terça-feira, 9 de outubro de 2018

Ilha de Sama ou Ilha do Rebocho

Em dezembro de 2007, publiquei um texto que mereceu a atenção de amigos que muito prezo. Um deles, o Ângelo Ribau, já não está entre nós, embora continue connosco a sua memória. 


As tecnologias fazem por vezes quase o impossível. Na Gafanha da Nazaré, junto ao Porto de Pesca Longínqua, vê-se ao longe a célebre Ilha de Sama, também conhecida por Ilha do Rebocho. O que mal se vê ou vê mal a olho nu pode ser ampliado por qualquer razoável máquina fotográfica. O que fica, nesta fotografia, é uma imagem do abandono a que foi votada a ilha. A casa em ruínas dá a sensação de que é filha de guerra ou de puro esquecimento. Numa zona turística talvez a ilha pudesse ser devidamente aproveitada. Outrora foi propriedade agrícola, não sei se muito ou pouco produtiva. Mas tinha alguma vida. Hoje, está em agonia plena.
Presumo que continua na mesma. Não tive oportunidade de confirmar, mas vale a pena ler aqui as considerações então feitas no meu blogue, na altura noutra plataforma.

Biblioteca de Ílhavo vai atuar fora de portas


Com o objetivo de promover a leitura e o livro junto da comunidade sénior, a Câmara Municipal de Ílhavo, vai, esta quarta e quinta-feira (dia 10 e 11 de outubro), transportar a Biblioteca Municipal (BMI) para “fora de portas”. 
A BMI vai visitar vários lares de Terceira Idade realizando, em cada um deles, uma Sessão de Contos e deixando um baú repleto de livros para que os cidadãos seniores não se sintam privados de um importante veículo cultural, de saber e conhecimento. 
Não desejando ficar por aqui, a BMI avança também amanhã, 10 de outubro, quinzenalmente, com um serviço de apoio na utilização da Web, em especial na área do Facebook, direcionado para a população mais adulta. Neste caso, é necessária inscrição prévia junto da biblioteca.

Fonte: CMI

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Da oração, segundo Khalil Gibran




«Depois, uma sacerdotisa disse-lhe: Fala-nos da oração. 
E ele respondeu: 
Vós orais na aflição e na necessidade; gostaria que pudésseis orar igualmente na plenitude da vossa alegria e nos vossos dias de abundância. 
Pois, que é a oração se não a expansão de vós mesmos no ar vivo? 
E se, para vosso alívio, lançais no espaço as vossas trevas, é para vossa alegria que abris o vosso coração à aurora. 
E se só sabeis gemer quando a vossa alma vos incita à oração, ela deveria estimular-vos, embora gemendo, até finalmente chegardes ao riso. 
Quando orais, erguei-vos para encontrar nos ares aqueles que oram nesse mesmo instante, e só na oração os podereis encontrar.»
(...)

In “O Profeta”

domingo, 7 de outubro de 2018

Hierarquias ciumentas?

Bento Domingues

"A irritação com o Papa Francisco é o pânico de que ele, apesar de todas as iniciativas para o travar, não desista do seu programa global."

1. Segui vários cursos sobre as diversas expressões do profetismo bíblico, orientados pelo dominicano Francolino Gonçalves, um dos maiores especialistas mundiais em literatura profética do antigo Oriente [1]. Confesso que esses cursos e a frequente leitura dos seus textos serviram mais para admirar o seu saber e verificar a minha ignorância, do que para me sentir minimamente competente, no meio desse vastíssimo e diferenciado fenómeno de muitos estilos. Na nossa linguagem corrente, profeta é aquele ou aquela que prevê, ou se atreve, a predizer o futuro. Um adivinho. Na Bíblia, é um ser humano que tem o dom divino de ser lúcido acerca do presente, vendo as esperanças e as ameaças que encerra. Sabe discernir as opções que libertam o horizonte das que conduzem ao desastre colectivo. Importa não confundir os verdadeiros com os falsos profetas, isto é, os defensores das populações com os bajuladores dos poderosos.
No mundo sacral, a religião, com os luxuosos cerimoniais em que vive a classe sacerdotal, serve para dar cobertura à exploração dos trabalhadores e à humilhação dos pobres. Essa religião é vomitada por Deus. Sem a prática da justiça e o cuidado dos pobres, a religião é uma abominação.

sábado, 6 de outubro de 2018

Pensantes e não pensantes

Anselmo Borges

Imersos numa crise sem precedentes da Igreja Católica, que está longe de terminar, retomo, na substância e com a devida vénia, um texto que escrevi para o livro Portugal Católico. A Beleza na Diversidade.

1. Quando cheguei à universidade, admirava-me com o espanto de estudantes e até de professores por causa do meu pensar interrogativo no que se refere à religião. No entanto, I. Kant tinha razão ao escrever que a religião, apesar da sua majestade, não pode ficar imune à crítica. Só uma Igreja autocrítica e que acolhe a crítica da sua realidade tantas vezes tenebrosa pode criticar as infâmias do mundo.
Julgo que continua em Portugal a ideia de que o católico na Igreja está infectado por uma fé dogmática, imóvel e incapaz de pensamento aberto e crítico. A pergunta é: Quem assim pensa estará enganado? Infelizmente, parece-me que não. De facto, quando se pensa nas feridas deixadas pela Inquisição, que tolheu a abertura do pensar, e num clero frequentemente inculto, que se deixou ultrapassar pelo mundo moderno - ouça-se as homilias de grande parte dos padres, impreparadas, inúteis ou mesmo prejudiciais -, fica-se com a convicção de que a Igreja se imobilizou num mundo do dogma repetitivo de uma doutrina que já não é aliciante para a vida e que, pelo contrário, transformou o Evangelho, notícia boa e felicitante, em Disangelho, notícia infeliz e de desgraça, para utilizar a palavra de Nietzsche. Drama maior: a modernidade acabou por ter de impor à Igreja oficial o que é património e herança do Evangelho: os direitos humanos, a liberdade, a igualdade, a separação da Igreja e do Estado.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Notas do Meu Diário: Três datas marcantes

