Reflexão de Georgino Rocha
que move o mundo»
Jesus está a viver os momentos imediatos à saída de Judas, após a ceia de despedida. Tinha-lhe dado o pedaço de pão da fraternidade que havia repartido pelos outros apóstolos. Vê-o abandonar o grupo para ir denunciá-lo e fazer a sua entrega: consumar a traição que, há tempos, amadurecia no coração. Pressente que se aproxima a parte final do seu processo persecutório. E cheio de emoção confiante, confidencia os segredos mais íntimos aos seus apóstolos, agora carinhosamente tratados como “meus filhos”.
Perante o fracasso iminente, Jesus declara ter chegado a hora da sua glorificação. A traição e o assassinato fazem brilhar a paixão de amor criativo que sempre o move na vida. O abandono e a cobardia não cortam os laços de amizade radical como evidencia quando Judas o identifica com o beijo no Jardim das Oliveiras. O seu amor é para sempre, incondicional, para todos. A desolação e o desabafo abrem espaço à manifestação da profunda comunhão com Deus Pai, à confiança filial que dá alento ao seu último suspiro, à exaltação que emerge da cruz ignominiosa.