quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Faleceu o professor Celso Santos

Soube há momentos do falecimento do professor Celso Santos, colega de relacionamento cordial com quem privei de perto na então Direção Escolar de Aveiro. Era Adjunto do Diretor Escolar, professor Corujo, estando eu destacado em tarefas de alfabetização e bibliotecas. 
Quando eu chegava para resolver qualquer questão, o professor Celso logo se disponibilizava para me ajudar, nunca faltando a troca de impressões sobre assuntos pertinentes relacionadas com a educação e o ensino.
Desde os primeiros contactos, facilmente o identifiquei como homem bom, disponível e afável, com quem era fácil trocar impressões e discutir assuntos profissionais ou outros. O seu sorriso sereno era notório.
Depois enveredou pela política na Câmara de Aveiro e os nossos encontros, por razões compreensíveis, rarearam. Um dia, porém, cruzámo-nos na rua e logo partiu dele o convite para passar pelo seu gabinete na autarquia. — Apareça, não incomoda nada, terei muito gosto em o receber; os amigos precisam de conversar. E lá apareci sem tema de conversa.
A conversa já ia longa, mas ele insistiu para mais uns minutos. Outros  encontros ocorreram na cidade, sempre sem pressa. Depois, deixei de o ver.  Morreu hoje e não pude deixar de evocar a sua amizade e a  sua simpatia. Tinha 81 anos e já está no seio de Deus.

Fernando Martins

Praia da Barra - Construção do Obelisco


Construção do Obelisco na Praia da Barra, Gafanha da Nazaré - 1959

Não achamos o descanso


"A razão por que não achamos o descanso
é porque o buscamos onde não está"




António Vieira (1608 - 1697)
Padre e escritor português

In Escrito na Pedra do PÚBLICO

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Todos os Santos e Fiéis Defuntos


Os meus saudosos  pais
Novembro começa bem com Todos os Santos e Fiéis Defuntos. Depois voltamos à vida com as suas exigências envolventes que motivam trabalhos e geram esquecimentos. Mas em novembro, em todos os novembros, jamais esqueceremos os dois primeiros dias.
Como é meu hábito, gosto de visitar o nosso cemitério. Entro e deambulo livremente. Vou para visitar familiares e amigos, muitos familiares e muitos amigos. E falo com eles, rio e sorrio de histórias partilhadas, de conversas e convívios animados. Tantos rostos que me saúdam e me seguem quando me afasto, ao jeito de quem suplica que fique mais um bocadinho. E quantas vezes respondi a esse apelo para confirmar idades e datas de quem repousa naquele chão sagrado.
Naqueles dias, apreciei o carinho posto nas campas que ostentam nomes que me foram próximos e muitos outros que nunca vi na vida. E com que amor foram ornamentadas. Flores e mais flores de todas as cores e preços. Mas também me cruzei com campas abandonadas. Há tantos que não têm quem se lembre deles!
Os crentes, como eu, não se esquecerão dos nunca lembrados.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O Etnográfico regressará logo que possível


O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) completou, no dia 1 de Setembro, 38 anos de existência e estará a preparar as próximas atuações para breve. As limitações impostas pela pandemia cancelaram as suas atuações, mas logo que possível os festivais de folclore voltarão a animar o nosso  povo. O GEGN não descurará os ensaios para regressar em força, com a reconhecida dignidade.

Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré foi eletrificada há 82 anos

Igreja Matriz já com relógio

Faz hoje, 1 de Novembro, 82 anos que a Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré recebeu a energia elétrica para a respetiva iluminação. De facto, até aí, a iluminação era feita à luz das velas. Aliás, eu nasci à luz de um candeeiro a petróleo ou da vela, em 24 de Novembro de 1938. Aquele melhoramento foi possível graças à criação e inauguração da Cooperativa Elétrica das Gafanha da Nazaré, em 1939.

NOTA: Na torre é visível o relógio oferecido por Sebastião Lopes Conde e Manuel Carlos Anastácio, segundo acta de 13 de Novembro de 1930. A foto é, pois, anterior à eletrificação. Ainda é visível a marca da legenda alusiva à oferta,.

domingo, 31 de outubro de 2021

Um livro prodigioso

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Disse que A arte de viver em Deus é um livro prodigioso, não só porque desfaz muitos preconceitos acerca daquilo em que os cristãos acreditam, mas sobretudo, porque abre, em todos os capítulos, janelas para o passado, para o presente e para o futuro.

1. Na crónica do domingo passado, referi-me a um belo livro de Eduardo Paz Ferreira, Como salvar um mundo doente [1], com o qual aprendi muito. Cumpre o que o título promete. Agora, acabo de ler o livro mais recente de Thimothy Radcliffe, A arte de viver em Deus [2]. Este título poderia sugerir a banalidade de mais uma obra para a estante de auto-ajuda espiritual. O subtítulo, A imaginação cristã para elevar o real, também não parece muito convidativo. Puro engano. O próprio autor está consciente dessa possível confusão. Quando as pessoas se afastam das igrejas, é uma tentação “vender” um Cristianismo bonito e seguro, não demasiado exigente. Talvez uma espiritualidade gentil seja mais simpática e sedutora: acender uma vela e ver onde se está no eneagrama da personalidade. O apelo da fé torna-se apenas uma sugestão sem compromisso.
Julga que semelhante publicidade e comercialização do Cristianismo está condenada a falhar, sobretudo, porque a espiritualidade cristã é tudo, menos uma segurança. Uma fé domesticada atraiçoa o que constitui o seu âmago que é a aventura da transcendência. O Cristianismo é atractivo porque nos convida a ser ousados e a entregar incondicionalmente as nossas vidas. É a porta aberta para o infinito. A imaginação é a porta pela qual nos furtamos aos limites de qualquer modo reducionista de ver a realidade.