domingo, 10 de fevereiro de 2019

Júlio Dinis: Em Aveiro há trigueiras como em parte nenhuma






NOTA: 

1. Arquivo do Distrito de Aveiro; 

2. Nas horas vagas, as tais que sobram do quotidiano da minha vida, gosto de visitar escritos antigos. Desta feita, volto à passagem de Júlio Dinis por Aveiro, para sublinhar que o escritor simpatizou com as trigueiras aveirenses. Diz ele: "em Aveiro há trigueiras como em parte nenhuma." Tem razão, sim senhor!

Frei Bento Domingues: Não nos preocupemos com os anjos

Bento Domingues

"Foi para mim um anjo ! São muitas as pessoas, todos conhecem algumas, a quem apetece dizer esta bendita oração."

1. Não escolhemos as perguntas que nos fazem. Na semana passada, uma senhora muito idosa perguntou-me aflita: os anjos existem ou não? Toda a vida rezei ao meu anjo da guarda, mas a minha neta disse-me que, agora, já nem os padres acreditam nisso. 
A erva-das-pampas até pode ser “bonita”, mas não devia estar por todo lado 
Deduzi que não era a sua crença que estava abalada, mas a dificuldade em transmiti-la à nova geração. Não vem ao caso a conversa que tivemos. O imaginário da luta entre os anjos bons a quererem salvar as nossas almas e os demónios a fazerem tudo para nos perderem era a representação religiosa da nossa infância. Lembrei-lhe que, na Eucaristia, o louvor divino é sempre associado à música dos anjos e dos santos! 
Quando a ansiedade serenou, lembrei-lhe duas histórias que me divertiram. Em 1961, à saída de Liège, à espera de uma boleia para Colónia, li, no Assimile de alemão, que um pároco pediu a um pintor que enchesse de anjos as paredes de uma capela recém-construída. Quando foi ver as pinturas ficou irritado: quando é que se viram anjos com tamancos? O pintor observou-lhe: e sem tamancos? 
Em 1962, era assistente da Juventude da Igreja de Cristo Rei (Porto) – a primeira associação católica mista de jovens, em Portugal – quando um rapaz interessado por teologia veio dizer-me que tinha descoberto as razões do mundo andar tão desorientado. Os Anjos não se reproduzem e os seres humanos são cada vez mais. Resultado: há muita gente sem anjo da guarda! 

Anselmo Borges: Encontros para a História

Papa nos Emirados Árabes Unidos 

Anselmo Borges

1."Deus, o Todo-Poderoso, não precisa de ser defendido por ninguém e não quer que o seu nome seja usado para matar e aterrorizar as pessoas".
Quando li este passo no "Documento sobre a Fraternidade Humana" a favor da paz mundial e da convivência humana, assinado no início desta semana em Abu Dhabi, pelo Papa Francisco e pelo Grande Imã de Al Azhar, Ahmed al-Tayeb, lembrei-me da mesma afirmação que há anos ouvi ao então Bispo de Nampula e que transcrevi na abertura do livro que coordenei, "D. Manuel Vieira Pinto. Cristianismo: Política e Mística": "Porque é que Você, que é Bispo, quando vem falar comigo, nunca me fala de Deus e da religião, mas do povo, da defesa dos seus direitos e da sua dignidade?", perguntou o Presidente Samora Machel a D. Manuel Vieira Pinto. "Porque um deus que precisasse da minha defesa seria um deus que não é Deus. Deus não precisa que O defendam. O Homem sim.", respondeu D. Manuel.
Este é um princípio decisivo para quem queira estar na religião/religiões com dignidade: Deus não precisa que O defendam; as pessoas sim. Porque é isso que Deus quer, o seu único interesse são as pessoas. Já Santo Ireneu o disse: "Gloria Dei homo vivens": a glória de Deus é o homem vivo, realizado, pleno, feliz. Quantas vezes a pretensa defesa de Deus e da sua glória levou à humilhação, ao espezinhamento, à brutalidade sobre outros homens, a guerras, a terrorismos... Em nome de Deus!

