sexta-feira, 12 de maio de 2017

QUERO QUE ESTEJAIS ONDE EU ESTOU

Reflexão de Georgino Rocha
Busca o caminho

Jesus vive horas decisivas da sua missão. Acaba de fazer a ceia de despedida dos seus amigos e está prestes a entrar no processo da paixão. As circunstâncias são especiais e os momentos geradores de expectativas. Os discípulos sentem-se incomodados e perplexos. Não se imaginam sozinhos. Estão confusos. Não “engolem” o falhanço da aposta de terem deixado tudo e, agora, verem ruir os projectos tão intensamente alimentados. Acham estranho que Jesus lhes acene com novos horizontes. O realismo começa a pesar e o sonho a desfazer-se. A perturbação instala-se e o coração “chora”. E as perguntas surgem pela boca de Tomé e de Filipe, porta-vozes do grupo apostólico.
“Senhor, como podemos saber o caminho, se não sabemos para onde vais”?, adianta Tomé como reacção às declarações de Jesus. Pergunta coerente pois o “vaivém” de Jesus, o seu “até breve”, o vou partir, mas voltarei “para vos levar comigo”, na casa de meu Pai há muitas moradas, quero preparar-vos um lugar, “soariam” a estranhas e provocantes. E a afirmação conclusiva, ainda mais: “Vós conheceis o caminho para onde Eu vou”.
Este breve diálogo evidencia modos diferentes de compreender a novidade do projecto de Jesus. Tomé deixa perceber o seu lado humano, vitorioso face aos adversários, triunfante nos últimos confrontos. Finalmente, todos como no Jardim das Oliveiras cairão por terra. E será Jesus a dar-lhes ordem de se erguerem. Outra é a realidade: a denúncia de Judas, a prisão de Jesus e todo o processo da paixão que culmina na ressurreição, depois da morte. Tudo por amor de salvação. Tudo por decisão de consumar o caminho iniciado na Galileia. Tudo com determinação livre, firme e corajosa, expressa progressivamente nos passos dados rumo a Jerusalém.  
E nós, por que caminho avançamos na vida? “Quero que estejais onde eu estou”, continua a dizer-nos como outrora aos discípulos. O Papa Francisco, alerta-nos para as tentações de andarmos por atalhos individualistas, sem apreço pela comunidade nem pelo compromisso, para experiências subjetivas sem rosto, para o refúgio em zonas de bem-estar pessoal, indiferente e insensível a tudo o que acontece à sua volta. (Alegria do Evangelho, 90).
O caminho de Jesus é claro. Nele se encontra a verdade. Por ele se alcança a vida. Com ele se vai ao Pai. Há outros que brilham em tantas luzes de sedução; mas esgotam-se depressa e, quase sempre, deixam o coração vazio e insatisfeito. Ganham em intensidade o que perdem em fugacidade. De sede em sede, aspiram sempre mais, desejam a fonte que jorra água viva, sacia agora e tem em reserva um manancial para muitas outras ocasiões. É o próprio Jesus.
Santo Agostinho diz-nos num dos seus sermões: “Seguindo o caminho da sua humanidade, chegarás à Divindade. Ele te conduz a Ele mesmo. Não procures por onde ir fora Dele. Se Ele não tivesse querido ser caminho, sempre andaríamos extraviados. Ele se fez, pois, caminho, por onde ir. Portanto não te direi: Busca o caminho. O caminho mesmo é quem vem a ti. Levanta-te e anda! Anda com a conduta, não com os pés. Muitos andam bem com os pés e mal com a conduta. E inclusive os que andam bem, mas fora do caminho. Correm, mas não pelo caminho, e quanto mais andam, mais se extraviam, pois se afastam mais do caminho… Sem dúvida, é preferível ir pelo caminho, embora mancando, do que ir fora do caminho” (Sobre o evangelho de São João, XIII). Sim, Cristo é caminho estreito em comparação com os caminhos espaçosos do mundo. Porém estes últimos são atalhos sem saída. Pelo mesmo caminho veio e voltou, para nos mostrar-nos a direção da verdadeira rota.
“Quero que estejais onde eu estou”. É desejo apelo a que sigamos Jesus na sua doação ao Pai, no amor à Igreja e à comunidade a que pertencemos, no desempenho das funções e serviços que são indispensáveis à realização da missão, na promoção do bem comum das pessoas e da sociedade, na atenção aos sem voz nem vez. Ouvir e seguir Jesus, como os pastorinhos de Fátima, hoje santos da Igreja universal, que à pergunta da Senhora de branco: Quereis oferecer-vos a Deus? Respondem: sim, quero.
E o Papa Francisco deixa-nos este pedido familiar: “É nas vestes de Pastor universal que me apresento diante Dela, oferecendo-lhe um bouquet das mais lindas flores que Jesus confiou aos meus cuidados. Ou seja, os irmãos e irmãs do mundo inteiro, resgatados pelo seu sangue, sem excluir ninguém. Vedes? Preciso de vos ter comigo. Preciso da vossa união — física ou espiritual, importante é que seja do coração , para o meu bouquet de flores, a minha rosa de ouro, formando um só coração e uma só alma. Entregar-vos-ei todos a Nossa Senhora, pedindo-lhe para segredar a cada um: O meu imaculado coração será o teu refúgio, o caminho que te conduzirá até Deus”.

