sexta-feira, 8 de julho de 2016

VAI E FAZ O MESMO

Reflexão de Georgino Rocha


Esta exortação assertiva, clara e interpelante, surge na parábola do samaritano narrada por Jesus como resposta ao mestre de leis preocupado com o sentido da vida e com os meios a usar para alcançar a vida eterna; decorre, como consequência lógica e coerente, do amor a Deus e ao próximo, síntese de todos mandamentos, como bem acentua o jurista inquieto e desejoso de acertar na solução do futuro; comporta uma orientação fundada e constitui um guia seguro de atitudes e comportamentos para o relacionamento das pessoas em sociedade, sobretudo em situações de especial necessidade; destaca a importância da rede de cuidados e da cooperação entre os intervenientes; apresenta um dos traços mais fortes da identidade dos discípulos/cristãos e define a marca mais vigorosa do seu testemunho público.
Vai e faz o mesmo porque o amor de Deus envolve necessariamente aqueles que Deus ama, sem distinção de género ou de raça; percorre os seus caminhos de aproximação e serviço; reveste os seus sentimentos de ternura e misericórdia; faz-te voluntário e envolve-te em todas as causas dignas da condição humana; doa-te, por inteiro, com os teus bens, o teu tempo, as tuas capacidades de relação e influência.

Caprichos da natureza


Arte natural. Curvas e contracurvas. Horror ao linear. A natureza sem linhas direitas. Gaudí respeitou essa regra. A beleza está no torto. O que nasce torto tarde ou nunca se endireita. A vida  quer liberdade. Com a força da natureza não se brinca. O belo horroroso. O horroroso belo. A beleza também está nas curvas. Desafio: podem sugerir…

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Papa pede aos pobres para rezarem pelos culpados da pobreza


«Assim como Ele disse aquela bela palavra, “felizes”, aos pobres, aos esfomeados, àqueles que choram, àqueles que são odiados e perseguidos, disse uma outra, que dita por Ele faz medo. Disse: “ai de vós”. E disse-a aos ricos, aos sábios, àqueles que agora riem, àqueles que gostam de ser adulados, aos hipócritas. Dou-vos a missão de rezar por eles, para que o Senhor mude o seu coração.»

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A Nossa Gente: Leonardo Marques

Leonardo Marques
Neste mês de julho, em que a Câmara Municipal de Ílhavo promove a segunda edição do Marolas, uma iniciativa feita para e por jovens, dedicamos “a nossa gente” a Leonardo Marques. 
Natural de Ílhavo, Leonardo nasceu a 29 de setembro de 1995, revelando-se curioso desde muito cedo e com um feitio muito peculiar, como o próprio diz “muito próximo do dramático”. Estudou na Escola Primária da Légua e, mais tarde, frequentou a Escola Básica José Ferreira Pinto Basto, tendo tido sempre o seu horário preenchido com atividades extracurriculares, entre as quais natação, escutismo, ginástica e aulas de teatro. 
A paixão pela representação é intrínseca à sua personalidade: desde peças de teatro com apenas três anos, quando ainda frequentava o pré-escolar, ao clube de teatro no terceiro ciclo, aquando da sua entrada no GRAL - Grupo Recreativo Amigos da Légua, com a direção de Zé Mário Catão, e onde se divertiu a encarnar várias personagens, desta vez com a importância de ter um guião escrito. 
Tudo seguia um caminho normal, as suas boas notas pareciam antever um futuro certo, sem surpresas, mas o destino não o decidiu assim. No início de 2010 e, com apenas catorze anos, a sua vida mudou quando, depois do seu primeiro casting, foi escolhido para se juntar a um dos elencos mais acarinhados pelos jovens em Portugal. Nesse ano, Leonardo iniciava o seu grande sonho e os “Morangos com Açúcar” foram o primeiro tijolo na sua edificação. Mudou-se para Lisboa e começou a gravar a sua série preferida. Foram meses de grande alegria e, mesmo com uma agenda carregada, não sentia o cansaço, sendo mesmo distinguido como um dos melhores alunos do ano. Depois disto, seguiram-se dois telefilmes RTP e TVI. Iniciou um projeto de videoclips com David Carreira, finalizando-o com o concerto “Don’t stop the party”, no Coliseu dos Recreios. 

