As fotografias são, imensas vezes, o reflexo do nosso estado de espírito. Nesta foto de Carlos Duarte, o meu amigo quis mostrar-me um recanto do nosso Oudinot, com as palmeiras desejosas de um banho nas águas do canal.
Não vale pôr tudo às costas de Deus e do seu Filho Jesus Cristo. Somos nós que estragamos a nossa vida, a vida dos outros e a natureza
1. No âmbito de uma cultura laica, não se fala de pecado. É uma linguagem que parece reservada para as diversas e complexas expressões do mundo religioso. Há tantas formas de pecar quantos os modos de estragar a própria vida, a vida dos outros e a natureza.
Vamos por partes. Na passada segunda-feira, foi celebrado o Baptismo de Jesus, o nazareno. Esse acontecimento é apresentado nos quatro Evangelhos, embora com tonalidades diferentes. Para esse dia, neste ano, foi escolhida a versão de S. Mateus. Para este Domingo foi seleccionado um fragmento da versão de S. João. Para o situar no seu contexto, preciso de recorrer a uma passagem que precede esse fragmento.
Manuel Alberto Valente debruçou-se, na sua coluna da revista E do EXPRESSO, sobre um tema angustiante: 61% dos portugueses não leram um único livro em 2021, enquanto em Espanha os números atingem 38% e em França apenas 8%. Não vale a pena dissertar sobre as razões que levam os portugueses a fugir da leitura de livros como o diabo da cruz. Contudo, segundo diz o cronista, os autores do estudo referem que as condições sociais ajudam a compreender aqueles resultados. Ontem, quando no carro esperava a Lita, minha mulher, apreciei quem passava pelos passeios e confirmei o que já sabia:
Dia sombrio. O sol escapuliu-se. Nada fiz para ele fugir de mim. E emigrei através das minhas memórias primaveris. Fui até aos Açores, ilha de São Miguel.
Disseram-me à chegada que haveria de experimentar uma paisagem singular, com dias de quatro estações. Confirmei. Mas imagens como esta passaram a viver comigo.
Tive uma vez um breve encontro com ele em Roma. A impressão que me ficou: uma pessoa agradável, afável, reservada e tímida. E pude aperceber-me também da importância decisiva que tinha para ele o que se pode chamar a "pastoral da inteligência", isto é, a reflexão sobre o diálogo entre a razão e a fé.
Joseph Ratzinger também teve o seu momento de rebeldia e de progressismo, no Concílio Vaticano II, como aqui expliquei em múltiplas crónicas, concretamente em 2020, em cinco textos sobre "Bento XVI. Uma vida". Não se deve esquecer o que, imagino, foi para ele, mais tarde, um escândalo: defendeu a possibilidade de pôr fim à lei do celibato obrigatório e ordenar como padres homens casados exemplares bem como de recasados poderem aceder à comunhão. Chegou a dizer nas aulas, em Tubinga: "em Roma, como sabem, não se faz boa Teologia".
Começo o dia, sexta-feira, dia 13, com um arranjo do Google. Não é dia de azar. Esta ilustração é um ponto de partida neste recomeço, depois de uns dias de folga. Descansar também é preciso. Bom fim de semana para todos.