sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O descanso do guerreiro

Crónica de Maria Donzília Almeida



«Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...Entendo assim a tarefa primeira do educador: Dar aos alunos a razão para viver»

Rubem Alves

Fui aluna quando era bom ser professor! Fui professora quando é bom ser aluno. Nesses remotos tempos, do Magister dixit…o professor cheio de direitos, contrapunha-se ao aluno cheio de deveres. Mudaram-se os papéis e, agora, o aluno está no centro das atenções.
Hoje em dia, os professores trabalham até à exaustão, sendo pouco reconhecidos socialmente. É das profissões com maior índice de burnout. 
A nossa profissão é um iceberg: uma parte visível, na escola, a lecionar e a fazer serviço burocrático; o trabalho de bastidores, que não se vê, em casa, mergulhado numa parafernália de papéis.
No início do ano, multiplicam-se reuniões, somam-se planificações, avaliações diagnósticas, preparação de dossiers, elaboração de grelhas, etc, etc

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A beleza antiga da nossa ria




Perdida nos meus arquivos, sem origem conhecida, encontrei há momentos esta imagem, autêntico retrato de uma época que se perde no tempo. Assim, de repente, não consigo identificar o local dos trabalhos, mas acredito na capacidade de alguns leitores do meu blogue para me ajudarem nesta tarefa. Fico a aguardar. 

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Postal Ilustrado — Salva-Vidas

O Instituto de Socorros a Náufragos 
precisa de ser mais conhecido 


Quem passa pelo Jardim Oudinot não pode deixar de apreciar, mesmo de fugida, uma embarcação que ficou na memória de muitos como o Salva-Vidas Almirante Afreixo. Não terá tido a eficiência que os novos meios de salvamento oferecem a quem, por razões variadíssimas, naufraga no mar ou na ria, mas cumpriu as suas obrigações como foi possível. As condições de há décadas evoluíram imenso e hoje as técnicas de salvamento estão devidamente modernizadas. Tudo na vida é assim.
Sou do tempo em que, perante qualquer naufrágio, uma embarcação como a da imagem teria muitas dificuldades em enfrentar o mar alteroso e socorrer quem se debatia numa tentativa desesperada de fugir à morte. Daí as críticas que na minha juventude tantas vezes ouvi, perante a incapacidade de salvar quem quer que fosse. Felizmente, nos dias de hoje é tudo muito diferente.
O Real Instituto de Socorros a Náufragos foi fundado, como instituição privada, por insistência da rainha Dona Amélia, em 21 de abril de 1892, ficando como presidente a sua fundadora, até à implantação da República. A partir de 5 de outubro passou a designar-se por Instituto de Socorros a Náufragos, com dependência e ligação à Marinha de Guerra. Era formado por voluntários, ao jeito de bombeiros.
Trata-se de um organismo com fins humanitários e exerce as suas funções em tempo de paz ou de guerra, assistindo igualmente qualquer indivíduo, independentemente da sua nacionalidade ou qualidade de amigo ou inimigo.
Presentemente, está equipado com os mais eficazes meios de salvamento, sendo notícia sempre que há desastres na ria ou no mar, como aconteceu, recentemente, quando se envolveu na busca de desaparecidos, eventualmente por afogamento. E, diga-se de passagem, tem outras e diversas competências, que uma busca no site da Capitania do Porto de Aveiro esclarece mais ao pormenor.

Fernando Martins

Fonte: Capitania do Porto de Aveiro

domingo, 31 de janeiro de 2016

Filinto Elysio com o povo das suas origens


"Filinto Elysio O Poeta Amargurado" 