2. De 3 a 5 deste mês de Fevereiro, quando se celebram os 800 anos do encontro entre Francisco de Assis e o sultão Al-Malik, o Papa Francisco, recebido com as maiores honras de Estado pelo príncipe herdeiro de Abu Dhabi, esteve nos Emiratos Árabes Unidos para uma visita que também fica para a História. Dois acontecimentos fundamentais ocuparam as 48 horas da visita: promover e fortalecer o diálogo inter-religioso, especialmente com os muçulmanos, e uma Missa para os católicos, que serão uns 900.000 no país.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Pedro Mexia na revista E do EXPRESSO - Crucifixos nas salas de aula



NOTA: Com a devida vénia, publico a crónica de Pedro Mexia, com a qual concordo inteiramente. Aliás, isto acontece com bastante regularidade. O assunto é pertinente, como pode ser confirmado. E a teoria da escritora italiana, com ligações ao PCI, apresentada em 1988, tem perfeito cabimento em momentos de reflexão, quando se abordam questões de símbolos nas escolas. 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Abuso de religiosas em congregações

Papa Francisco no avião no regresso de terras do Corão 

Quando ouvi o Papa Francisco denunciar casos de abusos de religiosas em congregações católicas, “que estão a ser punidos”, nem quis acreditar. Aquando da pedofilia, levada a cabo por padres e bispos sobre crianças indefesas, qualquer pessoa, crente ou não crente, não pode deixar de sentir repugnância por gente sem escrúpulos e sem temor de Deus. Será que tais criminosos, habituados a manejar os livros sagrados e a comungar o Corpo de Cristo, acreditam mesmo em Deus? Será que ainda possuem alguma noção do mal que fizeram, à sombra das vestes que usam e dos cargos que desempenharam? Ou serão pessoas sem alma, sem princípios, sem moral e sem noção do pecado?
Como deve estar o Papa Francisco, com casos destes para resolver? E agora, notícias que nem sequer poderia admitir, como é possível haver situações  destas sobre religiosas comprometidas com Deus e com o mundo, em ambiente de oração?

Ler aqui 

"O Ilhavense" não pode morrer

“O Ilhavense” vai encerrar portas. Li esta notícia no “Correio do Vouga” e coloquei-me no lugar do meu bom amigo José Sacramento que foi o “pai” carinhoso do jornal que retratava o dia a dia de Ílhavo e região com paixão. Chegava muito para além das terras ilhavenses, onde quer que vivessem e trabalhassem gentes destas terras banhadas pela ria e pelo oceano. 
Todos sabemos que as novas tecnologias não regulam os seus valores e interesses pelo coração, porque o que importa é dar a notícia em cima da hora, ao simples toque do telemóvel e sem mais explicações. E como ainda há quem goste de saborear a leitura folheando o periódico, que alguns ainda guardam num qualquer recanto para mais tarde recordar, apetece-me pedir aos ilhavenses que não deixem morrer quem tanto deu à terra. 
Aqui deixo um abraço solidário ao meu amigo José Sacramento, na esperança de que ainda surja alguém que salve “O Ilhavense” e a sua história da morte anunciada. 

Fernando Martins 

Georgino Rocha: Deixando tudo, seguiram Jesus

Georgino Rocha
"Por Aquele que se mostrara de modo tão assombroso, estão dispostos a deixar barcos e redes, horas felizes de convívio e pescaria, de brisa e maresia. Começam a sonhar com outros mares e a afeiçoar-se a ser pescadores de homens, como o Mestre lhes anuncia"


Jesus está na margem do lago de Tiberíades. Numerosa multidão o acompanha e aperta para ouvir os seus ensinamentos. Vinha das populações vizinhas e também da Judeia onde ele havia pregado. Move-a a novidade da mensagem e o estilo de vida de Jesus, que atraía e irradiava. Move-a o sentido de confiança crescente que se irá confirmar com o episódio da pesca abundante. Move-a a ânsia profunda de ouvir a palavra de Jesus, mesmo depois de o ver afastar-se na barca de Pedro. Lucas, o autor da narração, faz um relato simbólico, que dá rosto ao agir histórico de Jesus na sua relação com os discípulos; portanto connosco. Vamos deter-nos em alguns passos. (Lc 5, 1-11).
“Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago”. Quer dizer o seu olhar desloca-se, deixa a multidão e procura um meio de ajuda. Precisa de outro espaço. Quer libertar-se do aperto em que se encontrava, procurar distância para se fazer ouvir, até porque as águas transmitem mais facilmente os sons e as palavras, iniciar um processo de envolvimento pessoal de Simão, Tiago e João, pescadores chegados da faina malograda.
Também, hoje, quantas barcas paradas nas margens da vida após noites de labuta intensa e sem resultado. Quantos sonhos desfeitos em corações jovens que alimentavam novas ousadias! Quantas amarras à liberdade a quem sente os impulsos do amor e deseja a verdade! São milhões os que, após um desaire, ficam nas margens da vida, sem terem quem se lembre deles e lhes dê a mão, pedindo um serviço. Ex-presos, drogados, sem tecto, indocumentados e tantos outros aí estão a dar rosto a esta tremenda realidade.

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