É preciso manter desperta a busca da verdade

Bento XVI, Tolentino Mendonça e Manoel Oliveira


Efeméride: Há sete anos, tive o privilégio de participar num encontro com o Papa Bento XVI no auditório principal do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. E neste dia, em que temos também a felicidade de ver e ouvir o Papa Francisco, ocorreu-me evocar esta efeméride da minha vida. Foi um momento inesquecível. Hoje, se Deus quiser, teremos outro momento que ficará, creio eu, num cantinho especial das nossas memórias.

Foi com grande emoção, contida com esforço, que ouvi hoje [12 de maio de 2010], ao vivo, o Santo Padre Bento XVI, no principal auditório do Centro Cultural de Belém (CCB).
Um silêncio profundo encheu a sala antes da entrada do Papa, e quando «o homem vestido de branco» assomou ao pano de fundo do palco, os aplausos explodiram de alegria.
Não era o filósofo apresentado nos mais recentes debates e escritos nem o teólogo proclamado ainda antes de se sentar na cadeira de Pedro. Não era o alemão frio e tímido que toca piano e se debruça sobre os clássicos. Não era o Papa fechado sobre si mesmo e que come à mesa sozinho. Não era o homem carismático continuamente comparado com o seu predecessor João Paulo II. Quem chegou afinal?
Chegou ao CCB o sucessor de Pedro, o que traiu o Mestre, mas a quem Jesus recomendou que nos confirmasse na fé; chegou o continuador da cadeia apostólica, que carrega aos ombros as certezas e dúvidas das comunidades católicas em caminhada de busca e de aprendizagem da vivência da compaixão e do perdão; chegou o pastor universal com a missão de guiar todos os homens e mulheres de boa vontade rumo a uma sociedade mais fraterna.

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O que eu penso sobre Fátima (3)

Crónica de Anselmo Borges no DN 



1 O sofrimento das pessoas tem de ser compreendido e respeitado. Perante o sofrimento, os calvários todos do mundo, eu inclino-me, porque me comovo profundamente.
Mas, depois, porque os crentes muitas vezes não foram informados sobre o verdadeiro Evangelho, notícia boa e felicitante da parte de Deus, concebem Deus à maneira de um tirano ou de um déspota, que precisa de sangue e submissão, fazem promessas e, concretamente em Fátima, vão pagá-las, de joelhos ou arrastando-se, sempre com aquela ideia de que talvez Deus se comova. Aqui, há uma pergunta simples: que pai ou mãe sadios, para darem pão e saúde aos filhos, precisam que eles se ajoelhem e se arrastem?
Fátima precisa, pois, de ser evangelizada. E a primeira evangelização é a evangelização de Deus, da imagem que fizemos dele. Jesus veio "evangelizar" Deus. Afinal, Deus é mesmo Pai e Mãe, e o seu único interesse consiste na alegria e na realização verdadeira e plena dos seus filhos. O único sacrifício que Deus quer é o que é exigido para lutar pela dignidade de todas as pessoas e pelos seus direitos.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Afinal, o Creoula vai continuar entre nós…



Depois da estadia do Creoula no Porto de Aveiro, à conta das festas da capital do distrito, entre 12 e 14 de maio, chega-nos agora a notícia de que, afinal, aquele navio vai continuar entre nós, concretamente, até 20 do mesmo mês, no cais bacalhoeiro, Gafanha da Nazaré, no âmbito das Comemorações do Dia da Marinha. Esta presença tem em conta, conforme comunicado da autarquia ilhavense, «a sua "tradição marinheira", associada desde o século XVI à pesca do bacalhau por muitos Capitães e pescadores nos mares frios da Gronelândia, bem como às excelentes relações que remontam às Comemorações do Dia da Marinha, em 2003, e à Regata dos Grandes Veleiros, em 2008», entre outros eventos. Esta é mais uma excelente notícia para as nossas gentes, em especial para as apaixonadas pelas nossas tradições marítimas.

Fonte: CMI; Foto da CMI

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Faleceu o meu amigo Leopoldo Oliveira


Pouco passava da meia-noite de hoje quando um filho me deu a notícia do falecimento do meu amigo Leopoldo Oliveira, com 90 anos de idade. De manhã, procurei informar-me da hora do funeral, mas deparei-me com notícia de que já tinha sido ontem, pelas 16 horas. Fiquei triste por não ter acompanhado a família na hora derradeira da sua partida  para o seio de Deus. Apresento, por esta forma, as minhas condolências aos filhos e demais familiares, com a certeza das minhas orações pela sua alma. Ele agora estará com a sua Maria e seu filho Paulo no regaço maternal do Senhor da Vida.

