sábado, 27 de junho de 2015

DEMOCRACIA NA IGREJA

Crónica de Anselmo Borges 

«O Papa Francisco 
é uma autoridade 
político-moral global, 
universalmente reconhecida»



1. Não há dúvida de que o Papa Francisco é uma autoridade político-moral global, universalmente reconhecida. Impôs-se ao mundo pela simplicidade, pela bondade, pela entrega generosa ao bem da humanidade, a começar pelos mais pobres. Exemplo para todos os que exercem o poder. Com bondade e inteligência.
Muitos, porém, perguntam-se, com razão, o que poderá suceder a seguir ao seu pontificado. Não vai haver tentativas de restauração, como se ele tivesse sido apenas um parêntesis? Depois de reconhecer que o problema não é o papa, mas o papado absoluto, que exige reforma, com democracia real, divisão de poderes, escreve o teólogo José Arregi: "A reforma radical democrática será uma condição não suficiente, mas indispensável, para que a Igreja seja espaço de liberdade e de tolerância, lar de humanidade. Chegará até aí o Papa Francisco? O tempo corre contra ele."

MINHA FILHA, A TUA FÉ TE SALVOU

Reflexão de Georgino Rocha


«Superior ao rigor do castigo
está o impulso da necessidade,
a certeza do amor»



Jesus está à beira mar. Chega Jairo, um dos chefes da sinagoga de Cafarnaum e pede-lhe para ir a sua casa. No caminho ocorre um encontro singular que Marcos realça com pormenor e beleza. Mc 5, 21-43.
Uma mulher, sem nome, deseja ser curada da doença de fluxo de sangue, pois anda cansada de sofrer e estás prestes a desanimar. Já havia gasto “todos os seus bens “ nas mãos dos médicos. Ouve falar de Jesus e sente-se atraída pela sua fama. Decide meter-se na multidão e, destemida, ir avançando até se aproximar dEle e lhe poder tocar no manto. Este gesto era punido pela lei judaica. Mas superior ao rigor do castigo está o impulso da necessidade, a certeza do amor, a força da confiança que pressentem a possibilidade da cura desejada. E, de facto, assim acontece! O diálogo que se segue é enternecedor e pode ser condensado na declaração de Jesus: “Minha filha, a tua fé te salvou”.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A VERDADE


"Nada pode mudar a verdade, só se pode buscá-la, 
reconhecê-la e segui-la"

São Maximiliano Kolbe (1894-1941)

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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Apresentação da recente encíclica do Papa

 Na igreja de S. Francisco, 
junto à Polícia Judiciária, 
dia 29 de junho, 
21.30 horas 
                                        

terça-feira, 23 de junho de 2015

Postal Ilustrado — Vitral na Residência Paroquial

 UM CONVITE À MEDITAÇÃO 

Vitral -  Foto de Gabriel Faneca

Qualquer pessoa, por mais simples ou erudita que seja, precisa de um espaço em sua casa, recatado, que convide à oração, se for crente, e à reflexão. E se a casa for residência de padres que exercem o seu múnus sacerdotal em vários setores, muito mais se torna necessário um recanto acolhedor que permita a meditação.
Este mês, para Postal Ilustrado, fomos visitar a capela da residência paroquial da Gafanha da Nazaré, onde vivem os padres Francisco Melo (pároco), César Fernandes e Pedro José, responsáveis pelas paróquias das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. O vitral que ornamenta a capela empresta tonalidades variegadas ao ambiente interior, qual convite à harmonia que gera partilha de sensibilidades, saberes e experiências.
Com projeto do artista plástico Manuel Ângelo Correia, o vitral suscita a quem chega um apelo às nossas raízes, desde o início da fixação do povo nas dunas até aos nossos dias. Nossa Senhora, padroeira das Gafanhas, com o Menino, o sol, a estrela e a cruz, o peixe e espigas, barcos e velas enfunadas pelo vento que sempre varreu terras e rostos. A vela  estai como proa de navio, enfrentando as ondas do mar quantas vezes bravio, protege Nossa Padroeira com o Menino, proteção essa que se estende à nossa paróquia.
Manuel Correia foi-nos debitando informações da proposta do nosso prior, que sugeriu para tema os símbolos da paróquia, até à execução do seu projeto, trabalho a cargo do artista Arnaldo Fraga, de Viseu, que fez obra digna de registo, seguindo técnicas ancestrais. Os vidros coloridos, que não pintados, são protegidos por outros vidros, o anterior e o posterior, tudo bem enquadrado por tiras de liga de chumbo soldadas.
O vitral, que se deixa invadir pelo sol desde o seu nascimento até ao ocaso, fornece ao interior matizes acolhedores, conforme as horas do dia e a intensidade da luz natural. E ainda de noite, qualquer foco luminoso ou o simples luar filtrados valorizam o convite ao silêncio e à oração.

Fernando Martins

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Se eu quiser falar com Deus



Se eu quiser falar com Deus
tenho que ficar a sós,
tenho que apagar a luz,...
tenho que calar a voz...
Tenho que ter as mãos vazias,
ter a alma e o corpo nus...
Tenho que me aventurar,
tenho que subir aos céus.
Sem cordas p'ra segurar
tenho que dizer adeus,
dar as costas caminhar
decidido, pela estrada
que ao findar vai dar em nada
do que eu pensava encontrar.

Gilberto Gil


Nota: Por gentileza do Gaspar Albino, que manifestou desejos de ver voar este poema.

Notas sobre a encíclica do Papa Francisco

"Laudato si'": 
Os grandes temas da "encíclica verde" 
do papa Francisco

Criação das águas e dos peixes (mosaico, det.) | Mark Ivan Rupnik |
 Sacristia-mor da catedral de Santa Maria Real de Almudena, Espanha | 
Detalhe da capa da encíclica "Laudato si'" publicada pela Paulinas Editora | D.R.

A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo

O papa fala da «pobreza da água pública», que se verifica «especialmente na África». Perante a «tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado», recorda que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal»


A solução não passa pela «redução da natalidade», que se quer atingir inclusive com «pressões internacionais sobre países em vias de desemvolvimento». Existe, acrescenta, uma verdadeira «dívida ecológica» entre Norte e Sul



«Os poderes económicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predomina uma especulação e uma busca de receitas financeiras»; hoje, «qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta»

Francisco convida a considerar o ensinamento bíblico sobre a criação, recordando que «a ciência e a religião, que fornecem diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas»

É evidente a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano de que não gosta

Nalguns círculos, defende-se que a economia atual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais», do mesmo modo que se afirma que «os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado»

A cultura ecológica «deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático»



O documento não esquece o problema dos transportes e a poluição causada pelos automóveis nas cidades, assim como a prioridade que deve ser dada aos transportes públicos, que todavia devem ser melhorados, dado que em muitas cidades assiste-se a um «tratamento indigno das pessoas


Os progressos sobre as alterações climáticas e a redução dos gases com efeito de estufa «são, infelizmente, muito escassos», também «por causa das posições dos países que privilegiam os seus interesses nacionais sobre o bem comum global»


A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura

A espiritualidade cristã «encoraja um «estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda alegria sem estar obcecado pelo consumo». E «propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco»

NOTA: Destaques selecionados pelo SNPC, como pode confirmar aqui

Ler encíclica do Papa Francisco aqui

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