terça-feira, 2 de outubro de 2018

Um Olhar… (Sonetos)

João Alberto Roque: "Eu estou nestes sonetos" 

João Alberto Roque
João Alberto Roque e Hélder Ramos
João Alberto Roque, docente da Secundária da Gafanha da Nazaré e membro ativo da nossa comunidade, lançou, no dia 28 de setembro, na biblioteca daquela escola, o seu  mais recente livro, Um Olhar… (Sonetos), que mostra à saciedade a sua faceta de escritor, multifacetada e premiada, merecedora da atenção de todos. A obra contou com a apresentação de Hélder Ramos, também professor, poeta e amigo de João Roque, desde a juventude, que sublinhou a sua “apetência” especial pela escrita, manifestada nos festivais da Canção Mensagem, realizados há décadas na paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, como letrista.
Hélder Ramos referiu que “o soneto não é muito dos nossos tempos”, enquanto evocou famosos sonetistas da nossa literatura, desde Sá de Miranda até Natália Correia, sem esquecer Camões e Florbela Espanca. “O soneto é bicho raro”, disse.
O apresentador frisou a importância de “o criador olhar para o que cria”, esclarecendo que o João Roque “é um poeta-cidadão que olha à sua volta”, porque “o mundo precisa de ser humanizado”. E adiantou que “a poesia nos leva ao encontro da realidade”, cabendo ao poeta “interpelar-nos” no dia a dia.
Hélder Ramos salientou que a poesia “é um terreno fechado” que “tem muitas portas abertas”. E garantiu que “em cada soneto há sempre uma porta que o autor nos abre”.
No Prefácio que escreveu, Hélder Ramos afirmou, referindo-se ao autor: “temos um poeta mais maturado e seriamente empenhado em partilhar contributos lírico-reflexivos cuidadosamente lavrados nos versos tratados com o próprio trabalho com palavras capazes de elevar os sentimentos terrenos ao encanto superior que UM OLHAR novo só a Poesia pode oferecer.”

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Dia Internacional do Idoso - Um abraço para todos os idosos

Aqui estamos a  apanhar o ar fresco do nosso mar

O Dia Internacional do Idoso comemora-se hoje, 1 de outubro. É, portanto, o nosso dia, meu e da Lita. Sem complexos o afirmo e nem preciso que me felicitem por isso. O prazer de viver com a minha mulher, há mais de meio século, dá-me a alegria de esperar todos os dias o nascer do sol e de aguardar a chegada da noite para dormir sem stresse, com a consciência tranquila e sem problemas que me roubem o sono. 
Este dia foi instituído em 1991 pela ONU com o «objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar a população mais idosa. A mensagem do dia do idoso é passar mais carinho aos idosos, muitas vezes esquecidos pela sociedade e pela família». É isso… E se nós nos sentimos felizes, há que reconhecer que muitos velhos vivem sozinhos, dramaticamente sozinhos, porventura atormentados pelo abandono ou pelo esquecimento. 
Há filhos e netos ingratos noutras famílias? É óbvio que há, pela simples razão de que são gente sem sentimentos, sem capacidade de amar, talvez egoístas, decerto pouco inteligentes. Esquecem-se de que um dia, quando velhos, se lá chegarem, possam reconhecer a marginalização a que votaram os seus pais e avós. 
Um abraço para todos os velhos, meus leitores e amigos. Mais forte, se estiverem amargurados pela solidão. 

Fernando Martins

Assim vai a nossa comunicação social...

