Reflexão de Georgino Rocha
«Faltando o vinho da festa na cultura,
desvanece-se a clareza dos critérios éticos»
A festa de um casamento em Caná da Galileia oferece a Jesus a oportunidade de iniciar a série de sinais da novidade da sua missão. Sete são apontados por João evangelista como especialmente significativos, mas confessa que há muitos outros. Todos e cada um manifestam à saciedade o seu amor de doação incondicional, a paixão constante da sua vida entregue por um mundo novo.
O autor da narração apresenta o que acontece na boda dos noivos e o grande simbolismo que encerra. Todos os elementos descritos apontam para um horizonte aberto, novo, diferente. De cada um se pode colher uma mensagem de grande alcance que nos toca profundamente: O espaço familiar e público, o ambiente de festa nupcial, a presença da Mãe de Jesus e a sua atenção discreta ao que acontecia, o diálogo com Jesus e com os serventes, as talhas vazias que são, de novo, cheias de água corrente, a silenciosa intervenção de Jesus que, desta água, realiza a maravilha do vinho novo, com mais qualidade do que o anterior, a encantadora admoestação do chefe da mesa ao noivo: “Tu guardaste o vinho bom até agora”. Os rituais da purificação perdem sentido. Abre-se o horizonte a uma realidade nova, a do vinho de Jesus servido na ceia de despedida, a eucaristia agora celebrada como seu memorial. “Fazei isto em memória de mim”.