quarta-feira, 22 de março de 2023

UM SONETO DE FLORBELA ESPANCA

PERDI MEUS FANTÁSTICOS CASTELOS

Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma…
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!

Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre o mar de bruma…
— Tantos escolhos! Quem podia vê-los?
Deitei-me no mar e não salvei nenhuma!

Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias…

Sobem-me aos lábios súplicas estranhas…
sobre o meu coração pesam montanhas…
Olho assombrada as minhas mãos vazias…

Florbela Espanca

COMANDANTE ROCHA E CUNHA NASCEU NESTE DIA

22 de Março de 1876

Nasceu neste dia, 22 de Março de 1876, o Comandante Silvério Ribeiro da Rocha e Cunha, grande impulsionador das obras do Porto de Aveiro, publicista e ministro da Marinha.
Evoco este ilustre aveirense pelo seu contributo para as obras do Porto de Aveiro, que muito impulsionaram  o desenvolvimento da nossa região, em especial, e da nossa terra, em particular.

NOTA: No primeiro ano do ciclo preparatório da Escola Comercial, tive um professor de Português, Rocha e Cunha, que seria filho dele... 

terça-feira, 21 de março de 2023

RUI NABEIRO: EXEMPLO RARO

Faleceu um homem bom e generoso, que todos admiramos. Rui Nabeiro ficará na história do nosso país, por todo o bem que fez em prol da sua comunidade, Campo Maior, e Portugal. 
Sobre este empresário, que venceu muitas batalhas sem nunca sair da terra das suas origens e das suas gentes, já se falou e escreveu muitíssimo. Contudo, ainda haverá muito que dizer por quem o conheceu de perto e percebeu a sua coragem e determinação em não deixar ninguém para trás nos caminhos da vida.
Não conseguindo acrescentar nada ao muitíssimo que foi referido sobre a sua capacidade de trabalho e visão de futuro, ouso manifestar o desejo de que todos nós, cada um na sua  área  profissional e  de intervenção social e  empresarial,  saibamos e queiramos imitá-lo.
Que Deus o acolha no seu regaço maternal.  

ONDE ESTÁS, QUE NÃO TE OIÇO?



Meu querido, este mundo tal qual o conhecemos não é um
Marta Dutra
sítio recomendável para uma criança com a tua
sensibilidade, com a tua forma inocente de ver as coisas, 
onde tudo parece realmente simples e linear. Encontramo-
-nos longe desta realidade. A Humanidade desordenou os 
dias e fez deles um inferno não apenas para os humanos, 
mas também para outros seres vivos.
Talvez escrever-te o que penso e sinto te possa ajudar a 
integrar e a defender-te desta desumanidade que nos 
aniquila. Talvez alertar, talvez … embora, por muito que 
tente, nós passamos pelas experiências que temos de passar 
e aprendemos sobretudo por nós próprios.

Página 56

...

Orlando Figueiredo
Junto à nossa casa há um parque grande com muitas 
árvores, pavões que andam em liberdade nos caminhos, um 
lago, com peixes coloridos e patos a nadar de cabeça para 
baixo.

Agora que já estou crescido, costumo ir ao parque, aos 
sábados, jogar à bola com os vizinhos e os amigos da 
escola. À entrada, está um velho de barbas, sentado, a 
vender tremoços. Coitado, só tem uma perna. Uma vez, 
ouvi-o gritar, espumando de raiva, a um miúdo que lhe 
chamou perneta, que tinha ficado sem a perna na guerra .

O que é a guerra?

Tenho pena dele, porque não pode jogar à bola.


Página 57

...


Onde estás, que não te oiço? é um livro de poesia de Marta Dutra e Orlando Jorge Figueiredo, com Prefácio de Olinda Beja — escritora. A capa é de Laura Frías Viana e as imagens são de Gina Marrinhas (capa, Outono e Inverno), e de Sérgio Azeredo (Verão, Primavera).
Com os autores, Olinda Beja entrou na casa “onde foram felizes embora a separação lateje já no nosso pensamento ante a morte e o nascimento que se adivinham pelas sábias palavras que os poetas transportam para os textos”. Lembra que o livro, que espelha as quatro estações, encerra com o Outono, “a mais bela das quatro estações, a mais real, a mais pura”.
Os autores dedicam o seu trabalho a todas as crianças vítimas da guerra e  Olinda Beja manifesta o seu desejo, que é também o nosso: “Que maravilhosas vozes as destes dois poetas, Marta Dutra e Orlando Jorge Figueiredo! Oxalá o livro seja lido tantas e tantas vezes até ficar bem colado à consciência dos homens que dirigem os destinos do mundo”.

F.M.  

segunda-feira, 20 de março de 2023

À PRIMAVERA - UM POEMA DE MIGUEL TORGA


À PRIMAVERA

A vida anda possessa de Poesia!
Anda prenha de mosto!
Ou é da luz do dia,
Ou é da cor do rosto,
Ou então quer abrir-se, neste gosto
De pão com todo o sal que lhe cabia!

Tem narcisos de amor no coração,
Folhas de acanto nos sentidos!
E carícias na mão
A espreitar dos tendões adormecidos!

Toca-se numa pedra, e ela treme!
Murmura-se uma prece, e a boca grita!
A rabiça do arado é como um leme
Sobre a terra que ondula e ressuscita!

Quem avoluma a sombra, ou quem a teme?
Cada presença é um hino que palpita!
E se na estrada alguém discorda e geme,
Ninguém que vai no sonho o acredita!

Serás tu, Primavera?
Tu, com frutos na rama do futuro,
Com sementes nos pés
E flores inúteis sobre cada muro,
Contentes só da graça que tu és!


Miguel Torga
In  POESIA COMPLETA

PRIMAVERA DE 2023


Chegou a PRIMAVERA. Sol a brilhar, temperaturas agradáveis e o sorriso franco no rosto de quem esperava com ela na esperança de dias mais agradáveis. Oficialmente, ocorre às 21h24, momento em que o dia é igual à noite. É o equinócio da Primavera. Depois, começam a crescer. 
Votos das maiores venturas para todos.

domingo, 19 de março de 2023

LEMBRANÇA CONSOLADORA DO MEU PAI


Armando Lourenço Martins
“Celebra-se hoje o Dia do Pai. Também a Igreja celebra São José. Associo muito o meu pai a São José. Ambos trabalhadores com responsabilidades familiares. Ambos humildes e dados a um certo e normal silêncio. Ambos conscientes dos seus deveres sociais e religiosos. Ambos crentes num Deus Criador. Ambos disponíveis para enfrentarem dificuldades. Ambos com grande capacidade de sacrifício. E ambos sabiam amar muito.
O meu pai faleceu há bastantes anos. Foi nos idos de 75 do século passado. Inesperadamente. De forma apressada e sem hipótese de cura. Nunca o tinha visto doente. Nunca se queixava de qualquer incómodo que nos levasse a pensar num possível enfarte. Era um homem saudável e até brincava com as nossas fraquezas. Mas a primeira doença que teve foi fatal.”
Partilho estas frases escritas há anos. E não será preciso dizer mais nada, a não ser que o meu pai continua comigo na caminhada da vida. Até um dia, querido pai.

Fernando Martins

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