sábado, 5 de dezembro de 2020

GATINHO À DEFESA

Em horas de confinamento há tempo para tudo



 Ao sentir-se perseguido por irmãos de raça, o gatinho refugiou-se entre a ramagens e ali ficou à espera de tempo e espaço livres para se divertir com amigos. Chamei-o mas ele não aceitou o convite à primeira vista. Minutos depois, com habilidade de felino ainda jovem, saltou para a brincadeira. A alimentação está garantida.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

GAIVOTAS EM TERRA...


 
"Gaivotas em terra tempestade no mar" é um velho ditado. De vez em quando, ao acordar, dou de caras com este espetáculo no telhado da vizinha. Não tenho visto que tenha acontecido assim por aqui à volta. Vêm tocadas pelo instinto, decerto na ânsia de escaparem à tempestade que está anunciada. Será? Não sei, porque não conheço a linguagem das gaivotas nem os seus hábitos. Mas que o ritual se tem repetido, lá isso tem.

DIA DA BOLACHA


Celebra-se hoje, 4 de Dezembro, o Dia da Bolacha. Já sabemos que há dias para celebrar tudo e mais alguma coisa. Poderia, pois, ficar de fora a Bolacha? Não!
A verdade é que eu como bolachas todos os dias. Poucas, mas como. Garanto que é por ser diabético. Quando a fome aperta, lá vem a sugestão de quem controla os meus apetites: - Como duas bolachinhas de água e sal... E a fome esvai-se por algum tempinho. 
Pois a bolacha não tem, segundo sei, a origem assinalada no tempo. Deve ter surgido por qualquer deslise na cozinha de alguém. Ao deixar cair num tacho qualquer um bocadito de massa destinada a um bolo, saiu uma rodela saborosa. No entanto, o Google informa que o Dia da Bolacha surgiu em 1980. Mas a bolacha, meus caros, é muitíssimo mais velha. E já que falamos disso, vou comer duas, que o almoço ainda tarda.
Bom apetite.  


A CHEGADA DO MAIS FORTE

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo II do Advento do Natal


Que estranha figura, escolhe Marcos, para abrir o cenário do início à narração do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus! Que protagonista desconcertante nos vem fazer apelo tão interpelante e dar notícia tão alegre! Que multidões, dos campos e de cidades, cheias de expectativas, acorrem a ouvir João Baptista e os seus exigentes apelos de conversão! 
Estas exclamações contêm interrogações que encontram resposta na proclamação da mensagem que nos chega dos cristãos de Roma e foi redigida um pouco antes da destruição do Tempo de Jerusalém (ano 70 da nossa era). Mc 1, 1-8. 
“A sua mensagem é um testemunho vivo de um homem que está consciente das prioridades e não dá importância aos aspectos secundários da vida como sejam roupas de marca, comer ou beber. Ser mensageiro que prepara o caminho para o Messias, denuncia o pecado, anuncia o perdão e dispõe o homem a converter-se”. A. G. Dalla Costa, CS, Brasil. 
A figura de João é estranha, desconcertante, irreverente, subversiva. A sua retirada para o deserto assemelha-se à de Elias: contestação dos critérios imperantes nas classes dirigentes, políticas e religiosas, denúncia do sistema social estabelecido, apelo veemente à transformação da estruturação da sociedade e ao estilo de vida sóbria, reduzida ao essencial. O deserto surge como espaço de encontro com Deus, propício para escutar a voz da consciência em suas aspirações fundamentais, distante dos interesses e dos privilégios dos poderosos, liberto de temores e de represálias, das simples aparências. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O LEGADO DE EDUARDO LOURENÇO


Ontem foi dia de ler, ouvir e ver o que se disse e mostrou de Eduardo Lourenço que deixou Portugal mais pobre, ou talvez não. Talvez não porque, afinal, a sua morte acordou-nos para a necessidade de voltarmos ao seu pensamento sobre o nosso país, que ele  nos ensinou a reler, a partir do que fomos e somos como povo que deixou marcas indeléveis nas rotas do mundo. 
Com todas as minhas reconhecidas limitações, também tive a curiosidade e o privilégio, desde há bastantes anos, de ler o que publicava em dias marcantes na comunicação social, dando-me a sensação de tornar simples o que parecia abstrato e muito para além dos conhecimentos da normalidade do nosso povo, no qual incluo. 
Também andei por diversos livros seus que não foi difícil encontrar hoje nas minhas humildes estantes por ocuparem um espaço próximos dos meus olhares. “A Nau de Ícaro seguido de Imagens e Miragens da Lusofonia”, “A Europa Desencantada para uma mitologia Europeia”, “O Labirinto da Saudade”, “As Saias de Elvira e outros ensaios”, “Antero ou a Noite Invicta”, entre outras obras que hão de estar por aqui, serão desafios para releituras, com redobrada atenção. A morte dos grandes pensadores, artistas e sábios tem a grande virtude de nos acordar para o que de importante nos legaram. E tanto e tão sublime tem sido.

Fernando Martins

GEOMETRIAS


 Revejo-me imensas vezes nas geometrias dos homens. A natureza não tem linhas retas. E não sei quem é mais criativo: a Natureza ou o Homem?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

SAIR PARA ESPAIRECER



É público, entre os meus amigos e conhecidos, que estou a cumprir o confinamento com o máximo cuidado, na esperança de me resguardar de qualquer contacto que poderia ser muito perigoso para mim e para a minha família. Não gosto de brincar com coisas sérias, tanto mais que estou na idade de risco. Saímos para espairecer umas horas, atentos ao distanciamento, aos contactos, evitando proximidades e desinfetando as mãos a toda a hora. 
Pelas notícias, vamos percebendo que o Covid-19 não transporta bandeirinha para anunciar a corrida pelo mundo nem carrega odores para atrair os seres humanos, o seu ninho predileto para sobreviver. E também se sabe que a sua cavalgada pelo mundo continua a deixar rastos de morte e sequelas nos que lhe resistem, normalmente os mais novos. 
A minha meta e a minha esperança estão na nas vacinas anunciadas, fruto da ciência e da determinação dos cientistas que a sociedade não aplaude tanto como seria de esperar. Daqui, deste meu recanto, saúdo com entusiasmos os que põem ao serviço da salvação da humanidade o seu saber, a sua intuição e a sua inteligência, inúmeras vezes ignorados ou menosprezados.

Fernando Martins