Leopoldo Oliveira era um amigo com quem gostava de conversar, sobretudo quando abordávamos temas do passado e da sua vida, desde muito novo, marcada pela diabetes. Posso garantir, sem medo de errar, que faleceu o mais idoso e antigo diabético da Gafanha da Nazaré, graças, certamente, ao cuidado que mantinha na hora da alimentação e da medicação com insulina.
Um dia, quando descobri que eu próprio também era diabético, tipo dois, foi com ele que aprendi muito do que devia fazer para viver tranquilamente. Pela minha insistência, com perguntas e mais perguntas, ele repreendeu-me docemente: — Não tenha medo, que eu considero-me uma pessoa saudável, apesar de ser diabético desde os 21 anos, e sou muito mais velho do que você. E fiquei então mais tranquilo. Aliás, um médico que bem o conhecia, disse-me, para me tranquilizar, que o Senhor Leopoldo era realmente o mais antigo paciente da diabetes, «com todos os órgãos afinados». Daí, a sua longevidade, que o levou a estar entre nós, fisicamente, até aos 90 anos. Espiritualmente, permanecerá na nossa memória. 
A última vez que o vi, no Lar Nossa Senhora da Nazaré, testemunhei a sua amizade. Ao dar-lhe um abraço, o amigo Leopoldo chorou. Depois, mais calmo, disse-me que estava a ser bem tratado, mas que ficara comovido quando me viu. Seriam saudades das nossas conversas ali na zona em que sempre viveu, perto da igreja matriz. 
Paz à sua alma.

Fernando Martins

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Concurso Aveiro Jovem Criador promovido pela autarquia


O Executivo Municipal deliberou aprovar o Regulamento do Concurso Aveiro Jovem Criador 2017, dando assim continuidade a uma importante iniciativa potenciadora da criatividade nas áreas artísticas, nomeadamente a Arte Digital, Escrita, Fotografia, Pintura e Música, sendo esta última uma nova área, que foi acrescentada em 2016. 
Um concurso deste género não pode deixar de projetar o Município de Aveiro a nível nacional e internacional, tanto mais que promove a criatividade e a participação ativa dos jovens, como se lê na informação da autarquia aveirense.
A participação dos jovens está subdividida em duas categorias, nomeadamente, 18/35 anos e 13/17. Haverá prémio monetário e, ainda, a oportunidade de frequentar uma Residência Artística Internacional ou Nacional, conforme a classe etária, informa a autarquia.

Fonte: CMA

NEGE — Novo Estrela da Gafanha da Encarnação


Inauguração do relvado sintético

Neste mês de maio, a rubrica “Associações” é dedicada ao NEGE – Novo Estrela da Gafanha da Encarnação, que comemora 40 anos de atividade. 
Remontam a 1976 os primeiros passos da equipa desportiva amadora “Sport Clube Estrela”, que desenvolvia a sua atividade na extremidade nascente da Rua de Entrecampos, onde treinava e recebia as equipas adversárias em jogos amigáveis. Com a afirmação da equipa, foram criadas as condições para que, em 1977, se constituísse a associação desportiva e cultural Novo Estrela da Gafanha da Encarnação (NEGE), com o propósito de fomentar o desenvolvimento da educação física e o desporto, promovendo a sua prática e expansão, especialmente entre os seus associados, proporcionando-lhes igualmente meios de cultura e distração. 
A primeira participação em competições oficiais da equipa sénior deu-se na época de 1979/1980 tendo ao longo dos anos somado diversos títulos ao seu palmarés desportivo, nomeadamente o de Campeão Distrital da 1.ª Divisão, a participação na Taça de Portugal e também na Divisão de Honra. 
Face aos sucessos alcançados, entendeu a Direção em funções na época 1984/1985 iniciar o escalão de formação Júnior para apoio à equipa Sénior. Posteriormente e como forma de promover a prática desportiva, foram criados os restantes escalões de formação. Atualmente o NEGE conta com os escalões de Petizes/Traquinas, Benjamins, Infantis, Juvenis, e Seniores, contando com 110 atletas inscritos na Associação de Futebol de Aveiro e no INATEL. 
Com a consolidação do desenvolvimento do clube, as diferentes Direções promoveram consecutivas obras de remodelação no parque desportivo, tendo estas culminado no ano de 2016 com a instalação de um relvado sintético promovida pela Câmara Municipal de Ílhavo, o que trouxe uma considerável melhoria das condições da prática desportiva, dando assim um novo impulso à missão que o NEGE desempenha há 40 anos ao serviço da comunidade em que se insere. 
No âmbito das Comemorações do Feriado Municipal de Ílhavo 2017, foi-lhe atribuída a Medalha do Concelho em Vermeil, pelos relevantes serviços prestados à comunidade, distinguindo assim espírito de iniciativa, a resiliência e perseverança das diferentes Direções do Clube ao longo de quatro décadas de existência.

Novo Estrela da Gafanha da Encarnação 
Rua da Saudade 
3830-479 Gafanha da Encarnação 
E-mail: nege@sapo.pt

Presidente 

Mário Figueiredo

Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI

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