sexta-feira, 1 de março de 2019

Georgino Rocha: Ser bom discípulo de Jesus

Georgino Rocha

”As redes sociais favorecem uma comunicação rápida e múltipla com pessoas que estão longe, mas prejudicam a comunicação face-a-face, as conversas serenas que entram nos temas sem pressas. Somos cegos que se deixam guiar por outros cegos” 


Jesus, o mestre da lucidez, continua a instrução dos discípulos na planície da Montanha das Bem-Aventuranças. Prossegue os ensinamentos e as propostas de felicidade, citando exemplos da vida concreta, pois é na realidade do quotidiano que se encontram as sementes do ideal a que todos estamos chamados. Recorre a três breves parábolas bem conhecidas dos ouvintes a que dá um sentido novo: A do cego que guia outro cego; a da trave e do argueiro da vista; e a da árvore e seus frutos. E conclui, centrando o alcance das parábolas no homem bom, “que do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal”, e lembrando que “a boca fala do que transborda do coração”.
O sentido novo faz-nos ver a “cegueira” de quem se reduz ao limite do imediato e do egoísmo; da educação para as aparências e o êxito fácil. A trave e o argueiro indicam medidas que distorcem totalmente a realidade e pretendem definir regras de vida. A árvore, tantas vezes usada nos textos bíblicos, comporta um símbolo de sabedoria, de que se destaca o processo de elaboração do bom fruto.
“Vivemos tempos de incerteza e confusão, afirma a Homilética 2019/1, pag. 79, e em vez de pararmos para ver ou escutar a alguém que nos possa orientar, vamos todos sem saber aonde, nem para onde; sem sabermos onde estão os precipícios. Somos cegos guiados por outros cegos. Aonde vai a sociedade? A economia, a política, a educação, a ecologia…? Aonde vai esta Europa cada vez com mais envelhecidos, sem crianças a nascerem e a negar a entrada a outros povos que nos procuram?” Não faltam sintomas de mal-estar generalizado que reclama outra visão da realidade e mais audácia nas propostas de transformação. A começar pela família e avançando por todos os espaços de convivência e organização social e religiosa.
As novas tecnologias, a par dos enormes benefícios, quantos problemas levantam! Basta lembrar a autodependência “obsessiva” e hipersensível e a comunicação simplificada que despersonaliza.”As redes sociais favorecem uma comunicação rápida e múltipla com pessoas que estão longe, mas prejudicam a comunicação face-a-face, as conversas serenas que entram nos temas sem pressas. Somos cegos que se deixam guiar por outros cegos”. E o articulista conclui: “Hoje há necessidade que os instrumentos técnicos se submetam à sabedoria da experiência”.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Seniores cuidam da Natureza na Praia da Barra


A preservação e defesa do ambiente não olha a idades e a sociedade, no seu todo, deve assumir as suas responsabilidades. Com base neste princípio, a Câmara de Ílhavo promoveu uma tarefa importante, envolvendo a população sénior na plantação de estorno nas dunas da Praia da Barra. O estorno é uma planta apropriada à estabilização do cordão dunar, sendo esta iniciativa uma resposta fundamental à defesa do Ambiente e da Natureza.

