sábado, 15 de janeiro de 2022

E se Deus não existisse?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Bertolt Brecht, o dramaturgo marxista ateu, para quem a Bíblia era livro fundamental de referência, deixou esta história: "Alguém perguntou ao senhor K. se Deus existe. O senhor K. disse: Aconselho-te a reflectir sobre se o teu comportamento mudaria segundo o tipo de resposta à pergunta. Se não mudaria, podemos deixar cair a pergunta. Se mudaria, então posso pelo menos ajudar-te até ao ponto de dizer-te que já te decidiste: Precisas de um Deus."
O dramaturgo alemão viu claramente que a fé em Deus por interesse, de tal modo que se acreditaria para alcançar o Céu ou para evitar o inferno, está ferida de suspeita. Se Deus existisse como recompensa para que as pessoas façam o bem e sobretudo como travão para que deixem de fazer o mal, não estaríamos em presença de Deus, mas do Polícia do mundo. Esse Deus está ameaçado de não passar de projecção do desejo humano e do medo. Desse modo, Freud teria razão no seu ataque à religião, ao considerá-la uma ilusão infantil e infantilizante, que leva o crente simultaneamente ao aconchego e à blasfémia.
Ao crente é preciso perguntar: Se lhe fosse revelado que afinal Deus não existe?! Sentir-se-ia aliviado? Finalmente livre? O que é que mudaria na sua vida? Seria a derrocada moral? Ou pura e simplesmente não aceitaria essa "revelação", porque, ao viver de certa maneira - na dignidade, na solidariedade, na fraternidade, na beleza, na interrogação radical e sem limites... -, já experienciou que a realidade e a sua própria existência devem ter um valor e Sentido últimos? Deus não é o garante da vida moral, mas pode ser experienciado enquanto co-implicado nas grandes experiências humanas, também na existência moral. A fé significa essencialmente uma determinada atitude face ao todo da realidade e da existência.

Gafanha da Nazaré - Rua Eng. Oudinot

Jardim Oudinot


Reinaldo Oudinot nasceu em Sampigny, Diocese de Verdun, França, a 7 de outubro de 1744. Filho de Jean Oudinot, advogado e procurador fiscal do concelho.
O Engenheiro Oudinot veio para Portugal em 1766, sendo nomeado ajudante de Infantaria com exercício de engenheiro por decreto de 3 de setembro. No ano de 1768 integrou a equipa de Guilherme Elsden para levantamentos do Tejo, tendo, em 1773, assumido a direção dos trabalhos hidráulicos do Rio Lis (Leiria). Simultaneamente desenvolveu também vários estudos agrícolas relacionados com o Pinhal de Leiria.
No ano de 1770 contraiu matrimónio com Maria Vicência Mengui. Deste enlace nasceu Maria Francisca Paula Oudinot que casou com o Engenheiro Luís Gomes de Carvalho, assistente do pai.
Reinaldo Oudinot assumiu, em 1801, as funções de Governador das Armas da Cidade do Porto, em plena Campanha da Guerra das Laranjeiras.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Evocando um casal amigo - Capitão Fernandes e esposa

O casal amigo 

Muitas vezes me saltam da memória inúmeras histórias e pessoas com quem convivi e de vizinhos amigos que já nos deixaram, sentindo eu a necessidade de trazer até ao presente gestos, conversas, ensinamentos e simpatias que me marcaram.
Quando nos casámos, em 1965, eu e a Lita viemos viver para a casa que ainda hoje habitamos, construída num terreno que fazia parte do quintal dos meus pais. Foi concluída, precisamente, durante a chamada lua de mel. Tempos que recordamos com muita saudade, como é compreensível.
Vivíamos para o trabalho, para os filhos que começaram a nascer e para tarefas dispersas por vários quadrantes que me não davam tempo para olhar para o quintal. Mas um dia, um vizinho amigo, em conversa amena, alertou-me para as vantagens de plantar umas árvores... demorariam o seu tempo a crescer, mas depois poderia haver fartura de fruta. Não liguei muito porque pouco conhecia dessas coisas. Porém, de vez em quando ele insistia com um sorriso sereno para me dar a volta.
Quando hoje e desde há muitos anos saboreio as nossas laranjas, vêm sempre à memória as conversas mantidas com meu vizinho, Capitão Fernandes, com quintal anexo ao meu, cheio de árvore de fruto, com predominância de laranjeiras, que ele e sua esposa, Dona Maria Júlia, mais conhecida por Dona Micas, cuidavam com esmero.
Certo dia, perante mais uma simpática insistência, disse-lhe que nada sabia de laranjeiras nem como e onde plantá-las, avançando ele de imediato: — Eu trato disso; vamos a um viveiro escolher as laranjeiras e depois tudo se resolve.
O viveiro ficava em Vale de Ílhavo. Era um sábado. O Capitão Fernandes, que conhecia o viveirista, começou a dizer o que queria, sublinhando as variedades bem definidas de que eu nunca ouvira falar. Calculou o número de árvores para a primeira fase da plantação e regressámos. No terreno, fez as medições adequadas, enxadas e pás em ação, e plantámos nem sei quantas. Os conselhos para que as laranjeiras vingassem não ficaram esquecidos. Depois seguiram-se outras árvores de fruto.

