmo como sujeito, autor das suas acções conscientes, centro pessoal responsável por elas, alguém referido a si mesmo, na abertura e em contraposição a tudo.
Mas há observações perturbadoras. Por exemplo, pode acontecer que alguém adulto, ao olhar para si em miúdo, se veja de fora, apontando como que para um outro: aquele era eu, sou eu?
Há filósofos que se referem à ilusão do eu. Certas interpretações do budismo caminham nesta direcção. No quadro da impermanência e da interdependência de todas as coisas, fala-se da inexistência do eu, do não-eu. Matthieu Ricard, investigador em genética celular e monge budista, deu-me, há anos, num congresso no Porto, um exemplo: veja ali o Rio Douro. O que é o Rio Douro? Onde está o Rio Douro? Ele não existe como substância, pois não há senão uma corrente de água. Está a ver a consciência? O que é ela senão um fluxo permanente de pensamentos fugazes, de vivências? O eu não passa de um nome para designar um continuum, como nomeamos um rio.
Mas há a experiência vivida e inexpugnável do eu, ainda que numa identidade em transformação, que continuamente se faz, desfaz e refaz. O que se passa é que, não se tratando de uma realidade coisista, é inobjectivável e inapreensível.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O descanso da gaivota

 

Juro que não assustei a gaivota. Percebi que ela necessitava de descansar. Não disse nada, mas no seu olhar senti que ela gostou de ser fotografada. Daquele lugar, a gaivota contemplou a agitação que havia na Costa Nova. Ainda lhe segredei que naquela praia  há gente muito boa e peixe fresco de se lhe tirar o chapéu.

Um poema de Eugénio de Andrade



O mar. O mar novamente à minha porta.
Vi-o pela primeira vez nos olhos
de minha mãe, onda após onda,
perfeito e calmo, depois,

contras as falésias, já sem bridas.
Com ele nos braços, quanta,
quanta noite dormira,
ou ficara acordado ouvindo

seu coração de vidro bater no escuro,
até a estrela do pastor
atravessar a noite talhada a pique
sobre o meu peito.

Este mar, que de tão longe me chama.
que levou na ressaca, além dos meus navios?

Eugénio de Andrade

In POESIA, edição Assírio & Alvim

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Dia Mundial do Pão


O Dia Mundial do Pão celebra-se hoje, 16 de outubro, razão mais do que suficiente para escrever sobre ele. Esta data foi instituída pela União Internacional dos padeiros e afins no ano 2000. O pão é, sem dúvida, o alimento mais popular do mundo e pode acompanhar todas as refeições. E sobre as variedades podemos adiantar que são infinitas. Há pão para todos os gostos e para todas as horas. Havendo pão, não há fome. E, já agora, vou merendar. Pão com qualquer coisa , como é normal.