quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A sentença antes do julgamento



«Os arguidos não são acusados e os acusados não são culpados. Num dia como o de ontem em que ao final da manhã as redações foram inundadas com notícias de buscas, detenções e acusações existe o risco facilitista de julgar tudo pela mesma bitola.»

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NOTA: Penso que muitos caem facilmente no facilitismo de condenar seja quem for na praça pública, antes de qualquer julgamento. É um erro crasso. Direi mesmo que é um crime. Importa que a Justiça siga o seu caminho e no fim, quando a condenação ou absolvição surgirem, poderemos tecer os nossos comentários. Eu sigo esse caminho. Sobre Sócrates, por exemplo, estou à espera que os tribunais se pronunciem. Até lá, ele está inocente. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

PORTUGAL NÃO É UM PAÍS DE CORRUPTOS



Confesso que tenho andado espantado com as notícias que todos os dias nos chegam com denúncias de corrupções ou de eventuais corrupções. Não escapa ninguém, como se Portugal fosse um país sem norte, sem dignidade, sem gente honesta. Os agentes de investigação andam numa roda viva à cata de provas. Ministros, juízes, agentes desportivos, jogadores, advogados, padres, políticos, empresários, etc., etc., etc. E o mais estranho está no facto de os investigadores levarem à ilharga a comunicação social, que tudo relata ao pormenor, desde os passos dados até às gavetas, computadores, documentos, arquivos pessoais e nem sei que mais. Tudo à franca, aos olhos de todos. E daí as especulações, à medida de quem conta um conto acrescenta um ponto. 
De um dia para o outro, aqueles que vestiam a pele de gente séria passam a suspeitos de eventuais criminosos, de desonestos sem remissão, de corruptos descarados, de usurpadores de bens alheios, de pessoas repugnantes, de vigaristas irrecuperáveis. E não será assim; eu não quero crer que Portugal esteja cheio de homens e mulheres sem princípios, sem moral, sem regras de honestidade a toda a prova, sem vergonha. Não pode ser!
E tudo isto porquê? Porque os investigadores não agem discretamente, permitindo, por desleixo ou por inconfessadas razões, que a comunicação social os “acompanhe”, por artes mágicas ou outras artes, no negócio das notícias que podem manchar para o resto da vida gente séria. E se tudo for falso, se não for como se noticia? Quem lava a mancha execrável que caiu sobre os investigados?

Fernando Martins

EUGÉNIO DE ANDRADE - O SAL DA LÍNGUA


O SAL DA LÍNGUA

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém – mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar.
Para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

Eugénio de Andrade
In "O Sal da Língua"

O HOMEM È COLOSSAL E... MINÚSCULO


Diz Abbé Pierre,
para quem o quiser ouvir,
ainda hoje,
em o TESTAMENTO:

“O homem de hoje é colossal pela enormidade das responsabilidades que pesam sobre ele e minúsculo perante a imensidão das tarefas que em toda a parte o chamam. Mas não podemos, a pretexto de que nos é impossível fazer tudo num dia, não fazer coisa nenhuma! Conservemos no coração a impaciência de fazer. E a indignação na acção.”

domingo, 28 de janeiro de 2018

Andróides, professores de Teologia?

Frei Bento Domingues 


1. Hiroshi Ishiguro é um académico japonês, de 54 anos, professor da Universidade de Osaka, que desenvolve robôs inteligentes com aparência humana. Veio a Lisboa fazer uma conferência na Universidade Católica. João Pedro Pereira, do PÚBLICO, conversou com este criativo [1].
Hiroshi desejou ser pintor para entender a humanidade. Mudou-se para a área da robótica e da inteligência artificial. Ao verificar que a inteligência artificial precisava de um corpo apropriado, criou, nos últimos anos, vários andróides. Trabalha com diversas empresas no Japão para desenvolver múltiplas aplicações práticas. Toda a gente consegue interagir com robôs semelhantes a seres humanos. No ambiente de laboratório, a aparência e os movimentos dos andróides têm vindo a ser aperfeiçoados. A inteligência artificial torna-se cada vez mais sofisticada e permite que as máquinas possam ter conversas razoáveis com pessoas. Contudo, na construção de robôs que funcionam como humanos a consciência será, provavelmente, a última barreira.
Ishiguro acredita que um dia, não hoje, esta dificuldade será ultrapassada. Talvez demore duas ou três décadas. Julga que o que já pode dizer, com clareza, é que os investigadores, os neurocientistas e os cientistas de robótica estão muito interessados na consciência. Depois da inteligência artificial, a próxima meta é a consciência artificial.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Pedro Mexia: "Inflexibilidade" impede evangelização

Pedro Mexia afirma que «inflexibilidade» 
de alguns cristãos impede evangelização


«O escritor e crítico líterário Pedro Mexia disse hoje que dialogar com o mundo não significa ceder a modas ou a novidades e que a “inflexibilidade” apenas gera “auto-satisfação” e não evangeliza.
“É um péssimo ponto de partida. Não é um concurso de popularidade, nem (se trata de) embarcar em modas ou novidades. Trata-se de viver no mundo, tal como ele existe, com os comportamentos e ideias das pessoas e dialogar com isso”, afirmou o assessor cultural da presidência da República durante o encontro de referentes do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, que decorre hoje em Fátima.»


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CARNAVAL PARA ANIMAR A MALTA




Como manda a tradição, o Carnaval vai ser celebrado por todo o país, como, um pouco, por todo o mundo. No município de Ílhavo, não se foge à regra e não faltará quem ouse substituir a máscara de todos os dias, muito camuflada, por uma mais adequada à quadra. Digo “máscara” de todos os dias a brincar, não só por sempre ouvir dizer que tal é mesmo assim, quando muitos escondem as suas personalidades, em obediência ao politicamente correto, mas também por reconhecer que a vida precisa de ser vivida com alegria a transbordar. E nesses dias, é certo e sabida que não faltarão as críticas diretas e oportunas dirigidas, normalmente, às pessoas que, às vezes, brincam com coisas sérias na arte da governação, mas não só.
Pessoalmente, não me atraem esses festejos, por razões que nunca percebi, mas admiro quem tem a coragem de sair à rua mascarado e com ditos, em princípio educados, mas com muita graça. Oxalá o Carnaval nos ajude a pensar na vida, atirando para trás das costas o que tanto incomodou tanta gente.
Boas festas carnavalescas para todos, para os que gostam e para os que não gostam.