Festa do Crisma na Gafanha da Nazaré

A vida é para a gastarmos ao serviço dos outros




«Se alguém quiser ser como Jesus, ser seu discípulo, tem de tomar a sua cruz todos os dias para O seguir”. Assim falou o nosso Bispo, D. António Moiteiro, na parte final da homilia, na Eucaristia das 19h, dia 18 de junho,  onde ministrou o sacramento da Confirmação a 39 jovens e 11 adultos.
D. António sublinhou que «a vida é para ser dada, para ser oferecida, para a gastarmos ao serviço dos outros». E referindo-se ao Padre Danny Santos Rodrigues, com origens nas Gafanhas da Nazaré e Carmo, que no domingo seguinte celebraria a Missa Nova na nossa igreja matriz, o prelado aveirense disse que «também ele um dia sentiu que Jesus o chamou para ser seu discípulo». 
Aos jovens e adultos que iam ser crismados, D. António salientou que também «Jesus passou hoje por aqui e está no meio de vós» para perguntar a cada um se quer ser seu discípulo, pegando na cruz de cada dia para O seguir. E para concretizar, lembrou que a cruz pode ser a do estudo, da incompreensão dos amigos, das dificuldades do trabalho, da própria família. 
O Bispo de Aveiro formulou o desejo de que, «se Jesus passa por vós e diz vinde comigo, vós deveis fazer com que o Espírito que ides receber e que enche o vosso coração seja fonte de vida nova para trabalhar na paróquia, fonte de vida nova para vos comprometerdes no lugar onde vos encontrais, fonte de vida nova para serdes também agentes para transformar o mundo em que vivemos». 
D. António Moiteiro disse que o Crisma não pode ser apenas uma celebração, uma festa, devendo ser, sobretudo, «um compromisso de viver a nossa fé e a nossa vida cristã, como dom para os outros». «Ser discípulo implica sempre duas realidades: o anúncio do Evangelho e o testemunho da nossa vida que somos chamados a dar cada dia».

terça-feira, 5 de julho de 2016

S. Miguel: Gatos


Sesta nos penedos. Mãe e filhote. Mar à vista. Sem programa marcado ou desejado. Sós. Nós, os estranhos, perturbámos o seu sossego. Ergueram-se desconfiados. Que querem de nós? Deixem-nos em paz. Saímos apressados e a sesta porventura continuou.

Ribeira Grande vista por Raul Brandão e por mim

Matriz ao longe
«A estrada sobe, a estrada desce, e a vegetação é cada vez mais impetuosa e forte. Já ao longe reluz uma brancura — Ribeira Grande. O panorama alarga-se, mas as nuvens começam a forrar o céu e o cheiro da humidade a entrar-me pelas ventas. Todo este ar lavado e amplo se emborralha. O calor amolece. Mais um lanço de estrada que sobe, e tenho diante de mim a rica planície da Ribeira Grande, largo quadro de tons variados, desde o loiro do trigo até ao verde-escuro do milho. Ao fundo, a toda a largura do céu, uma nuvem recortada e imóvel, estendida como um toldo, deixa um feixe de sol iluminar o oceano, enquanto o campo se conserva envolto em claridade esbranquiçada e magnética até à linha cinzenta dos montes.»

Raul Brandão, 
1924, 4 de agosto

Matriz de outro ângulo. Árvore secular marca presença
Jardim anexo à ribeira
Outro aspeto da ribeira
As árvores com idade avançada
As nuvens, sempre as nuvens
Na ponte, os nossos interlocutores

Ao volante do seu carro, que chiava a cada curva apertada e roncava em cada subida íngreme, com montes teimosamente no horizonte e mar em múltiplas esquinas, o meu João Paulo não se cansava de nos indicar povoações, miradouros, culturas e gentes. Trigo e milho jamais. Casas bonitas, bem caiadas e asseadas, flores e verdura a ornamentarem a paisagem. Vacas aqui e ali. E nas aldeias, de ruas estreitas desafiando a perícia dos condutores, lá estavam monumentos singelos com evocações histórias.
As nuvens de Raul Brandão a forrarem o céu e a humidade abafada a envolverem-nos eram presença assídua e incomodativa. Depois o largo, a Ribeira Grande, a maior da ilha, segundo o testemunho de três ribeirenses que cavaquearam connosco na ponte. De conversa simpática. A Ribeira Grande afinal trazia pouca água. E explicaram. — Quando chove bem, a água escorre dos montes e o caudal cresce bastante e com força; depois vem a normalidade, mas nunca seca.
E continuaram: — As árvores enormes são como monumentos; ninguém as pode cortar; quando éramos meninos já cá estavam e gostamos muito de as ver sempre bem tratadas. 
Depois falaram da prisão que estava num lado do largo, numa espécie de torre quadrangular. E orgulharam-se das ruas ajardinadas e limpas, das casas pintadas sob fiscalização da Câmara, dos jardins com arte. E um acrescentou: — Um dia um morador abusou, pintando a sua casa com uma cor esquisita; a Câmara resolveu o problema; as leis são para ser cumpridas.

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