segunda-feira, 15 de junho de 2015

Recordando um passeio — Arganil em 2005

Arganil: Consultório de Adolfo Rocha

No Hospital de Arganil procurámos o “Consultório” do Dr. Adolfo Rocha. Não foi difícil. Já sabíamos que ele estava lá, mas não sabíamos em que espaço. À nossa pergunta, uma transeunte respondeu logo: "No portão de ferro, lateral, logo à entrada, lá encontra o “Consultório” de Miguel Torga." E assim foi. Quem conhece a obra de Miguel Torga, sabe que ele trabalhou em Arganil alguns anos e que sempre ficou indelevelmente ligado à terra e suas gentes. A foto mostra o possível e na base, em placa explicativa, pode ler-se: “Material doado pelo Doutor Adolfo Rocha (Miguel Torga) ao Hospital de Arganil, onde trabalhou muitos anos.”

Julho de 2005

 E agora, um poema 



CONQUISTA

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua! 

Miguel Torga

In "Cântico do Homem"

NOTA: Quando me não apetece escrever, lanço o desafio às minhas memórias. Hoje, sem saber porquê, fui até Arganil, em julho de 2005.

Dádiva preciosa

"O ensino deve ser de modo a fazer sentir aos alunos 
que aquilo que se lhes ensina é uma dádiva preciosa 
e não uma amarga obrigação"

Albert Einstein (1879-1955)


domingo, 14 de junho de 2015

Novos olhares sobre o casamento

Crónica de Frei Bento Domingues
no PÚBLICO

«Nota-se pouca atenção aos seus modelos culturais e religiosos, 
no passado e no presente. Mesmo no âmbito da tradição cristã, 
podem observar-se diversos paradigmas.»
Frei Bento Domingues

1. Quem decide casar, seja pelo civil seja pela Igreja, é obrigado a marcar uma data. É por isso que existe um antes de casados e um depois de casados. Banalidade das banalidades. As instituições têm normas. Mas esta evidência jurídica não deve esconder as misteriosas dimensões humanas e cristãs de laços que se desenvolvem no tempo e que nenhum tempo explica.
O casamento é um processo infinitamente mais complexo do que o processo civil e religioso. Para não morrer, tem de ir crescendo sempre nos noivos e no casal. Aquilo a que normalmente se chama o casamento é apenas a Festa de uma realidade que só pode ser bem conjugada no gerúndio. As pessoas que se acolhem como casal serão lúcidas se perceberem que ganham em ir casando cada vez mais, nas diferentes etapas da vida, preparando-se, nos dias calmos, para o imprevisível.

sábado, 13 de junho de 2015

Fogo do Amor


«Por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor. 
Se não derreter é porque o fogo não é bastante forte»

 Mohandas Karamchand Gandhi 
(1869-1948) 

A Igreja com que Francisco sonha

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Papa Francisco

Como Francisco de Assis, o que o Papa Francisco encontrou foi uma Igreja em ruínas. Daí, o seu empenho, sem hesitações, na sua transformação e conversão.
O teólogo Agenor Brighenti acaba de apresentar preocupações e modelos fundamentais, em ordem a uma mudança radical, citando Francisco.

1. "De uma Igreja autorreferencial a uma Igreja nas periferias". É essencial pôr termo a uma Igreja autocentrada e, por isso, da exclusão, para passar a uma Igreja que acolhe os que se encontram marginalizados nas periferias: os considerados perdidos, os que pensam de outro modo, longe das certezas eclesiásticas, os das periferias da dor, das injustiças, da miséria, os pobres e analfabetos, os sem--abrigo, os presos, os drogados, os homossexuais, as famílias monoparentais, os recasados que não podem comungar, os padres casados, e tantos tantos outros...

IGREJA: RESTO OU RESÍDUO?

Reflexão de Georgino Rocha 


«Queremos ser uma Igreja “resto” de fiéis 
ou um “resíduo de tradições religiosas 
progressivamente insignificantes?»

Um homem lança a semente à terra, um grão de mostarda é colocado na horta. Mc 4, 26-34. Neste cenário tão simples, Jesus dá a conhecer o “mistério” do reino: a sua presença discreta, a energia fecunda da sua seiva, a tendência universal do seu crescimento, a certeza inabalável da sua realização em benefício do ser humano chamado a adoptar, livremente, a atitude responsável mais congruente. Que contraste com a forma tradicional de apresentar o reino de Deus! Que impacto não começa a provocar na gente ilustrada e curiosa que acorria a ouvir Jesus para examinar a sua ortodoxia!
As árvores frondosas e robustas cedem lugar a simples grãos de semente. O messias “arrasador” surge como um humilde semeador de hortas e campos, amigo de excluídos sociais pelos líderes políticos e religiosos. As técnicas vitoriosas não têm a ver com a manipulação indiscriminada das sementes nem com o controle hegemónico do sistema alimentar ou a quantidade numérica da produção; tem a ver sobretudo com a proximidade, o cuidado, o serviço e a confiança. Os frutos apetecidos manifestam-se no acolhimento aberto a todos, na fecundidade generosa, na aceitação humilde das leis do crescimento, na qualidade do relacionamento.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Alegria de viver

Crónica de Maria Donzília Almeida



“La joi de vivre est un produit de beauté!”

(A alegria de viver é um produto de beleza!)

A frase saltou-me à vista, quando peguei no saco para depositar os produtos de cosmética que adquirira ali na Body Shop. Tirei-o da carteira pois prescindi da embalagem, vendida pela loja. Está ali sempre à mão, para uma potencial necessidade, a lembrar-me uma mensagem tão preciosa. 
E, já que a beleza é um tema tão caro à mulher moderna…e ao homem da atualidade, que se preza, resolvi discorrer sobre este particular produto de cosmética, ao alcance de todas as bolsas. 
Confrange-me o aspeto crispado de tantos rostos com me cruzo no meu labor diário, que mais parecem carregar a dívida conjunta de Portugal e da Grécia! Como não tenho pretensões de endireitar o mundo, partilho apenas a minha quota parte com dez milhões de portugueses.