terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Dia Mundial das Zonas Húmidas





O Dia Mundial das Zonas Húmidas (DMZH) celebra-se hoje, 2 de Fevereiro, sendo previsível que se promovam e apoiem iniciativas no sentido da sua preservação, impulsionadas por diversas entidades, nomeadamente, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e a Direção Regional do Ambiente.
O DMZH nasceu a partir da criação da Convenção de Ramsar (Irão), em 2 de Fevereiro de 1971, sendo celebrado pela primeira vez em 1997. Mas, afinal, o que são zonas húmidas? Segundo aquela Convenção, entende-se por zonas húmidas as áreas de sapal, paul, turfeira, ou água, sejam naturais ou artificiais, permanentes ou temporários. E mais: água que está estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo ainda águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda seis metros.
Em resumo, importa ter em conta tudo o que diz respeito à água que é  fundamental à vida, mas também é importante preservar  tudo o que a envolve, garantindo a valorização da biodiversidade, a proteção das linhas de costa, atenuando ainda os efeitos das alterações climáticas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Ria na maré baixa


Na maré baixa, as gaivotas aproveitam para saborear o marisco que a ria oferece de bandeja.

domingo, 31 de janeiro de 2021

Natureza triste

 

A natureza triste está bem patente nesta imagem. Para além da tristeza da natureza, eu pressinto o desânimo de muita gente por não vislumbrar um futuro risonho a curto prazo.

Pandemias da História


 NOTA: Publicado no PÚBLICO de ontem. 

Leituras para o confinamento: O CÂNONE


“O CÂNONE” é um livro que ouso propor para este período prolongado de confinamento que estamos a viver. Trata-se de um livro com 533 páginas para serem lidas ao sabor da maré, já que apresenta cerca de 50 escritores portugueses já falecidos, com lugar cativo nas estantes de quem gosta mesmo de ler. Para além dos estudos referentes aos selecionados, o livro contém referências a grupos, escolas, movimentos e revistas.
Os responsáveis pela edição de “O CÂNONE”, António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen, escolheram os escritores a seu gosto, nem outra atitude seria de esperar. E para tranquilizar os eventuais leitores digo que os ensaios e outros escritos apresentam-se em poucas páginas, pelo que não cansam ninguém.
Na contracapa diz-se que “Foram incluídos ensaios sobre autores conhecidos e celebrados, como Gil Vicente, Eça de Queirós e Fernando Pessoa; e sobre autores menos conhecidos ou celebrados, como o rei Dom Duarte, Frei Luís de Sousa ou Irene Lisboa”. E como curiosidade para mim, no mesmo espaço afirma-se que Florbela Espanca, também incluída em “O CÂNONE”, tem sido menosprezada por “quase todos os críticos”.
Ainda se sublinha que os grandes escritores não foram escolhidos “por consenso ou por votação popular, mas por terem sempre leitores, mesmo que poucos, ao longo do tempo”.
Ao pegar nesta obra, segui uma tendência natural: fui à cata de escritores mais ou menos conhecidos, porém já lidos por mim. Comecei por Agustina Bessa-Luís vista por Pedro Mexia, um conhecido poeta e crítico literário que leio há bons anos. E a partir dai, fui saltando ao sabor dos apetites, próprio de quem está confinado e com tempo para tudo.
Mais uma nota curiosa: os autores dos ensaios e estudos críticos não se limitaram a aplaudir os escritores selecionados; avançaram com considerações interessantes que o leitor comum, como eu, jamais lá chegaria. E “O CÂNONE” também vale muito por isso.
A edição é da Fundação Cupertino de Miranda e Edições Tinta-da-China.

Fernando Martins

Os cristãos e a política

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Hoje, diante de propostas políticas que abertamente procuram dividir, de forma maniqueísta, a sociedade entre bons e maus, puros e impuros, a pergunta do Evangelho é-nos devolvida, de novo, com maior agudeza: diante destas injustiças, de quem é que me faço próximo?


1. Alguns cristãos de várias denominações (católicos, metodistas, evangélicos, anglicanos, menonitas e presbiterianos) uniram-se em valores base para as eleições presidenciais, mediante a assinatura de um Manifesto. O 7Margens divulgou-o. Não teve a cobertura mediática que a sua significação merecia, não tanto pelo seu número, mas pelo próprio gesto ecuménico, em consonância com o oitavário de oração pela unidade dos cristãos. Mais adiante, tentarei mostrar o seu alcance no contexto da nova teologia política.
Sou dos que se manifestaram contra a febre da criação de partidos confessionais em Portugal, a seguir ao 25 de Abril de 1974 [1]. A eclesiologia do Concílio Vaticano II (1962-1965) tinha superado o papel que, no passado, tinha justificado as chamadas democracias cristãs [2]. Era preciso evitar o uso do nome de Cristo, directa ou indirectamente, para cobertura de práticas económicas, sociais, culturais e políticas em contradição com a sua mensagem e a sua intervenção histórica testemunhada no Novo Testamento.
Muitos cristãos que, nessa altura, se manifestaram contra partidos confessionais envolveram-se em várias organizações políticas, como era normal no pluralismo que se defendia. Para muitos dos católicos, que tinham perdido a esperança nas reformas da Igreja, que o referido Concílio tinha proposto – os chamados vencidos do catolicismo –, o envolvimento na política partidária passou a ser um substituto da religião. Acabaram por engrossar a ambígua designação dos chamados católicos não praticantes.

sábado, 30 de janeiro de 2021

O sentido da vida. 3. Sofrimento e sentido

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

A nossa vida não tem sentido, quando não vale para ninguém. No entanto, suportamos e superamos sofrimentos e fracassos, se alguém nos reconhece

Há uma vivência radical que põe o pensamento em sobressalto. Cada um de nós sabe que não esteve sempre no mundo, isto é, que nem sempre existiu e que não existirá sempre. Houve um tempo em que ainda não existíamos, ainda não vivíamos, e haverá um tempo em que já não existiremos, já não viveremos cá, deixaremos de viver neste mundo. Nesta constatação, experienciamos que somos de nós, somos donos de nós - essa é a experiência da liberdade -, mas não nos pertencemos totalmente, não somos a nossa origem nem temos poder pleno sobre o nosso fim. Viemos ao mundo sem nós - ninguém nos perguntou se queríamos vir - e um dia a morte chega e leva-nos pura e simplesmente. Não nos colocámos a nós próprios na existência nem dispomos totalmente do nosso futuro, não somos o nosso fundamento. Aqui, perante a certeza de que nem sempre estive cá e de que não estarei cá para sempre, pois morrerei, ergue-se, enorme, irrecusável, a pergunta: donde vim?, para onde vou?, qual é o sentido da minha existência?, que valor tem a minha vida?
Esta pergunta formula-se em relação a todos os seres humanos, à vida em geral, a toda a realidade: porque é que há algo e não nada?, perguntaram Leibniz e Heidegger, entre outros, mas ela diz respeito concretamente a cada um, a cada uma, de modo existencial e tem carácter ao mesmo tempo teórico e prático, uma vez que implica a liberdade. Ela é a pergunta mais originária e fundamental, como bem viu Albert Camus: "Se a vida tem ou não tem sentido, essa é a questão metafísica". De facto, o ser humano não pode viver sem sentido. Aliás, a existência humana está baseada na convicção do sentido.