Uma obra com histórias pitorescas e picarescas
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| Capitão Valdemar, ao centro, com amigos |
Valdemar Aveiro lançou hoje, 20 de dezembro, no anfiteatro
do Museu Marítimo de Ílhavo, o seu mais recente livro, “Ecos do Grande Norte — Recordações
da Pesca do Bacalhau”, que foi «um filho tardio», porque «julgava já não ter
disposição de espírito para escrever». O autor, que ontem completou 80 anos de
vida, afirmou tratar-se de um trabalho que teve «seis meses de gestação», o que
prova à evidência a sua capacidade de trabalho, alimentada por excelente
memória e vontade de comunicar vivências dos ílhavos «num deserto de água
salgada».
O capitão Valdemar, como é mais conhecido, viveu 65 anos
ligados ao mar, entre moço e oficial, mas ainda como membro da Administração da
Empresa de Pescas S. Jacinto.
Ao encerar a sessão do lançamento do seu livro, criticou as
contrapartidas da UE que levaram «ao desmantelamento da nossa frota».
«Deram-nos dinheiros para não produzirmos», afiançou.
Evocou épocas em que Ílhavo pontificava na oficialidade dos
navios, para além dos contramestres, cozinheiros e motoristas, que também eram
ilhavenses. Nessas alturas, Ílhavo era uma terra de «passagem de modelos» nas
ruas, pela forma como as mulheres se arranjavam. «Muitos
estrangeiros ficavam por cá atraídos pelas sereias», frisou. Mas presentemente,
Ílhavo «é uma terra descaracterizada», disse.