 
«O Presidente da República fez na ONU um discurso que posiciona Portugal na vanguarda do melhor dos valores europeus. Marcelo mostrou-nos em frontal oposição ao perigoso unilateralismo pretendido por Trump e amigos, destacou que Portugal está no campo humanista na procura de um pacto global sobre as migrações e no campo certo das preocupações frente às alterações climáticas e à proteção dos oceanos. Defendeu o reforço da lusofonia na cena internacional e a reclamada, mas continuamente adiada, atualização do funcionamento da ONU. Realçou a prioridade portuguesa a África e não esqueceu a tão esquecida questão da Palestina. Também a mobilização para as questões da igualdade de género. É um discurso que mostra Portugal como um país cujas escolhas estão no lado mais humano e mais justo do mundo»

domingo, 30 de setembro de 2018

Não varrer a casa ao diabo (2)

Bento Domingues
"Evoco esse passado por uma simples razão: os tormentos chegaram ao fim com a eleição do Papa João XXIII, o milagre maior que eu já vivi. Por dificuldades em Portugal, tive a graça de, antes e durante o Concílio, poder frequentar, devotamente, as suas audiências públicas. Vi, pela primeira vez, um papa que parecia o avô de toda a gente. Podíamos verificar que ele gostava de nós todos, os que estavam lá e os que não estavam, crentes e não crentes, porque todos acreditávamos que ele era a voz da humanidade à procura de paz e de esperança. Este João era a alegria bem-humorada. Chegou a dizer que se lembrou de convocar o Concílio quando estava a fazer a barba. Veio o Concílio. Abriu portas e janelas, acreditando que as correntes de liberdade mais contrastadas ajudavam a encontrar novos caminhos."

1. Estaremos no bom caminho? Parece-me que sim. Digo isto com toda a convicção, mas nada está garantido, à partida. A história da Igreja não é, nunca foi, nem pode ser, desenhada como uma auto-estrada de santidade. Quando certa apologética infantil, ignorante ou perversa falava da história admirável da Igreja, como uma procissão de heróis, santos, mártires, doutores e místicos, ilustrada nas pinturas e esculturas das igrejas e capelas, faltava lá o reverso da medalha: a lista das vítimas dos inquisidores, dos criminosos e perversos em nome da santa vontade de Deus. Em defesa da revelação divina e da sua verdade contida nas escrituras, nos concílios ecuménicos, no magistério ordinário e extraordinário dos Papas, decretaram-se condenações e excomunhões odiosas.
Na preparação da entrada no Terceiro Milénio [1] manifestou-se, em alguns sectores da Igreja, a vontade de confessar, publicamente, os crimes e os pecados do passado, fazendo propósitos de emenda em relação a determinados processos e instituições que se tinham tornado prática odiosa e corrente. Basta lembrar o texto de João Paulo II: “Muitos motivos convergem, com frequência, na criação de premissas de intolerância, alimentando uma atmosfera passional, à qual só os grandes espíritos, verdadeiramente livres e cheios de Deus, conseguiram, de algum modo, subtrair-se. No entanto, a consideração das circunstâncias atenuantes não dispensa a Igreja do dever de lamentar, profundamente, as debilidades de tantos dos seus filhos que desfiguraram o seu rosto, impedindo-o de reflectir, plenamente, a imagem do seu Senhor crucificado, testemunha insuperável do amor paciente e manso. Destes traços dolorosos do passado, emerge uma lição para o futuro, que deve levar todo o cristão a ter em conta, o princípio de ouro proclamado pelo Concílio Vaticano II: A verdade só se impõe pela força dessa mesma verdade, que penetra nas almas, com suavidade e firmeza.”

sábado, 29 de setembro de 2018

Os melões e o BORDA D'ÁGUA


“Mão amiga” trouxe-me, um dia destes, O BORDA D’ÁGUA. Começo assim este texto por sugestão do amigo que se lembrou de mim para me oferecer ”O Verdadeiro Almanaque”, no 90.º ano da sua publicação.

