Manuel Alberto Valente debruçou-se, na sua coluna da revista E do EXPRESSO, sobre um tema angustiante: 61% dos portugueses não leram um único livro em 2021, enquanto em Espanha os números atingem 38% e em França apenas 8%. Não vale a pena dissertar sobre as razões que levam os portugueses a fugir da leitura de livros como o diabo da cruz. Contudo, segundo diz o cronista, os autores do estudo referem que as condições sociais ajudam a compreender aqueles resultados. Ontem, quando no carro esperava a Lita, minha mulher, apreciei quem passava pelos passeios e confirmei o que já sabia: Os nossos jovens traziam telemóveis na mão com os olhos pregados neles. Tão treinados estão a ler mensagens, a apreciar imagens e a ouvir música enquanto caminham, que nem veem com quem se cruzam. Sentados em qualquer sala de espera procedem do mesmo modo. O TELEMÓVEL é rei na vida de imensa gente.
Sem leitores, as edições de livros vão diminuindo, as livrarias escasseiam, os autores desanimam e a cultura das pessoas reduz-se estrondosamente. Seremos, portanto, um país de analfabetos? Talvez não, mas com boas leituras ganharemos muito.
Não são os livros os nossos maiores amigos? Levam-nos a viajar para sentirmos outros ares e outros povos e culturas, mas ainda nos ensinam no silêncio das nossas casas, povoam os nossos sonhos e educam a nossa sensibilidade apara o belo.