A paixão de Jazzinta em novo disco e novo livro

Jazzinta:  momento de uma interpretação

Jazzinta  e Maria Joana Pereira

Maria Manuel e Rui Grácio
No dia 23 de fevereiro, no Hotel Moliceiro, em Aveiro, Jacinta Bola, docente universitária e cantora de Jazz, apresentou o seu mais recente disco e um livro, “Práticas Performativas no Jazz Vocal” – Uma auto etnografia crítico-analítica”. O disco, que afinal não é o tradicional disco, mas uma pen, bem ao gosto dos apreciadores das novas tecnologias, foi produzido por Maria Joana Pereira, manager da artista, e nele se refletem as artes de Jacinta e do músico Paulo Dantas. E o livro, da responsabilidade editorial da Grácio Editor, oferece aos seus leitores a tese de doutoramento da Jacinta, defendida na Universidade do Minho. 
Maria Manuel Baptista, Catedrática da Universidade de Aveiro, no âmbito de Estudos Culturais, apresenta, na Introdução, “reflexões, interrogações e perplexidades de um percurso artístico”, a propósito da paixão de Jazzinta, sua identificação no mundo do jazz. 
No lançamento do disco e do livro, Maria Manuel afirma que assumiu, perante a artista, apenas a tarefa de a ajudar a descobrir a sua paixão, já que, de música, não percebe “rigorosamente nada”. Nessa linha, levou a Jacinta a refletir, no sentido de encontrar o fio condutor de sua motivação, que começou a ganhar corpo e força. 
Depois de se interrogar sobre se o improvisar, fundamental no jazz, “será coisa que se aprende”, Maria Manuel frisou que o trabalho da artista “não é uma tese seca; tem vida”. O livro, adiantou, “é muito interessante”, porque reflete “muita paixão”. “A Jacinta enfrentou um júri muito exigente, que fez muitas perguntas”, às quais “respondeu brilhantemente”. 
Na referida Introdução, Maria Manuel Baptista afirma que a Jazzinta nos conta “uma história de paixão pela arte e pela música em particular”, mas também nos revela “a luta em busca do seu ser artista” e, ainda, “a desilusão e o confronto com a realidade do mercado cultural”. 
No lançamento do livro e do disco, a artista brindou os convidados com algumas interpretações do seu rico reportório, sobressaindo a técnica vocal poderosa que domina com expressão e paixão, enquanto Maria Joana deu conta de projetos e desafios, da seleção das músicas e dos concertos. 
Jacinta Bola confessou no livro que, quando retomou, em 2013, o ensino a tempo integral, a sua técnica vocal “melhorou exponencialmente”, para seu “grande espanto”, concluindo que, “dar aulas, ainda por cima, de canto”, fazia-lhe “bem à voz”. 
Presentemente, Jacinta Bola é professora no curso de música da Universidade Federal do Piauí, Brasil, e faz pesquisas na área de performance e improvisação do jazz vocal. Os seus alunos são, maioritariamente, cantores profissionais. 
O disco contém 12 interpretações de outras tantas composições, de que destacamos Nascente, de Flávio Venturini; Sinhá, de Buarque & Bosco; Bahia, de Ary Barroso; Sonho Mau (Ask me Now), de Tiago Torres da Silva / Monk; Chega de Saudade, de Moraes / Jobim; Chant / Think of One, de Jacinta; Roger Hall / Monk, e Aquele Abraço de Gilberto Gil, entre outras. A produção é de Maria Joana Pereira. Este álbum, denominado Semhora, é dedicado a todas as mulheres que são senhoras, sem hora. 

Fernando Martins 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Retrato de uma época — Proscrita



Proscrita

Dezasseis anos, quase, — inda os não tem.
Espera por bebé, é o seu problema.
Ao dar-se conta, fica embaraçada
E, cheia de coragem, diz à mãe.

A mãe segreda ao pai; mas, qual segredo!
Nervoso, despeitado no seu brio,
Reage com violência: insulta a filha,
Dá-lhe encontrões e vai-lhe mesmo à cara.

Indesejada em casa, a moça foge, —
Como a lebre dos montes, perseguida.
Sem nada: apenas o que tem vestido.

No colégio das freiras, não a acolhem.
O namorado fora para a tropa.
Riem-se dela, e mofam, as amigas.

Reinaldo Matos


“Sinfonia de poemas de Reinaldo Matos — 25 anos de poesia — 1959-1984”, 
Antologia organizada por Amílcar Amaral, Braga — 1984


Nota de rodapé, na página deste poema: «O poeta condena certos pais que desprezam e rejeitam a filha que caiu na tentação… e ficou grávida. Quanto mais cristão será perdoar… acolher… ajudar…»

José Reinaldo de Sousa Matos, nascido em 21-III-1925, ordenado em 29-VI-1950 e falecido, nos EUA, em 11-X-1993

NOTA: Do livro "Obra da Providência — subsídios para a sua história", com lançamento marcado para sexta-feira, 1 de março, na Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, pelas 21 horas.

Tolstoi e o bosque


"Há quem passe pelo  bosque 
e apenas veja lenha para a fogueira"

Lev Tolstoi (1828-1919), escritor russo

Nota: Sugestão do "Correio do Vouga"

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O país dos filhinhos do papá existe mesmo

João Miguel Tavares é um jornalista do PÚBLICO que leio quando posso. Nas suas crónicas não perdoa compadrios nem carreirismos com base em apelidos de família. Denunciar isto é importante, sobretudo quando tal situação atinge cargos governamentais. 

Exercício de combate à poluição no Porto de Aveiro



Gostei de saber que se realizou, no Porto de Aveiro, no passado dia 22 deste mês, um exercício de combate à poluição, promovido pela Autoridade Marítima Nacional. O exercício ocorreu nas instalações do Departamento Marítimo do Norte, depois da realização de uma ação de formação e treino que se estendeu durante três dias. 
Segundo a nota que nos foi enviada, o exercício respondeu a uma simulação de derrame de fuelóleo provocado pela colisão de um navio tanque na ponte cais n.º 26 do Terminal de Granéis Líquidos. 
Esta ação mostra à evidência que na área portuária os responsáveis estão atentos a eventuais ocorrências no âmbito da poluição do ambiente, com prejuízos para as populações, em geral.

Li aqui