Crónica de Maria Donzília Almeida
ANGE |
Foi ali, na marina da ANGE (Associação Náutica da Gafanha da Encarnação), que nos encontrámos. Estava eu a tomar um drink com uma amiga, numa pausa do trabalho.
Lugar acolhedor de encontros, desencontros e também de reencontros. Com a mansidão da ria a estender-se à nossa frente, de braço dado com a Mota, é o ex-libris da nossa pitoresca vila. A zona da Mota foi outrora ancoradouro de moliceiros, designados de “barcas” que movidas a energia eólica faziam o transporte destas gentes para a Costa Nova. A ponte da Barra no prolongamento da A25, aberta ao público em 1975, no fervor da revolução de abril, veio dar um novo incremento a esta zona ribeirinha.
No meu imaginário feminino, estamos na zona, por mim batizada de Marina/Mota!
Foi neste cenário de paz, emoldurado pela ria e pintado pelo colorido dos patinhos que se abeiraram de nós na procura do pãozinho para o bico, que fui surpreendida por aquela visita.
Foi introduzida por um barman que ali trabalha, nosso ex-aluno, que inquiriu se eu ainda reconhecia aquela elegante jovem. Aí, recuei no tempo e trouxe, à tona da memória, a figura cândida de uma antiga aluna. Era uma menina bonita, duma serenidade que deixava transparecer já, uma maturidade anacrónica.