quinta-feira, 14 de junho de 2018

O rádio da minha doença



Na minha infância e juventude estive doente diversas vezes. Doenças que me obrigavam a tratamentos constantes, onde pontificavam as injeções. Durante alguns períodos, as injeções eram diárias. Mas o mais grave veio depois, em plena juventude, com os pulmões a obrigarem-me a ficar acamado, alternativa a seguir para o Caramulo. «Se fizer o que lhe mando, não será preciso ir para um sanatório, no Caramulo», disse o Dr. Ribau à minha mãe. E ela comprometeu-se. 
Mais de dois anos na cama, sem TV, que nem era sonhada, e sem rádio. Vingava-me na leitura, ajudado pelos meus amigos Ribaus, que me emprestavam os livros dos seus tios, já então falecidos, Dr. Josué Ribau e Padre Diamantino Ribau. Mas também do avô materno, Manuel Ribau Novo, lavrador e grande impulsionador e responsável pela construção da nossa igreja matriz. 
Quando o meu pai chegou da viagem,  passou pela porta do meu quarto. Não entrou e estranhei. A minha mãe apressou-se a informar-me que o meu pai estava a chorar por eu estar acamado. Dizia-se, assegurou-me ela mais tarde, que eu estaria condenado ao destino de tantos outros doentes pulmonares, que morreram na altura. 
Quando o meu pai chegou junto de mim já vinha a sorrir com os olhos vermelhos. E dias depois comprou este rádio para eu passar o tempo. Ficou instalado na mesa de cabeceira e só mais tarde é que ocupou o seu lugar definitivo na sala, ligado a uma antena amarrada no telhado de uns vizinhos amigos. Mas do rádio  falarei mais um pouco, um dia destes. 

Fernando Martins

Mundial de Futebol deve ser oportunidade de encontro e diálogo


«Começa hoje o Campeonato Mundial de Futebol, na Rússia. Até 15 de julho, 32 equipas disputam o título de campeão. O Papa Francisco espera que este grande evento desportivo seja oportunidade de “encontro” e “diálogo” entre nações, culturas e religiões.
"Que esta importante manifestação desportiva se possa tornar uma ocasião de encontro, de diálogo e de fraternidade entre culturas e religiões diferentes, favorecendo a solidariedade e a paz entre as nações", afirmou o Santo Padre, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, em Roma.
“Desejo enviar a minha cordial saudação aos jogadores e aos organizadores, bem como aos que vão seguir através dos meios de comunicação social este evento, que supera todas as fronteiras”, declarou Francisco.»

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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Festival de Folclore na Gafanha da Nazaré


XXXV Festival Nacional de Folclore
Gafanha da Nazaré
Jardim 31 de Agosto
7 de julho
21 horas

(Foto do meu arquivo)

No próximo dia 7 de julho, pelas 21 horas, vai realizar-se, no Jardim 31 de Agosto,  o XXXV Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré, com organização do Grupo Etnográfico da nossa terra. Como reza a tradição, os amantes do folclore e da etnografia marcarão presença para saborearem as danças e cantares, mas também os trajes regionais, dos grupos convidados para esta festa anual. 
Participam, para além do grupo anfitrião, o Grupo Folclórico de Coimbra, o Rancho Folclórico da Associação Desportiva do Mindelo — Vila do Conte, o Rancho Folclórico de Silvares — Guimarães e o Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Lanheses — Viana do Castelo. 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Solidão em plena Ria de Aveiro



À volta desta imagem, captada pela minha sensibilidade, podemos tecer as mais variadas considerações, porventura até contraditórias. Para mim, esta é a solidão em plena Ria de Aveiro, a laguna que nos envolve e encanta. 
O barquinho de cirandar pelas águas mansas para olhar a paisagem circundante, com casario a garantir a presença de populações laboriosas, não servirá para grandes aventuras, mas pode levar-nos a sonhar com umas voltinhas tranquilas ao ritmo das marés e dos nossos desejos. 
Boa semana para todos, agora que se anunciam, finalmente, temperaturas mais amenas e mais animadoras. 

