segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Efeméride - Início da Guerra Colonial

4 de Fevereiro de 1961


Em Angola, neste dia, em 1961, começou a guerra colonial portuguesa, ao abrigo das políticas defendidas por Salazar, que proclamavam que Portugal era um país multicultural, multirracial e multicontinental, uno e indivisível. Nas escolas, desde tenra idade, todos eram doutrinados para estes princípios, de que Portugal se estendia do Minho ao Algarve, chegando a Timor e Macau, depois de passar por Angola e Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, Açores e Madeira. A guerra está na memória da minha geração, pelas mortes que custou, pelos traumas que provocou, pelos mutilados que deixou. Tudo isto tende a ficar esquecido, mas tal não é fácil para os que por lá passaram e para milhares de famílias que viram partir para a luta tantos dos seus filhos. Muitos por lá ficaram.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

DO PANAMÁ PARA PORTUGAL

Anselmo Borges
1. Nesta sua presença de 5 dias nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá, o Papa Francisco também visitou um centro de detenção de jovens, que é modelar, pois, com a ajuda de assistentes sociais, psicólogos e peritos de várias especialidades, prepara os jovens para a sua integração na sociedade, sendo também obrigatória a sua participação em cursos de formação profissional e de desenvolvimento humano. Francisco animou-os: “Que ninguém vos diga nunca: ‘não vais conseguir’. Deus não vê rótulos nem condenações, vê filhos.” 
Foi ali que um jovem preso contou ao Papa a sua história: que desde pequeno sempre sentira um vazio interior, a falta de um olhar carinhoso de pai; um dia, encontrou esse olhar em Deus, mas, depois, caiu e agora encontrava-se ali cumprindo uma pena; e disse-lhe, do fundo do seu contentamento, que havia de ser um grande chefe. Francisco ouviu com atenção e carinho, como só ele sabe escutar. E o jovem comentou enternecida e admirativamente: “... Que alguém como você tenha arranjado tempo para ouvir alguém como eu, um jovem privado da liberdade!... Não sabe a liberdade que sinto neste momento!” O jesuíta Diego Fares comentou: “Talvez tenha que ser um preso para valorar quem o Papa é e o que faz.” 
 Ao longo desta sua viagem, Francisco encontrou-se com políticos, bispos, padres, religiosos e religiosas, fez discursos para as centenas de milhares de jovens, vindos de 155 países, mas encontrou tempo para escutar a história deste rapaz e assim escreveu mais um capítulo da sua encíclica, que não é de palavras, mas de gestos, encíclica que dá sentido a todas as suas encíclicas e discursos. Jesus também assim procedeu. 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Eduardo Lourenço: "Não sou um grande pensador, o mundo é que pensa"

"Não creio que a Bíblia naufrague, 
mesmo numa civilização tão desapiedada (...) 
como a nossa."

Eduardo Lourenço
«"Não sou um grande pensador, o mundo é que pensa e eu tento imaginar o que ele me está a dizer. O mundo já não tem aquela leitura tradicional que herdámos do século XIX, em que o livro era o começo, o princípio e o fim da nossa experiência com o mundo e com nós próprios", disse Lourenço.
"O nosso livro fundamental é a Bíblia, pelo menos até agora. Não creio que a Bíblia naufrague, mesmo numa civilização tão desapiedada, tão violenta internamente, tão pouco cheia de misericórdia como é a nossa nestes tempos que correm".»

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Notas do Meu Diário: Desassoreamento da Ria

Laguna em maré baixa
É público que a Ria de Aveiro está assoreada há muito. É sina sua e nossa, desde que me conheço. E o Governo, como é público, vai avançar daqui a umas semanas com trabalhos de desassoreamento. 
Nas meus escritos sobre a região lagunar, tenho por costume cantar loas à beleza da nossa terra, com a Ria a ocupar um espaço especial. A Ria de Aveiro fascina-nos. É um facto. Ainda há tempos, quando falei dos seus canais, a maioria dos quais nunca visitei com olhares críticos, alguém opinou, sublinhando que estão assoreados, sendo, por isso, impossível navegar por eles. E não duvidei. 
O desassoreamento que vai ser feito implica uma despesa enorme, da ordem dos 17,5 milhões de euros, e depois dos trabalhos executados e pagos cada um vai à sua vida. E com a Ria acontece o mesmo, como desde a sua origem, há uns mil anos. Então que fazer? A meu ver,  o desassoreamento devia ser mais frequente, com as entidades competentes a saírem dos seus gabinetes para denunciarem as zonas assoreadas e atuarem de imediato e em conformidade. É lirismo da minha parte? Talvez. 
Bom fim de semana

F. M.

Notas do Meu Diário: Em Portugal, a culpa morre solteira...




