no Diário de Notícias
Continuamos com a urgência da cultura da pausa e do silêncio. Repetindo, chama-se, como diz o jesuíta Juan Masiá, professor em Tóquio, cultura da pausa à tradição oriental de dar importância aos silêncios numa conversa, às margens numa folha escrita ou num quadro, aos intervalos entre as palavras, aos vazios nas letras, aos espaços livres na arquitectura, ao não dito na mensagem, à receptividade na contemplação. Parar para ouvir o silêncio e contemplar: em vez de olhares para ti e eu olhar para mim, deixemo-nos olhar ambos pela "Realidade-Assim-Sempre-Presente cuja aura comum nos envolve". Sai de ti, para te encontrares no Todo. Deixa o eu superficial, transcende, descendo até ao eu profundo e ao "Assim-Sempre-Presente", que se manifesta. Sem pausas de silêncio, como poderíamos ouvir uma mensagem ou uma sinfonia? Sem intervalos, margens e vazios nas letras e entre frases, como poderíamos ler e entender? E verdadeiramente viver, indo ao essencial?