quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A cultura é a verdadeira alma do povo

O Cortejo dos Reis é bem mais do que uma tradição rotineira. Foi, é e deverá continuar a ser um acontecimento que envolve todo este povo, crente e não crente, em ambiente de festa, desde os grupos de catequese, os Conselhos Económico e Pastoral, a Cáritas, os mais diversificados grupos paroquiais, os jovens, os escuteiros, a juventude de Schoenstatt, os cantores, os figurantes e todos os que se envolvem nesta atividade cultural que é fundamental para sermos uma comunidade mais feliz. Como refere ainda o antigo prior José Fidalgo, a cultura modela deixando-se tornar expressão de vida; recria sem devastar o passado; extasia a vida, não dando lugar ao marasmo; faz crescer, mas sem solavancos; numa palavra, a cultura é a verdadeira alma de um Povo.

Nota: Do Editorial do nosso Prior, Pe. César  Fernandes, no TIMONEIRO

EGAS SAGUEIRO - Um industrial com visão do futuro

Quem pela idade se vê aconselhado a ficar por casa, bem agasalhado, e entregue a pensamentos nem sempre saudáveis, por força da pandemia e de outros males causados pelo frio, gosta de receber uma ou outra visita de amigos que nos ofertam novidades normalmente agradáveis. Hoje recebi a visita de um amigo e ex-aluno que me animou o dia. Vinha falar de uma personalidade marcante da nossa terra, o senhor Egas Salgueiro, cuja biografia, elaborada pelo historiador Manuel Ferreira Rodrigues, acaba de ser lançada, com edição reduzida a umas dezenas de exemplares. Acho que o empresário de visão larga e solidária merecia ser mais conhecido, não só por aquilo que criou e amplificou, dando trabalho a muitas centenas de pessoas das mais diversas regiões do país e criando estruturas sociais de apoio aos seus empregados. Não sei se conseguirei comprar um exemplar, mas tentarei tudo para o conseguir. Porque o admirei, porque foi o patrão do meu pai, porque foi um animador social, porque foi um multifacetado industrial e exemplo de tenacidade.  Aveiro homenageou-o com um busto pequeno para a dimensão humana do cidadão e industrial. Tanto quanto sei, a Gafanha está à espera da maré.

O Nosso Menino Jesus

O nosso Menino Jesus

Confesso que tenho uma certa predileção pelo Nosso Menino Jesus e reconheço que toda a família comunga das mesmas ideias. Vive com a nossa família há décadas e na época natalícia ocupa sempre um lugar de honra.
Vestido a rigor pela Lita que sempre teve jeito para tarefas de costura. Quando alguém compra roupa ela descobre com toda a naturalidade um ou  outro defeito e se puder põe tudo como deve ser.
Como dizia, a Lita confecionou a roupa para o Menino adequada ao inverno. Podia lá ser obrigar o Jesus Menino passar frio, se calhar para nos dar a ideia de pobreza extrema, o que não seria verdade.
Finda a quadra natalícia, o Menino fica guardado para no próximo ano nos olhar de novo com toda a sua ternura. Mas antes disso, a Lita encarrega-se de o dar a beijar a toda a família.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

PARTILHA DO BEM E DO BELO

Tenho para mim que o Natal é a mais bonita festa do ano. Não só por nos trazer, ano após ano, a linda recordação de um Menino que nasceu para nossa salvação, mas também por nos dar o exemplo da humildade, da qual andamos tão afastados, tantas vezes por futilidades.
Eu sei, como todos sabemos, que o Menino a todos nos inspira vivências de paz e de ternura, mas depressa nos esquecemos delas e enveredamos, quantas vezes, por caminhos tortuosos de ganâncias que fecham as portas à fraternidade e à paz. E se levássemos à prática, de vez em quando, a partilha do bem e do belo junto das pessoas com quem convivemos?

NESTE NATAL

 
 
 Neste NATAL


“Neste Natal quero armar uma árvore
dentro do meu coração
E nela pendurar, em vez de presentes,
Os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos antigos e os mais recentes.
Os amigos de longe e os amigos de perto.
Os que vejo em cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos.
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que sem querer eu magoei ou sem querer me magoaram.
Os meus amigos humildes e os meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida.
Muito especialmente aqueles que já partiram e de quem me lembro com tanta saudade.
Que o Natal permaneça vivo em cada dia do ano novo.
E que a nossa amizade seja sempre uma fonte de luz e paz
em todas as lutas da vida.”

De autor desconhecido;
publicado na Revista Xis,
no Natal de 2003 

DEUS CONNOSCO


Deus connosco, a inteira humanidade surpreendes
porque não existes na omnipotência do tirano,
mas na promessa de um nascimento que vem.
Acompanha-nos no nosso caminho para o amor,
e assim tua presença no outro perceberemos.

Deus connosco, Tu ergues a justiça e a paz,
apesar da guerra, da intolerância, do ódio.
Ensina-nos a acolher-te sem te manipular,
a construir contigo um mundo mais fraterno,
e assim nossos desertos em pomares se mudarão.

Deus connosco, Tu respondes à nossa esperança
quando connosco partilhas a tua sede de libertação.
Grava nas nossas almas a fome da tua salvação,
para que, com Maria, saboreemos a alegria
de um dia estarmos todos reunidos no teu Reino.

Deus connosco, todos os dias nos vens salvar
pelo desarmado amor do menino de Belém.
Sê a nossa estrela na noite das nossas inquietudes,
com sinais de perdão manifesta a tua vinda,
Tu, o Emanuel, do presépio ao túmulo vazio.


Jacques Gautier
Trad.: Rui Jorge Martins

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Provocações do Natal

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Vai e reconstrói a minha Igreja, uma Igreja despida da dominação económica, política e religiosa. É esta a verdadeira provocação do Natal.
 
1. Não vale a pena gastar energias a lamentar no que se transformou o Natal de Alguém que nasceu num curral. É melhor cuidar de crianças e adultos que não têm quem cuide deles. De tanto falar do que falta fazer, nem sequer olhamos para o que muitas pessoas estão a realizar.Existe um critério evocado por Jesus: é pelo fruto que se conhece a árvore. Os Anjos da nossa consciência fazem-nos ver o contraste entre os que têm tudo e os que não têm nem o mínimo suficiente para viverem com dignidade. A nossa consciência está povoada de Anjos sufocados.
A própria publicidade natalícia do comércio mostra aquilo a que uns podem ter acesso e o que falta a muitas pessoas que nem um curral têm para dormir. Nesta publicidade, nem tudo é sempre negativo. Pode suscitar o alarme social contra essa clamorosa injustiça, não suscitando, apenas, um cabaz de Natal que se esgota naquele dia e acabou, mas desencadeando movimentos e associações de voluntários que cuidam da dignidade dos pobres e dos sem-abrigo, durante o ano inteiro. Não é para perpetuar situações desumanas, mediante atitudes assistencialistas, mas para promover, simultaneamente, atitudes de cidadania participativa.