sexta-feira, 23 de abril de 2021

Ruy Belo - A flor da solidão


Vivemos convivemos resistimos
cruzámo-nos nas ruas sob as árvores
fizemos porventura algum ruído
traçámos pelo ar tímidos gestos
e no entanto por que palavras dizer
que nosso era um coração solitário silencioso
silencioso profundamente silencioso
e afinal o nosso olhar olhava
como os olhos que olham nas florestas
No centro da cidade tumultuosa
no ângulo visível das múltiplas arestas
a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa
Nós tínhamos um nome para isto
mas o tempo dos homens impiedoso
matou-nos quem morria até aqui
E neste coração ambicioso
sozinho como um homem morre cristo
Que nome dar agora ao vazio
que mana irresistível como um rio?
Ele nasce engrossa e vai desaguar
e entre tantos gestos é um mar
Vivemos convivemos resistimos
sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos

Chamados a seguir o Bom Pastor

Reflexão de Georgino Rocha para o domingo do Bom Pastor



“É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães, corações abertos, corações capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças”. 

Papa Francisco

O domingo IV da Páscoa é também conhecido pelo domingo do Bom Pastor, domingo em que a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, domingo em que cada um/a de nós é convidado/a a rever a sua relação com Jesus, o Belo Pastor que nos encanta pela bondade e pelo exemplo, domingo que nos faz ver “em pano de fundo” a atitude de figuras que exercem a autoridade pública e religiosa.
João, o autor que faz a narrativa da parábola com grande mestria, lança mão de recursos vários para apresentar a identidade de Jesus. Após a cura do cego de nascença e do diálogo tenso que o envolve, pressente-se a necessidade de uma afirmação clara, de uma interpelação forte dos interlocutores, as autoridades dos judeus. E recorre à parábola do rebanho que tem pastores mercenários e um apenas que o não é. Jo 10, 11-18.
“Os cristãos da Igreja primitiva popularizaram a figura de Jesus na imagem do Bom Pastor com uma ovelha aos ombros. Preferiam representar assim o seu Senhor, antes que crucificado. O Bom Pastor era para eles uma imagem amiga, símbolo da bondade, da solicitude amorosa do amor a toda a prova e assim chegou até nós. Que acertada imagem para um mundo que caminha sem rumo e sem guia!” Homilética.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Dia Mundial da Terra - O que fazemos de concreto?

paisagem açoriana 

O Dia Mundial da Terra celebra-se hoje, 22 de Abril, tendo sido criado em 1970 para sensibilizar todo o mundo para a defesa de um planeta sem poluição, como garantia de um ambiente onde os seres vivos possam usufruir de melhores e mais dignas condições de felicidade. Ano após ano refletimos sobre esta questão, mas logo depois vem outro dia com outras questões ou não questões que nos fazem mudar de rumo. A nossa mãe Terra fica presa ao calendário com os nossos votos de que passe bem e até pró ano.
Outros Dias Mundiais virão, pelo menos um para cada dia dos 365 que regista o calendário. E as nossas preocupações fundamentais, as que se ligam concretamente ao planeta que habitamos, caem no limbo do esquecimento
Os cientistas e investigadores, bem apoiados por ativistas, não tantos quantos seriam necessários, continuam a alertar-nos para os perigos do aumento da temperatura global da Terra, da extinção de espécies animais, da crescente subida de nível dos oceanos e da cada vez maior escassez da água potável. Nem se esquecem de lembrar as catástrofes naturais, as tempestades, as secas e ondas de calor.
Tenho escrito que o planeta Terra, a casa comum que habitamos, como têm alertado os Papas da minha geração, precisa mais do que nunca dos nossos cuidados e dos nossos carinhos. E o que fazemos de concreto, individual ou comunitariamente? 

F. M. 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Estamos a destruir o planeta

‘Estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão depois (...)’

Saramago

No PÚBLICO de hoje

terça-feira, 20 de abril de 2021

Gafanha da Nazaré - Rua Professor Filipe

Manuel Filipe Fernandes nasceu na Gafanha da Nazaré, a 18 de dezembro de 1899. Filho de Duarte Filipe e Ana de Jesus Caleiro.
No ano de 1919 obteve o seu Diploma na Escola de Ensino Normal de Aveiro, tendo exercido a sua profissão de professor primário na Escola Primária da Cale da Vila por mais de 50 anos.
A 9 de abril de 1928 contraiu matrimónio com Maria da Luz Carlos, também professora primária na Gafanha da Nazaré. Deste casamento nasceram dois filhos, Juvenal, oficial da Marinha Mercante, e Hermengarda [professora].
O Professor Filipe era um pessoa muito preocupada com o desenvolvimento da Gafanha e além do seu papel como educador, em 1938 torna-se o sócio n.º1 da Cooperativa Elétrica da Gafanha e o primeiro Presidente da Direção desta instituição.
A Cooperativa Elétrica da Gafanha tinha como objetivo a aquisição e fornecimento de corrente elétrica de forma a alimentar a iluminação pública e de particulares que desejassem associar-se. Entre os fundadores encontramos o Mestre Mónica e João Maria Vilarinho.
A 2 de junho de1969 foi agraciado com a Medalha da Ordem da Instrução e nesse mesmo ano, recebe uma homenagem por parte dos seus colegas de profissão.
Faleceu a 22 de janeiro de 1986, com 86 anos.

Informação Memorial sobre o Topónimo

O professor Filipe foi um cidadão muito respeitado na Gafanha da Nazaré, tanto como professor da escola da Cale da Vila, onde foi mestre de algumas gerações, como na comunidade, envolvendo-se, direta ou indiretamente, na defesa dos interesses da nossa terra. Homem de trato simples e afável, modesto no viver e simpático por natureza na conversa com toda a gente, marcou muitos dos que tiveram o privilégio de o ter por amigo. Com a maior naturalidade, deslocava-se de bicicleta na Gafanha da Nazaré e quando ia a Ílhavo e Aveiro. Depois de aposentado, por limite de idade (70 anos), colaborou nos serviços da paróquia, no registo de batizados, casamentos e óbitos, usando uma caligrafia muito personalizada. 
Permitam-me que destaque neste curto memorial o gosto que ele tinha pelas flores que cultivava no seu quintal, com talhões feitos a régua e esquadro, flores que se destinavam, julgo que fundamentalmente, a enfeitar a campa de sua esposa, falecida em 20 de Abril de 1950. Todos os domingos, antes da missa da 11 horas, ia ao cemitério depositar o ramo de flores que amorosamente colhia no seu jardim

Informação Histórica do Topónimo

1 - Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo) da CMI;
2 - Na Gafanha da Nazaré, encontramos a Rua Prof. Filipe. Este topónimo foi uma proposta apresentada pela Junta da Freguesia da Gafanha da Nazaré a 29 de agosto de 1991 (Ata da JFGN n.º 38/91, de 29 de agosto de 1991).

Manhã de Abril

 Zé Penicheiro - Acrílico s/ tela



As cores do artista Zé Penicheiro, o figueirense que tinha a nossa ria no coração. 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Como estamos de caminhos-de-ferro?

Portugal tem hoje os mesmos quilómetros 
de caminhos-de-ferro que em 1893


"A monarquia construiu quase tudo da rede ferroviária que hoje temos. A I República pouco adiantou, a ditadura estagnou e a democracia fechou linhas. O regime saído do 25 de Abril (que encerrou 40% das vias férreas) tem agora a oportunidade de inverter um ciclo de desinvestimento e voltar a expandir o mapa dos caminhos-de-ferro portugueses, que tem hoje o mesmo número de quilómetros (2546) que tinha em 1893."

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