Todos nós temos tiques e nem damos por eles. A oferta, com um certo sorriso “malandro”, como que a lembrar que é preciso ter cuidado com a Língua Portuguesa, nossa matriz de aprendizagem e comunicação, fez-me sorrir. E aqui fica a promessa de que não volto (se calhar…) a repetir a gracinha de “Mão amiga…”

Há dias, face às ervas daninhas que infestam o nosso quintal, eu garanti à Lita que uma solução seria ocupar um bom espaço com um meloal. Na minha lógica, quando os melões começassem a crescer, com a folhagem rastejante e invasora, não ficaria lugar  para as ervas daninhas. E quando é que hei de fazer a sementeira? A dúvida fez-me lembrar o BORDA D’ÁGUA que traz todas as informações sobre sementeiras, plantações e colheitas, entre muitas outras recomendações, pacientemente aperfeiçoadas ao longo de 90 anos. Tenho para mim que alguém terá ouvido as minhas incertezas.

Consultado o “O Verdadeiro Almanaque”, posso informar os meus leitores, mais dados à horticultura, que os melões podem ser semeados em Março. E hoje, como se pode comprovar, já aprendi alguma coisa. Resta-me esperar, com paciência, o dia certo, é que as luas também contam. Será que me não vou esquecer até lá?

Fernando Martins

Um poema de Aida Viegas para este tempo













TUDO PASSA

Tudo passa nesta vida
Nos caminhos e nos ventos
Nas correntes de água turva
Na mente nos pensamentos.
Passa a mágoa com o tempo
Passa a dor e passa a vida
Passa a paz e a alegria
Passa a noite, passa o dia.

Há passantes, há passado
Há o passo a procissão.
Uns seguem pelos caminhos
Outros param na ilusão.
Há quem esteja a ver passar
Há quem vá de escantilhão
Outros seguem arrastados
No meio da multidão.
Há passivos, pacientes
E quem vá só de empurrão
Os perdidos vão seguindo
Caminhos de escuridão.
Passam luas sem luar
Dias sem sol e sem luz
Há quem passe derreado
Carregando sua cruz.

Tudo passa
A fome, a guerra
Passa a banda, a procissão
Passa o ódio e o amor
Passa o luto e a paixão.
Passa o vento, passa o rio
O Outono e o Inverno.
Passa o calor, passa o frio
Só não passa o que é eterno.

Aida Viegas

 Nota Um poema para pensar neste domingo soalheiro com uma saudação à autora.

Três grandes feridas contemporâneas


Anselmo Borges

Devo este título e alguma inspiração para esta crónica a J. M. Rodríguez Olaizola, no seu livro Bailar con la Soledad, já aqui citado na semana passada. Quais são as três feridas?

1. A do amor. O que é que todos procuramos? A felicidade, e elemento constitutivo da felicidade é o amor, um amor sólido, estável e fiel. Mas isso hoje está como se sabe: na sociedade líquida, também o amor é líquido, para ir a Z. Bauman. Só para dar o exemplo do amor conjugal: Portugal é o país da Europa com mais divórcios, 70 por cento dos casamentos terminam em divórcio. Aí está G. Lipovetsky, em Da Leveza: "Publicidade, proliferação de formas de empregar o tempo livre, animações, jogos, modas: todo o nosso mundo quotidiano vibra com cantos à distracção, aos prazeres do corpo e dos sentidos, à ligeireza de viver. Com o culto do bem-estar, da diversão, da felicidade aqui e agora, triunfa um ideal de vida ligeiro, hedonista e lúdico." 

Então, a contradição é esta: num tempo de incerteza, do zapping, do provisório, do usar e deitar fora até nas relações humanas, o amor sólido e fiel, inabalável, deveria ser a pedra angular da vida, e é isso que se procura idealmente, mas, ao mesmo tempo, pretende-se viver numa união sem compromisso, na abertura ao consumo do "poliamor", numa liberdade à deriva, incapaz de sacrificar-se pelo que mais vale. E lá está outra vez Z. Bauman, em Amor Líquido: "Automóveis, computadores ou telefones celulares em bom estado e que funcionam relativamente bem vão engrossar o monte de resíduos, com pouco ou nenhum escrúpulo, no momento em que 'versões novas e melhoradas' aparecem no mercado. Há alguma razão para que as relações de casal sejam uma excepção à regra?" 

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