5 de outubro de 1143 — Fundação da Nacionalidade 

Tratado de Zamora
Por ordem cronológica, quanto ao ano, importa reconhecer que a fundação da nacionalidade não pode ser ignorada pelos portugueses. Nesta data, no tratado de Zamora, foi reconhecido D. Afonso Henriques como rei dos portugueses, primeiro passo para o futuro país iniciar a sua caminhada, rumo ao futuro. E se é verdade que Portugal continua senhor do seu destino, tenho dificuldades em sentir que esta efeméride tem caído ingloriamente no baú do esquecimento, sem possibilidades de ser cantada e celebrada. 
Curiosamente, este ano, completam-se 875 anos da fundação de Portugal, muito embora se diga que Portugal, como nação e estado, ainda estivesse longe de possuir esses estatutos, à luz dos direitos da época. 
Contudo, o que importa frisar é que esta data foi importantíssima para a nossa identidade começar a impor-se no espaço do mundo conhecido da época, há 875 anos. 

5 de outubro de 1910 — Implantação da República 

Proclamação da República
Vivemos 767 anos no regime monárquico,  até que um dia, no tal 5 de outubro de 1910, os portugueses resolveram, pela voz dos políticos da época, mudar de regime. O rei deixou de reinar, o governo por ele nomeado foi forçado a entregar as pastas da governação e os republicanos assumiram os destinos da nação. O regime monárquico terá cometido erros que levaram à proclamação da república e o novo regime terá também falhado em muitos aspetos. E por isso, a república pagou caro esses deslizes, conduzindo o país a uma ditadura de cerca de 40 anos. Felizmente, em 1974, foram abertas as portas às liberdades democráticas. E assim estamos presentemente com direitos inalienáveis que nos permitem escolher quem deve governar Portugal. 

5 de outubro de 1994 — Dia Mundial do Professor 

Professora com aluno
Hoje, todos podemos homenagear os professores e as professoras que nos abriram ao olhos à cultura e os que atualmente exercem a missão de transmitir conhecimentos aos que frequentam as escolas, de todos os graus de ensino, sem descurarem a função educativa, fundamental na conduta do homem e da mulher na sociedade, tendo no horizonte o bem, o belo, a solidariedade e a luz da verdade. 
No campo da aprendizagem, ainda evoco professores e professoras que despertaram em mim o gosto pela leitura, pela escrita e pela arte da convivência fraterna. 
Costumo pensar e dizer que nós todos temos muito dos nossos pais e dos nossos professores, alguns dos quais souberam incutir no nosso espírito sentimentos de lealdade, de justiça, de liberdade e de paz. Mas ainda de sentido democrático e de respeito pelas opiniões dos que connosco vivem no dia a dia. Os que pensam diferente de nós, embora possam ser nossos adversários, jamais serão nossos inimigos. Assim aprendi e assim tenho dito sempre. 
Uma saudação amiga para quem presentemente vive o sentido da responsabilidade de transmitir conhecimentos, tantas vezes com sacrifícios inauditos. 

Fernando Martins

Igualdade, a novidade a que Jesus nos chama

Georgino Rocha

Jesus anda pela Judeia e vai a caminho de Jerusalém, cidade do embate final, da morte por crucifixão, ante-sala da feliz ressurreição. Anda apaixonado pelo anúncio da novidade do Reino de Deus, que desenha uma nova situação para todas e cada uma das pessoas, irmãs em humanidade. Quer aproveitar esta fase final do percurso para deixar claros os valores fundamentais da realização germinal do projecto de salvação na história; valores que contrariam certos princípios da ordem estabelecida alicerçada em interpretações redutoras da Palavra de Deus. (Mc 10, 2-16).
Marcos, o evangelista narrador, dedica o capítulo 10 a esses valores, designadamente à igualdade na dignidade do homem e da mulher, sempre, mas sobretudo quando unidos em casamento por opção  livre; vem depois a igualdade na sociedade, especialmente a partir dos esquecidos e marginalizados como são os que se assemelham a crianças no tempo de Jesus. São estes valores que queremos compreender bem, saborear, viver e, dentro do possível, na família e nos ambientes sociais em que vivemos e construímos.
A pergunta dos fariseus sobre a licitude do divórcio oferece uma boa oportunidade a Jesus para vincar a novidade de que portador. Não responde directamente à questão, mas faz remontar a relação do homem e da mulher ao sonho original do Criador. E reinterpreta a autoridade de Moisés, grande amigo de Deus e chefe do seu povo.
À solidão do homem, corresponde o Criador com a oferta da mulher, e a ambos é dada a regra de vida: Crescer em amor e companhia, em relação de mútuo enriquecimento e de fecundidade biológica e educativa, cuidar da terra, jardim da vida em harmonia e beleza, organizar a convivência humana, tendo em conta os ritmos da natureza e apreciando a entrega que lhes faz. E Deus viu que era tudo muito bom e belo, diz o texto das origens.

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