Os paroquianos quando se empenham fazem maravilhas

OFERTAS DOS REIS

Na impossibilidade de se realizar o tradicional Cortejo dos Reis, pela segunda vez consecutiva, por razões ligadas ao Covid-19, o nosso povo não deixou de colaborar, organizando-se para entregar as suas ofertas, destinadas ao leilão, cujo rendimento ainda não foi possível apurar.
O Conselho Económico e Pastoral esmerou-se, pedindo aos paroquianos que contribuíssem com as suas ofertas que foram expostas nos corredores dos salões da nossa igreja matriz, para que os interessados as pudessem apreciar e comprar, contribuindo assim para as múltiplas despesas da comunidade paroquial.
Deu para perceber que as pessoas têm saudades do Cortejo dos Reis, que se realiza na Gafanha da Nazaré há mais de um século. Por isso, compraram-se todos os presentes e, se mais houvesse, mais seriam adquiridos pelos paroquianos.
A propósito desta iniciativa, o nosso prior, Pe. César, comentou, com satisfação: “Os paroquianos quando se empenham fazem maravilhas.»

Eleições Legislativas - 30 de janeiro

Os que fugirem deliberadamente ao ato eleitoral
perdem o direito de criticar os que nos governam


No próximo dia 30 de janeiro, vamos ser chamados a votar para as legislativas. Os inscritos nos cadernos eleitorais têm a obrigação moral e cívica de participar nas eleições, votando nos partidos legalmente constituídos, contribuindo, assim, para a escolha dos que hão de responsabilizar-se pela governação do país. 
Todos sabemos que o número de abstenções tem sido elevado por razões diversas, mas é chegada a hora de acreditarmos na importância das eleições, sobretudo agora em que o nosso país precisa da colaboração de todos para sair da triste situação de um dos mais endividados da Europa. 
Os que fugirem deliberadamente ao ato eleitoral perdem o direito de criticar os que nos governam.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

GAFANHA DA NAZARÉ - Primeira Junta de Freguesia

No dia 2 de Janeiro de 1914 tomou posse a primeira Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, que substituiu a Comissão Paroquial Administrativa que geriu os destinos da nossa terra desde 27 de Outubro de 1910 a 31 de Dezembro 1913. Naquele dia, compareceram os cidadãos José da Silva Mariano, Manuel José Francisco da Rocha, Manuel Conde, Alberto Ferreira Martins e João Sardo Novo, ultimamente eleitos membros efectivos da nova junta da Paróquia desta freguesia da Gafanha, como consta das respectivas actas arquivadas na secretaria da Câmara Municipal deste concelho e na secretaria do Governo Civil deste distrito, e o senhor regedor desta freguesia, Silvério Vieira, também estava presente.
Os eleitos, constituídos em sessão, elegeram José da Silva Mariano como presidente e João Sardo Novo como Tesoureiro, nomeando seu secretário o vogal Alberto Ferreira Martins. A nova Junta também elegeu para vice-presidente Manuel José Francisco da Rocha e deliberou que as suas sessões se efectuassem na sacristia do lado oeste da Igreja Paroquial desta freguesia pelas onze horas do primeiro e terceiro domingo de cada mês.

Notas:
1. A foto da igreja que substituiu a primitiva, localizada na Chave, foi inaugurada em 12 de Janeiro de 1912;
2. A sacristia referida ficava do lado direito do templo, ao fundo;
3. Texto reduzido.
4. Não haverá por aí, perdidas em gavetas, fotografias dos membros da primeira Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré?  Eu possuo a do meu avô, Manuel José Francisco da Rocha. 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

FAROL ornamentado

 

O nosso farol, o mais alto de Portugal, mantém sempre o mesmo interesse apoiado na sua dignidade. Gostamos dele como símbolo da determinação de quem o requereu e exigiu. E ali está, firme e altaneiro, desde 1893, a requerer a nossa atenção, com ou sem decoração.

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue