Crónica de Bento Domingues
No PÚBLICO
Acontece muitas vezes, nas narrativas evangélicas, a pergunta: que ganhamos nós em termos deixado tudo para te seguir? Ou, então, quando formares governo, quem de nós ocupará os primeiros lugares?
1. Quando preparava a homilia, do Domingo passado, sobre uma passagem do Evangelho de S. Lucas (17, 5-10), parecia-me um texto sem pés nem cabeça. Não queria, porém, fazer como aquele padre que, diante das dificuldades, informou: o Evangelho hoje não presta e tratou de assuntos práticos da paróquia.
Os Apóstolos pediram a Jesus: aumenta (ou desperta) a nossa fé. Ele, em vez de aumentar, despertar ou robustecer a fé, não satisfaz o desejo que lhe manifestaram. Até parece que não embarcava nessa conversa. Responde de uma maneira que parece disparatada, como se dissesse, vós não tendes fé nenhuma. Se tivésseis fé ainda que fosse só como um grão de mostarda – a mais pequena das sementes – diríeis a esta árvore: arranca-te daí e vai plantar-te no mar. Com muita ou pouca fé, ninguém estava interessado em plantar árvores no mar.