terça-feira, 2 de novembro de 2021

Todos os Santos e Fiéis Defuntos


Os meus saudosos  pais
Novembro começa bem com Todos os Santos e Fiéis Defuntos. Depois voltamos à vida com as suas exigências envolventes que motivam trabalhos e geram esquecimentos. Mas em novembro, em todos os novembros, jamais esqueceremos os dois primeiros dias.
Como é meu hábito, gosto de visitar o nosso cemitério. Entro e deambulo livremente. Vou para visitar familiares e amigos, muitos familiares e muitos amigos. E falo com eles, rio e sorrio de histórias partilhadas, de conversas e convívios animados. Tantos rostos que me saúdam e me seguem quando me afasto, ao jeito de quem suplica que fique mais um bocadinho. E quantas vezes respondi a esse apelo para confirmar idades e datas de quem repousa naquele chão sagrado.
Naqueles dias, apreciei o carinho posto nas campas que ostentam nomes que me foram próximos e muitos outros que nunca vi na vida. E com que amor foram ornamentadas. Flores e mais flores de todas as cores e preços. Mas também me cruzei com campas abandonadas. Há tantos que não têm quem se lembre deles!
Os crentes, como eu, não se esquecerão dos nunca lembrados.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O Etnográfico regressará logo que possível


O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) completou, no dia 1 de Setembro, 38 anos de existência e estará a preparar as próximas atuações para breve. As limitações impostas pela pandemia cancelaram as suas atuações, mas logo que possível os festivais de folclore voltarão a animar o nosso  povo. O GEGN não descurará os ensaios para regressar em força, com a reconhecida dignidade.

Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré foi eletrificada há 82 anos

Igreja Matriz já com relógio

Faz hoje, 1 de Novembro, 82 anos que a Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré recebeu a energia elétrica para a respetiva iluminação. De facto, até aí, a iluminação era feita à luz das velas. Aliás, eu nasci à luz de um candeeiro a petróleo ou da vela, em 24 de Novembro de 1938. Aquele melhoramento foi possível graças à criação e inauguração da Cooperativa Elétrica das Gafanha da Nazaré, em 1939.

NOTA: Na torre é visível o relógio oferecido por Sebastião Lopes Conde e Manuel Carlos Anastácio, segundo acta de 13 de Novembro de 1930. A foto é, pois, anterior à eletrificação. Ainda é visível a marca da legenda alusiva à oferta,.

domingo, 31 de outubro de 2021

Um livro prodigioso

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Disse que A arte de viver em Deus é um livro prodigioso, não só porque desfaz muitos preconceitos acerca daquilo em que os cristãos acreditam, mas sobretudo, porque abre, em todos os capítulos, janelas para o passado, para o presente e para o futuro.

1. Na crónica do domingo passado, referi-me a um belo livro de Eduardo Paz Ferreira, Como salvar um mundo doente [1], com o qual aprendi muito. Cumpre o que o título promete. Agora, acabo de ler o livro mais recente de Thimothy Radcliffe, A arte de viver em Deus [2]. Este título poderia sugerir a banalidade de mais uma obra para a estante de auto-ajuda espiritual. O subtítulo, A imaginação cristã para elevar o real, também não parece muito convidativo. Puro engano. O próprio autor está consciente dessa possível confusão. Quando as pessoas se afastam das igrejas, é uma tentação “vender” um Cristianismo bonito e seguro, não demasiado exigente. Talvez uma espiritualidade gentil seja mais simpática e sedutora: acender uma vela e ver onde se está no eneagrama da personalidade. O apelo da fé torna-se apenas uma sugestão sem compromisso.
Julga que semelhante publicidade e comercialização do Cristianismo está condenada a falhar, sobretudo, porque a espiritualidade cristã é tudo, menos uma segurança. Uma fé domesticada atraiçoa o que constitui o seu âmago que é a aventura da transcendência. O Cristianismo é atractivo porque nos convida a ser ousados e a entregar incondicionalmente as nossas vidas. É a porta aberta para o infinito. A imaginação é a porta pela qual nos furtamos aos limites de qualquer modo reducionista de ver a realidade.

Amigos para a vida

A vida longa não pode deixar de cultivar amizades, apesar dos distanciamentos e dificuldades dos contactos apetecidos Radicados um pouco por todo o país e pelo estrangeiro, ficamos imensas vezes limitados às variadas formas de comunicação centradas no mundo digital. E mesmo aí, não conseguimos vencer barreiras que nos permitam a proximidade necessária. De vez em quando, porém, muito se esclarece e lá conseguimos associar os apelidos às pessoas de quem há anos fomos muito próximos. Depois, há a alegria espontânea e compreensível.
Há meses, identifiquei um amigo de infância num restaurante. Não me reconheceu. Eu tinha a barba crescida e as mudanças físicas que a idade determina. Mas lá acabámos por ser iluminados por uma luzinha que se acendeu no cérebro do meu amigo. E algumas memórias vieram à tona para gáudio de ambos.
Um outro, que não via há muitos anos, lembrou-se de mim. Não conhecia os meus contactos, mas lembrou-se de uma hipótese com alguma lógica. “Como tu sempre andaste ligado à Igreja, recorri a um clérigo”, garantiu-me. E telefonou. Começou a tratar-me por senhor! Esclareci de imediato e o tu cá tu lá proporcionou a conversa telefónica interrompida há décadas.
Confesso que me comovem os encontros com os amigos da infância e juventude porque são sempre motivos para refazer amizades e para todos evocarmos momentos inesquecíveis que não podemos nem devemos perder.
Os que navegam nas redes sociais podem contactar-me. O meu nome de guerra é Fernando Martins  e o rosto aí fica. 

Fernando Martins

Domingos Cardoso: um poema para este domingo



E EU FUI TALVEZ FELIZ SEM O SABER 
Maria  Amélia de Carvalho e Almeida in “Ao Sabor das Marés”, p. 193

Domingos Cardoso

Eu fui talvez feliz sem o saber
Quando a felicidade eu procurava
E, cego, via em tudo o que encontrava
A negação do bem e do prazer.

Nessa busca ansiosa pelo ter
As minhas energias dissipava
E impotente e incapaz não enxergava
Que o principal da vida é sempre o ser.

O Tempo deu-me a doce regalia
De ver agora claro o que eu não via
Que é quase sempre em vão o que sofremos.

Depois de uma procura tão a sós
Sei que a felicidade mora em nós
Se amarmos o que somos e o que temos.

Domingos Freire Cardoso

In “Por entre poetas”

Farol da Barra de Aveiro

Farol da Barra de Aveiro - inaugurado em 1893

Para delícia de quem aprecia imagens do passado, aqui partilho mais uma relíquia da nossa terra. O farol da Barra de Aveiro, localizado na Gafanha da Nazaré, é o mais alto de Portugal e apresenta-se como motivo de visita obrigatória.