Em Portugal, a culpa morre solteira imensas vezes. Os processos de corrupção e compadrios, entre outros grandes crimes, nunca mais chegam ao fim e nem é preciso citá-los. No caso da derrocada da estrada de Borba, onde morreram pessoas, está toda a gente à espera de se saber quem foram os culpados. Será que algum dia se virá a saber quem não reparou, por obrigação, que a derrocada estava a ameaçar?
Agora vem o inquérito parlamentar descobrir que a CGD emprestou milhões sem as mínimas garantias de um dia ser reembolsada pelas empresas beneficiadas. E quem alimenta tudo isto?  Tem de ser o povo português, está claro.
Ao que chegou a nossa democracia...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Jesus, expulso da cidade, segue o seu caminho

Georgino Rocha
"Felizes os que são coerentes 
e fazem o que creem, 
e creem o que o Evangelho ensina"

A esplanada da sinagoga de Nazaré, após a celebração em que Jesus intervém, torna-se palco de um acontecimento notável que marca o início simbólico do caminho para Jerusalém. A seguir à homilia, a assembleia reage cheia de entusiasmo e admiração, dando testemunho “a seu favor pelas palavras cheias de graça que saíam da sua boca”. Dir-se-á que é uma reacção coerente com a novidade anunciada e compreendida, com a linguagem de Jesus, o leitor mensageiro, com as expectativas dos participantes no rito do culto semanal. Dir-se-ia que Jesus seria ovacionado no final e coroada de êxito a sua primeira vinda oficial à terra natal. Mas o ser humano é instável e a sua curiosidade insaciável. Surgem as perguntas de pesquisa sobre a identidade de Jesus. E com elas a suspeita e a disputa. Vamos acompanhar o desenrolar do episódio que o Evangelho de Lucas (Lc 4, 211-30) nos deixa como “portal” do que vem a acontecer na caminhada para Jerusalém.
“Este episódio do rechaço de Jesus em Nazaré tem um caracter simbólico: em certo sentido é uma síntese de todo o evangelho, afirma o comentador do nosso texto na Homilética, 2019/1, p. 42. E prossegue dizendo que “Jesus irá experimentando um fracasso cada vez maior (até os seus próprios amigos o abandonam e um dos mais íntimos o atraiçoa).

O entusiasmo dos nazarenos constitui o início da alegria que desabrocha em quem segue Jesus nos caminhos da missão. O número vai aumentando chegando a ser uma pequena multidão. E mostra-se em gritos e aclamações públicas, em encontros de rua e festas de família, em convites e refeições, e em tantos outros modos. Seguir Jesus dá sentido à vida, revigora energias, alimenta a esperança, desinstala, cria laços de pertença, traça novos ritmos.
Mas esta adesão inicial esgota-se rapidamente se não for alimentada e robustecida pela convicção firme, fruto da razão inteligente iluminada pela graça da fé. Como é urgente dar-lhe suporte consistente? Vem a propósito a advertência de Jesus: Casa construída sobre areia está sujeita a derrocada ao primeiro vendaval. E vem a propósito trazer à memória eventos apostólicos de grande sucesso imediato que se esgotam no momento do encerramento. A intensidade da experiência vivida dilui-se e acaba por ser apenas memória saudosa e gérmen de nostalgia frustrante. Reganhar ânimo e começar de novo exige grande confiança em Deus e paciência criativa.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Prémio Rei de Espanha para o fotógrafo Nuno Ferreira


«O fotógrafo Nuno André Ferreira, da agência Lusa, venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia "O Nosso Presidente Marcelo", foi divulgado esta quarta-feira.
A fotografia, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017, foi captada em Santa Comba Dão, no distrito de Viseu, e mostra Marcelo Rebelo de Sousa solidário com um agricultor, inconsolável, uma das vítimas dos incêndios.
Segundo o comunicado o júri "valorizou o fator emocional e a componente humana que permite adivinhar uma tragédia sem necessidade de se ver a zona devastada".»

Li e vi na Renascença