Fernando Martins

Porto de Aveiro com ligação ferroviária a França

Porto de Aveiro
«A Comissão Europeia aprovou a inclusão da linha ferroviária galega entre A Corunha e Palencia no Corredor Atlântico que liga o Porto de Aveiro a Fran­ça, medida que aumentará a competitividade daquela região espanhola, anunciou o Eixo Atlântico. “A importância desta decisão reside não só na competitivida­de dos portos galegos, que podem fazer chegar as suas mercadorias a toda a Europa em tempos competitivos, mas tam­bém no impulso económi­co que levará ao interior da Galiza, região com grandes problemas demográficos pela falta de investimentos e do movimento económico”, refere em comunicado o organismo que congrega 38 municípios portugueses e galegos.»


domingo, 10 de junho de 2018

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas

Portugal é  um dos 10 países mais antigos do mundo



Sabia que Portugal fez em maio 839 anos? Pelo menos aos olhos da Igreja, pois não nos referimos ao Tratado de Zamora – existe outro documento que foi igualmente importante para a História do nosso país.
O manifestis probatum foi uma bula emitida pelo Papa Alexandre III a 23 de maio de 1179. Esta declarava o Condado Portucalense independente do Reino de Leão e D. Afonso Henriques o seu soberano.
Este documento veio assim reconhecer a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143, através do qual o rei de Leão reconheceu a independência do Condado, que passou a denominar-se Portugal.
No entanto, só 35 anos depois é que a Igreja Católica, através do Papa Alexandre III, reconheceu o reino de Portugal como território independente e D. Afonso Henriques como monarca. 
Hoje, Dia de Portugal, celebramos um dos países mais antigos do mundo - sim, Portugal é um dos 10 países que conquistaram a independência mais cedo. Veja abaixo a lista:


Japão - Unificação dá-se em 660 a.C.

China - Unificação dá-se em 221 a.C.

França - Independente desde 843

Inglaterra - Independente desde 927

Dinamarca - Independente desde 958

Áustria - Independente desde 976

Hungria - Independente desde 1000

Portugal - Independente desde 1139

Mongólia - Independente desde 1206

Tailândia - Independente desde 1238

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Sugestão do Google

Notas do meu Diário: A chuva na Primavera



Antes da aurora, a Lita disse-me que choveu toda a noite. Acreditei. Não ouvi nada porque sou meio surdo, um bem para dormir descansado. Um mal porque tenho de usar próteses auditivas. Aberta a janela, pouco depois, confirma-se a triste Primavera que nos coube na roda da vida. Como diz um conhecido cronista, nunca vi uma Primavera assim, mas decerto já passámos por outras semelhantes. Confiadamente, esperamos que o Verão corresponda ao que desejamos. Muito sol, quentinho quanto baste, mas não tão forte que possa estimular os incêndios. 
Por casa, joelhos quentes por manta que afugenta o frio, salamandra apagada porque a lenha se foi com o fumo pela chaminé, a leitura e a escrita são o meu refúgio. Sentado, com o portátil sobre os joelhos, dou uma volta ao imaginário em busca de futuros destinos. Mar à vista, mas a serra como experiência para novos olhares. 
Por perto, o Totti, o velho cão já centenário e agora muito dorminhoco, mal que se tem intensificado desde que a sua companheira, a Tita, deixou este mundo. De vez em quando, levanta a cabeça para saber quem está e volta a passar-se para o mar da tranquilidade que o sono oferece. 
“A vida no Campo”, de Joel Neto, é um livro tranquilizante. Um diário que se lê com muito gosto sem cansar. Joel Neto, que foi jornalista em Lisboa (ainda é cronista no DN), deixou tudo para voltar às suas origens: Ilha Terceira, lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã. Vive com a mulher e dois cães, em casa com jardim e horta. Na contracapa lê-se: «Rodeado de uma paisagem estonteante, das memórias da infância e de uma panóplia de vizinhos de modos simples e vocação filosófica, descobriu que, afinal, a vida pode mesmo ser mais serena, mais barata e mais livre. E, se calhar, mais inteligente.» 

Fernando Martins 

Nota: Joel Neto é autor de ARQUIPÉLAGO e MERIDIANO 28, duas obras que aguardam vez de leitura.