De uma passagem por Santa Cruz da Trapa registei uma curiosidade. Poesia no largo da vila achei interessante. Na nossa região seria impossível. Há tantos poetas que seria difícil a escolha.
domingo, 29 de outubro de 2023
Figueira da Foz
Sou dado a cultivar e lembrar gratas recordações. Este domingo foi assim. Dormitei e ao despertar corri à cata de fotografias de décadas, entre papelada diversa. E encontrei, a dada altura, uma fotocópia de um poema de João de Barros da Figueira da Foz. No seu busto/estátua, junto à praia, há um excerto de um seu poema:
“AQUELE MAR DA MINHA INFÂNCIA
BOM CAMARADA E MEU IRMÃO...
EU SORRIREI, CALMO E CONTENTE
SE OUVIR E VIR, PERTO; BEM PERTO
O MAR FRATERNO, O MAR ETERNO, O LIVRE MAR.”
Um certo dia teimei e resolvi ir à Biblioteca Municipal da Figueira da Foz. Não conheciam nenhum livro de João de Barros com esse poema. Depois de muita conversa, uma funcionária, com ares de muita experiência, adiantou: — Talvez nos arquivos da inauguração do monumento. E acertou... Guardo-o como uma relíquia. Sou assim.
AQUELE MAR
Aquele mar da minha infância,
bom camarada e meu irmão
a sua voz, o seu olor, sua fragrância
tanto os ouvi e respirei
que trago em mim o seu largo ritmo,
seu ritmo forte,
como se as praias onde espuma
quase me fossem
praias sem fim dentro de mim
ocultas praias, largas praias
do tumultuoso coração…
Aquele mar
meu confidente de horas idas
tudo escutava e adivinhava
do meu pueril e ingénuo anseio.
Nada sonhei que o não dissesse
– frémito de alma, grito ou prece –,
às madrugadas e aos poentes,
ao sol, às nuvens, ao luar,
ora nascendo, ora morrendo
nos longos, longos horizontes
em que se perdia o meu olhar…
Aquele mar
na calma azul, no temporal,
nunca mentia: era um só beijo,
hálito puro, largo harpejo
que me entendia e respondia
no seu inquieto marulhar…
Moço e menino, solitário,
rochas, falésias, areais
eu coroava-os de alegria
nos meus passeios matinais.
Ou nalgum barco pescador,
velas abrindo a todo o pano,
do oceano então era senhor,
largava a escota, navegava,
no vão desejo de aventuras,
que não chegava a realizar…
Mas era meu, e eu pertencia-lhe,
àquele mar,
era seu filho, escravo e dono,
sorria à sua Primavera,
amava a luz do seu Outono,
o vivo lume dos estios
a violência dos Invernos
longos clamores de temporais.
Aflito voo das gaivotas
junto das negras penedias,
também como ele me perdias,
nas tardes tristes e sombrias,
na bruma gélida das noites…
E a eternidade então ouvia
humano sonho sempre esquecido
na eterna voz que fala o mar.
João de Barros
NOTA: Edição de “Mar Alto” – Figueira da Foz,
1 de Junho de 1969, no dia da Festa da Cidade ao poeta.
Plantas da Bíblia — Flor-da-paixão
A Flor-da-paixão ou flor-de-maracujá é originária do Próximo Oriente. Anualmente cobre-se de flores, exuberantes e de aroma doce.
“Eu sou o narciso de Saron, o lírio dos vales. Como o lírio entre os espinhos, assim é a minha amiga entre os jovens (Ct 2: 1-2)"
Mudança da Hora
Logo mais, quando forem duas horas, atrase o relógio uma hora. E assim ganha uma hora. Já estamos habituados. Será que se ganha alguma coisa com esta mudança?
sábado, 28 de outubro de 2023
Dia Mundial da Terceira Idade
Celebra-se hoje, 28 de outubro, o Dia Mundial da Terceira Idade, com o objetivo de alertar para a situação económica e social da população idosa, no grupo em que "moramos", eu e minha mulher.
Dizem as notas que consultei que os idosos são os que passam mais tempo sozinhos e alguns carecendo de ajudas especializadas. Não será o nosso caso, que temos os dias ocupados com tarefas domésticas, ao nível das nossas capacidades. E temos, naturalmente, quem possa ajudar-nos.
Pessoalmente, vou sabendo ocupar o tempo. Leio, escrevo, tenho momentos de meditação, converso, vejo televisão, ouço rádio e procuro estar informado sobre o que se passa na região e no mundo. Por sua vez, a Lita é a "dona de casa". Estabelece o que se come, Faz as compras e destina as tarefas por duas senhoras que nos ajudam. Ainda cuida das galinhas e de uns gatinhos que aos seus cuidados se entregaram. Os antigos donos só lhes davam fome, mas os que ela cuida têm direito a sobremesa e tratamentos a condizer com as suas maleitas. E assim levamos por diante a nossa velhice, cultivando o otimismo.
Papa Francisco e a guerra
"Converte quem alimenta e estimula conflitos. Enxuga as lágrimas das crianças, que agora choram tanto, assiste os idosos que estão sozinhos, ampara os feridos e os doentes, protege quem teve de deixar a sua terra e os afetos mais queridos, consola os desanimados, desperta a esperança”
Arbusto estilizado pelo Google

Tenho para mim que imensas vezes passamos pelos jardins, particulares ou públicos, sempre a correr. Obcecados pela vida, nem tempo haverá para apreciar a natureza que tanta beleza nos oferece.
Eu por mim falo, sublinhando que também sou um desses. Cá por casa, porém, tenho o hábito de olhar as árvores, arbustos e até alguma florzita que sobressai no meio da verdura da relva ou de uma sebe. Certo é que até me questionam sobre a sua origem, pergunta a que, a maioria das vezes, nem sei responder. Mas hoje apreciem o que o Google me ofertou.
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