Hoje, domingo, 31 de janeiro, no Centro Cultural de Ílhavo, Filinto Elysio encontrou-se com o povo das suas origens. Pelo que vi, o encontro foi de saudade, de justiça e de homenagem a uma personalidade grande da nossa literatura e do pensamento livre. Dele diz Almeida Garrett que «nenhum poeta, desde Camões, havia feito tantos serviços à Língua Portuguesa». Contudo, há muito que entre nós e no país havia caído no esquecimento.
Senos da Fonseca, inquietado com a situação de um filho da terra injustamente ignorado, pôs mãos à obra e trouxe até ao presente a vida de um poeta avançado para a época, em tempos da inquisição que não tolerava quem gostasse de pensar. E dessa inquietação, avançou para pesquisas a diversos níveis, leu decerto parte do muito que o poeta escreveu,  sentiu as amarguras que o abalaram em Paris, onde se exilou, e ofereceu-nos uma peça de teatro para deleite de quem gosta da Arte de Talma. 
Com encenação de José Júlio Fino, que muito bem trabalhou o Grupo de Teatro Ribalta da Vista Alegre, a peça foi à cena no Centro Cultural de Ílhavo, não faltando os aplausos dos povos de Ílhavo. E Filinto, de seu nome de batismo Francisco Manuel do Nascimento, filho de Manuel Simões, fragateiro, e da peixeira Maria Manuela, ambos de raízes ilhavenses, compreendeu, então, nesta tarde de um domingo aprazível, o porquê do seu amor à liberdade e da sua paixão pela poesia. 

Os meus aplausos vão, pois:

1. Para o Poeta Filinto que muitos havíamos esquecido e que, a partir de hoje, certamente, vai ser motivo de pesquisas e de leituras de muitos ilhavenses. 

2. Para Senos da Fonseca que levou a cabo uma tarefa porventura nunca sonhada por qualquer ilhavense. Tarefa que veio na sequência de outras, todas apoiadas nas suas e nossas raízes, que merecem sair do limbo do esquecimento.

3. Para o Grupo de Teatro Ribalta que teima em prosseguir, sem sinais de cansaço ou enfado, com a Arte de Talma, em nome da cultura de que todos bem precisamos. Aplaudo, igualmente, todos os artistas, técnicos e demais colaboradores, pelo empenho demonstrado no palco e fora dele. 

4. Para José Júlio Fino, um homem do teatro desde que o conheço, já lá vão bons anos, que soube levar à cena, com sensibilidade, arte e saber, o texto da lavra de Senos da Fonseca. 

5. Para os ílhavos que souberam apreciar e aplaudir um espetáculo feito por gente da terra, com carinho, justiça  e alegria. 

Fernando Martins

Visita de Estudo — Casa de Camilo

Crónica de Maria Donzília Almeida


 A vida foi verdadeiramente madrasta para Camilo

O sol acordou pálido e assim permaneceu ao longo do dia, tímido, escondido atrás de nuvens cinzentas.
Apesar das condições meteorológicas pouco risonhas, isso não demoveu o grupo da US de empreender a viagem rumo a terras minhotas.
No âmbito da disciplina de História e Jornalismo, o nosso formador organizou uma visita de estudo à Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide. Situada em Vila nova de Famalicão, fez-me evocar o triénio que lá vivi, entre 1979 e 1982. Gratas recordações, dum período áureo da minha vida, ali, em pleno coração do Minho, que tanto me fascina, pelas características de uma paisagem ímpar. Com a exuberância da sua vegetação, onde os regatos serpenteiam pelos campos verdes, a vinha de enforcado se ergue altaneira em esteios de pedra granítica, qualquer forasteiro se sente aconchegado nesta moldura natural.

A memória afectuosa de Deus

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

Frei Bento Domingues
«A verdadeira vida e a morte 
dependem dos afectos. 
Fora deles, há apenas estatística.»

1. A nós, os velhos, roubam-nos tudo: roubam-nos o passado e o futuro, a memória e a possibilidade de renovar o cartão de cidadão.
É breve e para poucos a sobrevivência na memória afectuosa dos familiares e amigos. Chegamos tarde em relação ao passado e demasiado cedo em relação às maravilhosas promessas da ciência e da técnica.
Por outro lado, a louca persistência das guerras e os absurdos que as provocam, impondo a lei de matar, ser morto ou fugir, geram cepticismo acerca da possibilidade global de humanização da história [1].
A verdadeira vida e a morte dependem dos afectos. Fora deles, há apenas estatística.
Os mais idosos vão sofrendo a desertificação das relações de familiares e amigos. Mário Brochado Coelho, a propósito da morte de Nuno Teotónio Pereira e do desaparecimento de outros companheiros, manifestou aos amigos, de modo comovente, que embora tudo seja natural, ficamos com o sentimento de uma grande orfandade.
Há outras pessoas que alimentam o desejo de um Deus de memória afectuosa, transfiguradora e universal, para si e para os outros, um coração que as acolha.

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